“The Division” é um jogo que mesmo antes do seu lançamento já estava cercado por uma boa dose de polêmica, muito por conta de um gameplay exibido na E3 de 2013, que demonstrava um gráfico surpreendente gerando uma enorme expectativa para vermos o jogo final.
Essa expectativa teve fim no dia 08 de março desse ano e o que pude ver foi um trabalho muito competente e promissor executado pela desenvolvedora. Claro que sempre vai haver uma pessoa que vai criticar o jogo por conta do gráfico que não se apresenta como aquele gameplay de 2013, mas os pontos acertados do jogo creio que compensam essa frustração e vai gerar boas horas de diversão. Sem enrolar mais, vamos para uma analise um pouco mais detalhada.
Gráfico
O ponto mais polêmico desse game com certeza é o gráfico, conforme já dito foi apresentado um downgrade em relação a 2013, mas eu acredito que o que foi entregue não decepciona. Todos os ambientes do game são repletos de detalhes e elementos espalhados, que por sinal são muito bem renderizados. A iluminação utilizada no game foi muito bem desenvolvida e sinceramente só havia visto algo desse tipo em “Driveclub”.
Essa questão da iluminação é um caso a parte quando o assunto são os gráficos do jogo. Ela é capaz de mudar a visibilidade, o que acaba influenciando no seu gameplay. Muitas vezes você está contra o sol e fica praticamente impossível de enxergar, o que te força a trocar de posição para que possa ter uma visão melhor ou mesmo durante a noite, onde procuramos locais mais escuros para aproveitar melhor sua cobertura.
Outra coisa muito legal que merece ser comentada é a alteração do clima. “The Division” se passa no inverno americano e isso pode ser claramente notado duração suas jogatinas. Você por diversas vezes irá se deparar com neve caindo em várias intensidades, de simples flocos de neve até uma nevasca que reduz a sua visibilidade a poucos metros e isso tudo de forma dinâmica e suave.
Missões
A história do game se desenvolve de duas maneiras, uma linha principal e uma secundária. A linha principal apresenta os dados mais relevantes da história e nela você será capaz de descobrir fatos importantes, como por exemplo: o que é o tal vírus, quem é o responsável por ele, quem está pesquisando uma cura e assim por diante. A linha secundária irá contar um pouco mais sobre a história de alguns personagens, sendo responsável por nos apresentar maneiras de melhorar a estrutura da cidade, como água, luz, etc.
A duas histórias se desenvolvem enquanto você avança em missões de cada linha, sendo que as secundárias irão aparecendo a medida que você libera os esconderijos no jogo e nesse quesito é que está um dos pontos que muita gente tem reclamado, a exaustiva repetição.
Basicamente as missões secundárias sempre se apresentam iguais, com os mesmos objetivos só alterando o nível delas à medida que você avança no game, o que pode acabar tornando a jogatina muito repetitiva e cansativa.
Pra piorar o nível de repetição no game, existem algumas missões “especiais” chamadas de encontros, são missões onde você ira conseguir pontos que podem ser utilizados para desenvolver as habilidades de seu personagem. Porém essa evolução é de certa forma lenta e cansativa, já que é necessário repetir esse tipo de missão por diversas vezes caso você queira desenvolver tudo o que é possível.
Jogabilidade
“The Division” possui uma jogabilidade em terceira pessoa e faz isso de maneira competente, não deixando a desejar quando comparado a outros jogos do mesmo estilo como “The Last of Us”, “Uncharted” ou “Gears of War”.
Seu sistema de cobertura (Cover) é extremamente simples, mas ao mesmo tempo muito eficiente e corrigiu um problema que eu sentia em outros jogos que citei, a dificuldade de se locomover entre diferentes pontos durante a cobertura ou até mesmo de contornar um objeto como um carro ou uma mesa. Aqui basta um toque na direção que se deseja ir e pronto, sua posição é facilmente trocada.
Um ponto que incomoda, mas que não chega a ser um problema é a questão da locomoção. O jogo possui um mapa extenso e mesmo com um sistema de viagens rápidas para alguns pontos do mapa. percorrer distancias de 400 metros pode ser cansativo e maçante.
