Ghost of Tsushima – O jogo de samurai definitivo | Análise

Ghost of Tsushima é um excelente jogo de aventura com elementos de RPG e com certeza você irá passar horas e horas explorando

Analisado no PlayStation 4 Pro


Quando a Sucker Punch anunciou Ghost of Tsushima na Paris Games Week em 2017, já fiquei muito interessado, mas ainda era apenas um lindo vídeo feito em computação gráfica.

Quando foi revelado o magnífico trailer, com o que seria o gameplay na E3 2018, confesso que meus olhos se encheram de lágrimas.

Sou fascinado pela cultura japonesa, mas principalmente pelo período feudal, li os livros sobre Miyamoto Musashi, o mais famoso samurai de todos os tempos, amava os mangás de Vagabond  (que contam a história de Miyamoto) e Rurouni Kenshin (Samurai X no Brasil) a qual sou fã de carteirinha, inclusive tenho uma tatuagem gigante nas costas representando minha paixão por Samurais.

Então queridos leitores, só posso dizer que estou maravilhado por poder vivenciar essa era dos Samurais da forma que a Sucker Punch nos agraciou.

Um pouco da História

Ghost of Tsushima é baseado em fatos reais, nossa história começa em 1274, quando a Ilha de Tsushima está prestes a ser invadida por mongóis, guerreiros conquistadores liderados pelo imperador mongol Kublai Khan (neto de Genghis Khan), que já havia conquistado e estabelecido uma dinastia na China, também conquistando a Coréia, e desejava o Japão.

A ilha de Tsushima era a principal defesa japonesa contra invasores do continente e também uma importante rota comercial, mas por ser a mais próxima do porto da Coreia, foi o primeiro alvo.

É aí que nossa história como Jin começa.
Ao lado de seu tio Lorde Shimura, e mais 78 samurais, Jin forma a linha de defesa contra a invasão de Kublai Khan.

Infelizmente, o ataque é feroz e ambos os lados perdem muitos homens. No fim acabam sobrando apenas Jin e seu tio.

Lorde Shimura bem que tenta, mas acaba sendo derrotado por Khan, e é nesse momento que Jin é gravemente ferido e não consegue ir ao seu encontro.
Jin é dado como morto, mas antes de desmaiar consegue ver seu tio caindo após levar um forte golpe de espada do imperador Kublai Khan.

Alguns dias se passam e Jin acorda recuperado perto de uma vila em Tsushima, a qual foi facilmente tomada pelos Mongóis. Depois de alguns passos encontramos Yuna, a pessoa que o salvou. Desse ponto em diante o objetivo de Jin é ir ao encontro de Khan, e salvar o seu tio Lorde Shimura, mas isso é apenas a ponta do iceberg…

Uma ilha inteira para explorar

Após os eventos iniciais, temos o controle total de Jin, e já podemos explorar como quisermos a ilha de Tsushima.

Não tem como negar que a Sucker Punch se inspirou em várias franquias muito famosas para criar o mundo de Ghost of Tsushima, mas caso não se recordem, o jogo InFamous é da mesma produtora, que claramente evoluiu bastante para poder dar vida a esse novo jogo em mundo aberto.

Talvez as referências mais claras sejam as franquias The Witcher, Assassin’s Creed Origins/Odyssey, Red Dead Redemption e até mesmo The Legend of Zelda: Breath of the Wild.

Em Ghost, também contamos com a ajuda de um cavalo para andar por toda ilha, o que facilita bastante para chegar em lugares distantes, além dele podemos usar a viagem rápida após termos passado por alguns locais.

Além das missões principais, temos várias missões secundárias que ajudam a evoluir nosso personagem, já que completando as missões, recebemos XP que será gasto para adquirir novas habilidades.

As missões secundárias são bem variadas, que vão de salvar uma destilaria de saquê (a famosa “pinga” japonesa) que foi tomada por mongóis, até as mais óbvias que são salvar pessoas que foram capturadas pelos inimigos, ou então encontrar um pergaminho que ensina uma técnica de luta lendária para você mesmo.

Todas as missões são chamadas de CONTOS. A maioria dos contos aparece no mapa em forma de interrogação, mas caso não queira seguir o mapa, às vezes pode seguir um pássaro amarelo, ou uma fumaça ao longe, que pode significar encontrar um conto.

Os contos míticos são os mais importantes, pois são neles que conseguimos técnicas novas com a espada, um exemplo é o Golpe Celestial, que aprendemos após derrotar um samurai que a domina. Pode não parecer, mas essas técnicas ajudam bastante nos combates

Um mundo vivo

A Sucker Punch conseguiu fazer uma ilha tão linda, tão cheia de vida e detalhes, que fica difícil não parar e apenas ficar admirando as paisagens por alguns minutos.

Os gráficos são limpos e livres de serrilhados. Todos os detalhes foram tratados com muito carinho pela produtora e realmente impressionam muito. Árvores, grama, plantas, folhas, lama, clima, animais silvestres, a roupa do Jin se sujando de lama quando caímos devido a um golpe do inimigo, ou o sangue espirrando em paredes próximas mostram o quanto a Sucker Punch se preocupou com detalhes que passam despercebidos para muitos.

A iluminação é um dos pontos mais fortes do jogo, e merece um destaque por mostrar sombras e luzes em perfeita harmonia com o cenário. Faíscas, raios e a luz do sol encontrando a grama é uma das coisas mais bonitas que já vi. Mas um dos detalhes que mais fez a diferença, e o que mais impressionou este que vos escreve, foi o vento.

