Confira nossa análise de ReCore

ReCore foi anunciado durante a E3 de 2015 e chamou a atenção pela participação de Keiji Inafune, criador de Mega Man e Mighty No. 9, e um dos criadores de Metroid Prime. Pelo staff que estava envolvido no jogo é óbvio que seu hype estava garantido, mas será que valeu a pena toda a expectativa? Vamos falar sobre isso a seguir…

História

ReCore é um jogo que conta a história de Joule Adams, uma engenheira de uma equipe que tinha como missão participar da estruturação de um novo planeta para que a humanidade pudesse viver após a Terra ser devastada, mas quando ela acordou de seu sono criogênico tudo está deserto e aparentemente abandonado no novo planeta.

Para auxiliar as equipes que trabalhariam nessa estruturação o cientista Thomas Adams (pai de Joule) criou diversos robôs com diferentes personalidades. Cada personalidade é representada por uma cor (azul, amarela e vermelha) e esse é um fator que influencia bastante no gameplay, já que a arma de Joule possui a habilidade de disparar tiros das três cores, sendo que se você casar a cor do disparo com a cor do inimigo o dano é aumentado.

A história se desenrola com a premissa de que Joule precisa entender o que está se passando com os robôs e ao mesmo tempo restaurar o processo de estruturação do planeta para que os demais seres humanos, que se encontram em sono criogênico em naves na orbita do novo planeta, possam ter um lugar onde viver.

Jogabilidade

A primeira impressão que tive logo nos primeiros contatos com o jogo é que a mecânica havia sido tirada de outro jogo recente, Ratchet and Clank, até mesmo o efeito sonoro dos saltos achei que eram os mesmos.

Porém com o desenrolar do jogo foi apresentado um sistema bastante interessante. Pra começar ReCore possui um sistema de evolução baseado em RPG e que pode ser explorado de duas maneiras.

Basicamente o sistema de evolução se baseia na utilização de dois itens, peças de hardware e núcleos, e cabe a você fazer uma escolha e balancear a coleta desses dois, sendo que eles podem ser conseguidos ao eliminar inimigos só diferenciando a maneira como você faz isso. As peças de hardware podem ser utilizadas para a criação de novos equipamentos para seus robôs enquanto os núcleos retirados dos inimigos permite que você evolua o núcleo de seus robôs.

Caso você escolha por simplesmente matar os inimigos (zerando sua energia) eles irão ser destruídos ao final do combate se transformando em peças de hardware que você poderá usar para criar novas peças para seus robôs, caso queira coletar os núcleos você simplesmente enfraquece seus inimigos e usa a opção de remover o núcleo, o que faz com que eles sejam eliminados, mas não lhe concede as peças de hardware.

Sendo assim você claramente tem que ter sempre o conhecimento de como anda seu estoque dos dois itens para que possa balancear suas coletas de forma que não lhe falte nem um dos dois quando forem necessários.

Outro ponto que evidencia a pegada RPG de ReCore está na escolha dos dois robôs que irão te acompanhar durante a jornada. No game são três os modelos disponíveis durante a jogatina, sendo que cada um representa uma das cores descritas acima e possui habilidades únicas que podem ser necessárias para acessar um determinado local ou sala. Não será difícil você encontrar momentos em que precise da habilidade de um dos robôs que não está no grupo e tenha que retornar a base para buscar aquele que está ausente.

ReCore tem alguns problemas na jogabilidade que me incomodaram bastante durante minha experiência no game.

O primeiro deles está no fator repetição, aqui os desenvolvedores não se preocuparam em criar mecânicas diferentes para um mesmo objetivo, como abrir uma porta, por exemplo. Sempre que você se deparar com uma porta “trancada” terá que sair pelo mapa procurando por robôs que no jogo são conhecidos como bot de células que tem o trabalho de energizar conectores que destravam a porta. Nessa mecânica a única variação que existe é na quantidade de bots necessários para cada porta, algumas necessitam de 4, outras 6 e assim vai.

Em segundo lugar, senti falta no game e que tem sido coisa comum em jogos de mapas abertos é uma opção que te permita marcar um local no mapa e te indique, de alguma forma, na tela a direção que deve seguir para se chegar naquele local marcado. Como um GPS nos games de carro, por exemplo. Isso facilitaria bastante nos momentos que você está atrás de itens distribuídos pelo mapa.

Outro fator que me causou estranheza e confesso que até me desanimou um pouco de continuar com o game foi a obrigação que o jogo te impõe de fazer as missões secundárias (que são bastante chatas e desinteressantes). Para você entender do que estou falando vou precisar explicar a mecânica de progressão da história de ReCore.