Multiplayer
Jogar com os amigos em “The Division” pode ser feito através de dois modos, o primeiro é através da colaboração nas missões no modo PvE (player versus enemy), onde você pode solicitar a ajuda de seus amigos para completar aquelas missões que descrevi anteriormente. A segunda é montar um grupo e partir para a DarkZone, onde pode ocorrer também os embates PvP (player versus player).
O modo PvE pode ser uma maneira de suavizar e facilitar o progresso na história do jogo e com isso fazer a coisa mais divertida tornando menos enjoativa as inúmeras repetições, mas o modo PvP é o grande barato de se jogar Multiplayer nesse game.
A DarkZone é o local onde você pode entrar em confronto com outros players e o sistema criado para isso é muito divertido. Geralmente em outros jogos quando você entra em uma partida Multiplayer o objetivo principal é eliminar os outros jogadores, já aqui, isso é uma questão opcional, tornando as coisas muito mais interessantes.
O embate só acontece se alguém se tornar um traidor, ou seja, caso alguém decida matar outro agente da Division você poderá tentar conseguir justiça eliminando esse traidor, ou você pode resolver se rebelar e se tornar o traidor. A tensão se potencializa durante as extrações de itens quando sempre há aquela dúvida: Vou ser atacado ou não?
Localização
O processo de localização do game para o português é um ponto que merece muito destaque. Só escorregando na tradução do termo DarkZone que eu acredito que poderia ter sido mantido em inglês ou pelo menos ter tido uma tradução um pouco melhor do que Zona Cega.
Com relação à dublagem, houve um trabalho de qualidade e bastante convincente. Em diversos momentos é possível reconhecer vozes “famosas” de filmes e seriados. A Ubisoft tem feito trabalhos de qualidade nesse quesito e aqui não foi diferente.
Bugs
Como todo lançamento, “The Division” apresentou alguns bugs durante as pouco mais de 48 horas que o joguei. Alguns deles influenciam e muito na sua jogatina. O primeiro problema desse tipo foi encontrado durante uma missão em que um corredor de acesso não tinha chão e toda vez que tentava passar eu caia infinitamente no mapa.
Outro problema que surgiu era um erro que não permitia a continuidade da missão, ao acessar um elevador suas portas não se abriam, mesmo tendo carregado a outra área, deixando assim todo o grupo preso ali e nos obrigando a reiniciar.
Pra fechar existem dois bugs que frequentemente ocorreram comigo. O primeiro acontece ao efetuar o recarregamento de uma arma, que, após a troca do pente, a arma simplesmente trava, impossibilitando assim qualquer disparo. Isso foi resolvido trocando a arma e retornando para a travada, desaparecendo o bug. O segundo parece ser mais um erro de delay de conexão do que um bug, fazendo com que os agentes de sua equipe fiquem com o tronco virados para trás e atirando para baixo, uma coisa bastante bizarra e fisicamente impossível (mas divertida em alguns momentos).
Avaliação
“The Division” é um jogo que tem muito potencial de crescimento com suas expansões (que inclusive já foram anunciadas) e que, se jogado em grupo tem tudo para divertir por várias horas.
A repetição pode ser um fator que atrapalhe alguns jogadores e torne a experiência um pouco cansativa e enjoativa. Se seu foco é o Multiplayer o jogo possui um apelo de diversão e um modo diferenciado que garante, com certeza, a diversão e tensão suficientes para você experimentá-lo.
Os erros até aqui encontrados, com certeza serão corrigidos em atualizações futuras o que não deve vir a comprometer mais a jogatina e garantir que tudo flua sem problemas.
Analisando de uma forma geral eu gostei do que vi e joguei. Ainda tenho muitas expectativas do que pode vir, me diverti bastante jogando PvE e mais ainda com a tensão das extrações e dos combates em PvP, só não irei qualificá-lo com a nota máxima devido a falta de opções nas missões secundárias e nos encontros e por isso fecho essa análise com a nota Ouro.