Se tem algo que deixa muita gente com calafrios é adaptações de obras para outras mídias, ou seja: o livro vira filme, o quadrinho vira série, o jogo virá quadrinhos e por aí vai. Tem alguns casos catastróficos (sim Death Note estou olhando pra você) e alguns em que a adaptação fica sim muito boa. Mas o fã deve ter em mente que há diferenças entre as plataformas e que a história sofrerá alterações e pode significar ver ela de um jeito completamente novo, como é o caso maravilhoso da obra de The Legend of Zelda Ocarina of Time para mangá, que foi escrita e desenhada por Akira Himekawa.
Publicada em dois volumes no Japão, a série foi lançada em terras tupiniquins com uma edição deluxe de 384 páginas com ótimo acabamento, algumas páginas coloridas e histórias extras. É realmente primoroso, a arte de Himekawa é fantástica e consegue captar perfeitamente os elementos principais do jogo. Tem vários momentos aonde os cenários clássicos como a vila Goron, a vila Kokiri e o pátio de Zelda estão totalmente fiéis ao game em seus pequenos detalhes. Dá gosto viu.
A história para quem não jogou o game se passa no reino de Hyrule e narra as aventuras de um garoto chamado Link que cresceu em uma vila escondida na floresta e está destinado a livrar seu mundo de um mal crescente, o rei dos Gerudos Ganondorf, que deseja obter o artefato mais sagrado do mundo, o triforce. Este artefato pode tornar o portador extremamente poderoso e moldar o mundo conforme o que há em seu coração, seja bondade ou maldade. Para impedi-lo, Link e sua companheira a fada Navi se aliam a Zelda, a princesa do reino em um plano ousado de coletar joias espirituais que ajudem eles a conseguir o triforce antes de Ganondorf. A história tem dois momentos: seu inicio com Link criança e sua conclusão com ele adulto se fortalecendo e buscando a desaparecida Zelda para enfim juntos encararem seu desafio final.
Pelas notas que o game recebeu (99 no site Metacritic) dá para imaginar que está história seja amada por muitos, mas o diferencial aqui é o ponto de vista. No mangá o autor não mostra a exploração de calabouços e templos que existe no game, mas sim aprofunda os sentimentos e relações entre os personagens. Podemos acompanhar o desenvolvimento de Link, seu relacionamento com Navi, Zelda, Impa, Nabooru e sua constante preocupação com a missão. Situações divertidas como as brigas com o amigo de infância Mido, a relação com sua égua Epona e a festa com os Gorons ou acontecimentos tristes como sua relação com o Dragão do templo do fogo criam uma atmosfera de amadurecimento para o personagem fazendo o fã redescobrir a história do Herói e ser apresentado a fatos antes desconhecidos.
A versão deluxe ainda conta com duas histórias adicionais. Uma sobre o Skull Kid, uma espécie de gnomo do bosque sombrio de Lost Woods e outra sobre Rouro um dos Watarara (uma versão dos homens pássaro Rito que foram inseridos nos games posteriormente) que caiu no lago Hylia e está em busca de seu bando.
Resumindo é um material obrigatório e de altíssima qualidade para quem é fã da série e só veio para adicionar mais brilho e vida à uma história já consagrada, uma aula de adaptação de Himekawa. Espero que ele ainda faça um desses de Breath of the Wild.