Analisado no PlayStation 4
Há cerca de sete meses atrás eu iniciei a minha análise de Final Fantasy VIII Remastered aqui na Gamers, dizendo que Final Fantasy VII era um jogo que eu considerava como o melhor jogo que eu havia jogado (e mesmo hoje ainda tendo a isso viu) e muito por isso eu esperava um Remake dele deste então. Essa espera ganhou uma pitada de esperança que o jogo seria “atualizado” em 2011, quando na época do PS3 foi criado um vídeo da abertura do game como forma de demonstração técnica do console.
Toda essa expectativa se materializou e virou um hype TREMENDO quando, em 2015, durante a E3 foi anunciado que o jogo de fato ganharia um Remake, de lá pra cá foi um período de espera ansiosa, com algumas decepções no caminho (como o anúncio do fim do combate por turnos) e principalmente com a surpresa pela qualidade cada vez maior do que vinha sendo mostrado.
Pois bem, Final Fantasy VII Remake chegou (e eu devorei o jogo) e com ele vieram ainda mais surpresas e algumas novas decepções. Se você jogou o original, o jogo irá de trazer um enorme sentimento de nostalgia, a todo momento você se pega parando em algum cenário simplesmente pra pensar: “Nossa isso era daquele jeito e virou isso”, ou então reconhece algum detalhe como o local onde encontrar uma matéria, um personagem, uma música. Muitos detalhes do original foram exatamente replicados neste remake, coisa que em outros remakes geralmente fazem questão de mudar para criar um fator surpresa.
As surpresas em Final Fantasy VII Remake ficam por conta de novos elementos inseridos na trama do jogo, não dá pra comentar muito sem dar spoilers sobre o game, mas caso você jogue o Remake, conhecendo o original, não vai ser difícil que você identifique acontecimentos e personagens que até então não conhecia. Muitos personagens menores no game original ganham mais participação e principalmente plano de fundo, com suas próprias motivações. Essas mudanças são muito bem-vindas já que elas colaboram pra amarrar ainda mais a história ou mesmo explicam e mostram coisas que no original não mostrava.
No quesito jogabilidade Final Fantasy VII Remake possui duas principais mudanças, a primeira no sistema de matérias (as magias do jogo). A forma de você adquirir essas matérias continua idêntica, ou seja, elas são itens que podem ser coletados ou comprados durante a gameplay, mas é no momento de utilizar que tivemos mudanças sutis. Agora as matérias mais fortes do jogo, as invocações, tem limite de uma por personagem e diferente do que acontecia no original elas não podem ser utilizadas a qualquer momento nas batalhas.
O jogo tem um sistema que leva em conta a dificuldade do inimigo e a vida de seus personagens e este sistema permite que você utilize as invocações em determinados momentos. Outro ponto que pode ser citado como mudança, mas que não influência tanto no gameplay é o fato de uma matéria quando colocada no nível máximo não te ceder outra igual. No original quando você alcançava o nível máximo de experiência com a matéria você automaticamente ganhava outra “cópia” da mesma matéria com a experiência zerada, fato que não acontece no Remake.
A segunda grande mudança na jogabilidade está no quesito combate, confesso que quando foi anunciado que o combate seria mais “action” e não por turnos eu tive uma ressalva muito grande até por conta da experiência que tive com esse sistema em Final Fantasy XV, mas o estrago não foi tão grande assim. Por mais que o sistema não seja perfeito e por muitas vezes atrapalhe em alguns combates por que a câmera dificulta uma correta visão do campo de batalha ou simplesmente porque esse que aqui escreve se enrolava ao tentar trocar para um personagem e acabar trocando para outro, a experiência é satisfatória e fica muito mais tranquilo à medida que você passa mais tempo no jogo e ganha certo costume de como as coisas acontecem, até existe a possibilidade de fixar a câmera em um inimigo com o R3, mas mesmo assim não minimiza a bagunça de câmera que pode ocorrer na batalha, outro ponto de comparação com o XV, é que aqui esse sistema de combate parece mais fluído, não tem muito como explicar, simplesmente parece que funciona melhor, aqueles que jogarem os dois jogos podem experimentar essa sensação. Meu estranhamento aqui foi a não utilização dos padrões que existiam no já citado Final Fantasy XV, ou seja, no jogo de 2016 você tinha como configurar previamente qual seria o comportamento de cada membro do grupo durante as batalhas, você podia definir que um determinado personagem iria focar nas curas, por exemplo, coisa que neste não acontece. Por muitas vezes aconteceu de um personagem praticamente se “suicidar” por que partia para o ataque em um momento que o ideal seria recuar um pouco pra se curar e poder voltar ao combate.
Final Fantasy VII Remake tem alguns pontos que poderiam ser melhores, mas são nos detalhes que o jogo peca bastante, claramente Final Fantasy VII Remake foi “otimizado” para rodar nos consoles, o jogo não tem vergonha alguma de entregar alguns detalhes bem mal polidos em troca de desempenho, como por exemplo, gráficos mal acabados, uma física de colisão que faz uma mesa de refeitório ou um simples cone terem o mesmo comportamento ao serem atingidos pelos personagens, texturas mal feitas e em alguns pontos até mesmo uma grande imagem de fundo, daquelas bem mal otimizadas mesmo, que chega a distorcer por ter sido esticada, vide exemplos abaixo.
Já por outro lado, outros pontos do game como a renderização de personagens e NPCs, e a direção de arte é uma das coisas mais belas que você vai encontrar nos jogos dessa geração além de alguns poucos easter eggs aqui e ali trazem a sensação de um trabalho primoroso da equipe, isso tudo aliado à incrível trilha sonora e a localização para o nosso idioma através da interface e legendas, essas as quais possuem uma ou outra palavra com um gosto meio duvidoso na escolha, por exemplo, “let’s do this”, virou “vambora”, sim escrito assim mesmo. Existem sim alguns pontos problemáticos e eles cobram seu preço, mas isso não tira toda a grandeza do jogo.
Um ponto positivo dessa “otimização” que a Square Enix fez no uso da Unreal Engine 4 pode ser dado através do meu console, meu PS4 é de 2013, lá dos primeiros modelos, em jogos atuais não é difícil ouvir o cooler se esforçando tanto que parece que o console vai decolar, porém em Final Fantasy VII Remake o mesmo ficou silencioso por toda a jogatina (e olha que cheguei a jogar por 12 horas seguidas, sem interrupção).
Por fim, Final Fantasy VII Remake se mostra um grande jogo no que diz respeito ao tamanho que o projeto pode vir a ser, possui novos elementos que de fato fazem o fator surpresa ser relevante, mas também possui seus problemas e erros que podem ser corrigidos para a continuidade do jogo. A grande expectativa agora fica por conta de sua continuação, não só por querer continuar desfrutando do jogo, mas por que uma nova geração de consoles está batendo à porta e com isso podemos ter algo ainda mais grandioso e inovador, ou pelo menos, aquilo que os artistas imaginavam e atual geração barra, com isso só nos resta esperar, mas tomara que não tanto quanto aguardamos por esse.