O game possui diversas áreas onde você precisa ir cumprir algum tipo de objetivo para que possa ir conhecendo a historia e progredindo, até ai nenhuma novidade. O acesso a essas áreas é restringido por um pré-requisito, a quantidade de núcleos prismáticos que você possui. Esses núcleos são diferentes dos núcleos que comumente você retira dos inimigos encontrados corriqueiramente e só podem ser encontrados em inimigos e/ou locais especiais. Nesse momento que a coisa desanda, alguns desses núcleos só podem ser pegos nas missões secundárias e chega uma hora que você simplesmente não consegue progredir no jogo se não for atrás deles e posso te garantir que você irá gastar um bom tempo para conseguir, o que irá ocasionar em missões repetitivas e enjoativas que envolvem matar hordas de inimigos ou fazer um circuito de saltos em plataformas dentro de um tempo predeterminado.

Por último, mas não menos importante, estão os problemas com os loadings do game que são EXTREMAMENTE demorados e cansativos. Durante minha experiência no jogo os loads começaram a incomodar tanto que tomei a iniciativa de jogar com o caderno e um cronometro por perto e sempre marcava o tempo que o mesmo demorava para que pudesse ter argumentos contra esse problema e desde o momento que tomei essa iniciativa o menor carregamento encontrado durou 40 segundos e o maior deles durou 102 segundos ou 1 minuto e 42 segundos, com uma média de 70 segundos (um minuto e dez segundos). Isso pode parecer pouca coisa, mas para um carregamento de jogo acho algo inaceitável. Nem mesmo Destiny que possui um loading complicado, me fez sentir tanto esse problema, e olha que Destiny já joguei DEMAIS.

Gráficos

ReCore apresenta um belo trabalho gráfico, mas como tudo por aqui tem seus problemas. Não é incomum você encontrar problemas na renderização do game fazendo com que texturas demorem a ser carregadas ou simplesmente não apareçam.

Em um determinado momento do game simplesmente travei pois não conseguia acesso a área que me levaria ao caminho para prosseguir até que eu descobri, acidentalmente, que a plataforma que me dava acesso a tal área simplesmente não havia carregado a textura, ficando invisível, de forma que só descobri totalmente ao acaso quando errei o salto e cai exatamente sobre a mesma (você pode imaginar quanto tempo demorou para que esse acaso ocorresse).

Localização

Acho que o único local onde não encontrei nenhum tipo de problema. O jogo está completamente em português, textos e dublagem, com um trabalho que não é primoroso mas que também não atrapalha.

Bugs

Pois é, depois de falar de tantos problemas ainda sobrou espaço para falar dos bugs. O que incomodou bastante foi a falta de chão em alguns momentos do jogo. Como assim? Isso mesmo que eu escrevi o jogo apresentou em diversos momentos um erro de programação dos ambientes, fazendo com que plataformas ou o chão dos locais só existissem graficamente, mas quando você subisse nelas ou caminhasse por uma determinada área você simplesmente caísse eu um “buraco sem fundo” até que morresse (olhe o vídeo abaixo para ter alguns exemplos).

https://youtu.be/MaIqvCipd9w

Outro problema que encontrei algumas vezes (esse bem menos que o primeiro) foi o que chamei de morte eterna, um erro que acontecia quando eu morria em alguma situação e o jogo, ao me permitir retornar, me coloca exatamente na mesma situação de forma que eu não podia mudar o destino a não ser ver a personagem morrer diversas vezes ou fechar o jogo e abrir novamente para que o respawn fosse feito em outro local.

https://youtu.be/fFAmp1H9nKE

Avaliação

ReCore tinha o suficiente para ser um excelente jogo, se ao meu ponto de vista não tivesse sido desenvolvido com tanta pressa ou preguiça. Os erros e a falta de criatividade em determinados aspectos matou um jogo que era promissor e que com um pouco mais de polimento poderia se tornar uma franquia promissora.

Uma história interessante e personagens carismáticos, como é o caso dos robôs que lhe acompanham, não foram o suficiente para salvar o jogo e garantir o interesse durante a sua jogatina. O excesso de puzzle com saltos e a mesma mecânica na maioria desses desafios tornou o jogo enfadonho e cansativo.

Com certeza os problemas técnicos serão resolvidos futuramente através de uma atualização, mas infelizmente o estrago na mecânica de jogo está feito e só poderá ser corrigido em um futuro jogo que sinceramente gostaria que existisse para que, quem sabe, o universo de ReCore possa ser desenvolvido de uma maneira mais interessante e suave. Potencial eu acredito que tenha, faltou foi paciência pra desenvolve-lo.

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