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1602 – Neil Gaiman transforma a Marvel

Eis que em 2003 o Grande mago dos quadrinhos leva uma ideia a Marvel, algo diferente e nunca pensado antes, sorte que Joe Quesada (editor chefe) foi o louco o bastante para investir nisso. Neil Gaiman (Sandman e Miracle Man) arquiteta um cenário improvável para os heróis já conhecidos e queridos por nós. Em 1602 vemos os clássicos personagens da Marvel Comics inseridos em tramas de traições e intrigas na Inglaterra governada pela Rainha Elizabeth.

Na trama o médico real Stephen Strange se une ao chefe de espionagem da Rainha, Sir Nicolas Fury, para desvendar as anomalias climáticas que ocorrem por toda Inglaterra e as tentativas furtivas de assassinato na corte. Mandado por Fury, o jovem bardo Matthew (Demolidor) e sua amiga Natasha partem para o Sul da Europa em busca do Ancião que traz de Jerusalém a relíquia sagrada dos templários, um objeto cobiçado e que pode ser a chave que salvará a todos nos eventos que Strange prevê. Eventos estes que de alguma forma estão ligando as anomalias a Virginia Dare, a primeira criança nascida na colônia americana de Roanoke e que vem a Inglaterra buscar ajuda para o seu povo com seu fiel protetor o índio nativo americano Rojhaz (Steve Rogers).

No desenrolar da história também temos a presença da Inquisição Espanhola, que se alia a Jaime Rei da Escócia na caça aos sanguebruxos (mutantes) protegidos e guiados por Carlos Javier em sua instituição. Estes X-man seguem a formação clássica (Anjo, Ciclope, Fera, Jean Grey e Homem de Gelo) o que gera um grande saudosismo entre fãs mais antigos. Outros heróis fazem sua aparição como os navegantes do navio Fantasticko, liderados por Sir Richards Reed e que tem como inimigo o mortal Conde Von Doom que se encaixa perfeitamente a esta época mais que qualquer outro personagem.
O mais interessante é que não se trata de um outro universo ou uma realidade paralela, mas o surgimento das “maravilhas” 400 anos antes do previsto esta intrinsicamente conectado a anomalia e oferece um risco grande a todo o mundo.

A obra é dividida em uma minissérie de 8 capítulos desenhados habilmente por Andy Kubert que dá um tom suave, detalhista e expressivo a arte fazendo com que os personagens pareçam ter saído de um conto de fadas.

Este universo teve algumas ótimas expansões escritas por outros artistas, como Greg Pak e Peter David, que exploram personagens como Peter Parquagh (ajudante de Fury ainda sem poderes de Homem Aranha na obra original) e David Banner (Hulk dessa realidade) e eventos que já ocorrem em uma América do Norte em colonização.

A obra é um deleite aos fãs clássicos da Marvel e pode ser considerada como indispensável para quem gosta de quadrinhos, visões como esta mostram que com imaginação o universo Marvel e suas aventuras não tem limites. A série de Neil Gaiman permanece eterna por sua originalidade e ousadia em tornar heróis que conhecemos em algo completamente diferente, mas totalmente familiar. Não perca tempo e leia.

Rafael Brienza

Músico e colecionador de HQs e Mangás, adora jogos da Nintendo desde que se conhece por gente. É amante da série The Legend of Zelda e uma porcaria em jogos de tiro em primeira pessoa.
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