Além do vento fazer tudo se mexer com perfeição, ele é muito importante em nossa jornada, pois é com ele que seguimos a direção certa no jogo, então, não caro leitor, não existe um mapinha no canto indicando pra onde devemos ir.

Com um leve deslizar de dedo pra cima no botão TOUCH do DualShock 4, o vento sopra levando folhas e movimentando árvores com maestria e delicadeza nos mostrando a direção certa. Além disso, o barulho de vento sai pelo alto-falante do controle, aumentando a imersão nesse mundo lindo e cheio de vida.

Pra completar, quem adora tirar prints das imagens no PS4, assim como eu, temos um MODO FOTO muito completo, que inclui deixar o jogo pausado, mas com o cenário em movimento. Fogo, água, folhas ao vento, com a inclusão de vagalumes, borboletas, pássaros, e até mudança no clima e hora do dia, tudo para acharmos o frame perfeito para nossa foto.

Jogabilidade intuitiva

Se você jogou os últimos Assassin’s Creed, deve ter percebido que os controles foram bastante simplificados para atrair mais a atenção de jogadores casuais, aqueles que preferem um jogo de ação ao invés de um jogo onde precisamos usar mais o modo stealth. Bom, com Ghost of Tsushima isso não é tão diferente.

Não me entenda mal. O modo stealth está muito presente aqui e é obrigatório em algumas partes do jogo, mas senti que o foco principal são os combates corpo a corpo.

Antes do jogo sair, vi vários sites dizendo que seria um jogo difícil, inclusive um dos produtores disse que Jin poderia morrer muito rápido e com apenas um golpe, mesmo estando com todas as habilidades… bom essa informação é mais ou menos verdadeira. – SIM, dependendo do inimigo você vai morrer com poucos golpes. Mas além de uma barra de vida que vai aumentando durante o jogo, logo no começo o jogo nos apresenta a “Determinação”, que são basicamente kits médicos que servem para encher nossa vida durante o combate. Começamos com duas e vamos evoluindo conforme o tempo. A determinação é recuperada quando matamos alguém, então não é um jogo difícil, basta prestar atenção aos movimentos dos inimigos.

O meu medo era que fosse um jogo difícil como na série Souls da From Software, que nos pune severamente quando morremos e temos que ir atrás de toda nossa experiência adquirida de novo. Mas para minha surpresa, encontrei uma jogabilidade muito fácil e intuitiva. Os tutoriais explicam muito bem todas as técnicas e habilidades que você precisa para derrotar seus inimigos. No geral é um jogo bem simples, onde nos combates predominam a espada e suas técnicas, que são habilitadas conforme você avança na história. O modo stealth é bem parecido com o próprio AC que já citei, inclusive nas partes onde temos que acabar com acampamentos mongóis.

O que diferencia Ghost dos demais jogos, são as posturas do personagem. Cada postura representa um elemento, PEDRA, ÁGUA, VENTO e LUA sendo que cada uma serve para derrotar um certo tipo de inimigo. Um exemplo é a postura “PEDRA” que serve para quebrar a defesa de espadachins, ou a postura “Água” que serve para quebrar a defesa de inimigos que usam escudos. Conforme você progride no jogo, outros inimigos com armas diferentes vão aparecendo, forçando-nos a trocar várias vezes a postura durante o mesmo combate contra vários inimigos diferentes.

Muitas vezes antes de entrar em um combate, o jogo nos oferece a opção de DUELO, uma das coisas mais clássicas desta era, e que mostrava o quão honrado era o samurai. Basicamente funciona como um duelo no velho oeste, mas ao invés de revólver, são espadas. Jin chama o guerreiro mais forte para duelar; os dois ficam frente a frente e nós precisamos apenas segurar o botão triângulo esperando o ataque do inimigo. Assim que perceber que ele vai nos atacar, basta soltar o botão e desferir um golpe fatal. Algumas vezes eles nos enganam e acabamos soltando o botão antes e perdemos quase nossa vida toda.

Na parte de equipamentos, não há muita diferença entre outros jogos de mundo aberto, pegamos flores, tecidos, couro, entre outros itens para melhorar nossa roupa; pegamos metais para o ferreiro dar uma melhorada em nossas armas, e etc, nada que nós não tenhamos visto antes em algum outro jogo desse porte.

Os sons da natureza

Se você tem um Home Theater ou joga usando fones de ouvido 7.1, vai aproveitar muito bem os sons da ilha de Tsushima. Pássaros, grilos, o som das espadas se encontrando, passos, chuva, trovões, e principalmente o vento… AAAAAHHH o vento, não temo como falar sobre som e não falar sobre o vento. Podemos usar o vento a hora que quisermos (como eu disse lá em cima rs) mas o som que ele faz em um aparelho de home theater ou em um fone 7.1 são incríveis.

Em algumas partes do jogo encontramos lugares para meditar, nessa parte encontramos a paz da natureza e é onde Jin imita uma das habilidades do samurai real Miyamoto Musashi, que é a de criar poesias. Sim, Miyamoto além de ser um exímio espadachim, também era um poeta, escritor e pintor. Olhando para certas partes da paisagem enquanto medita, Jin recita um pequeno poema, além de também tocar flauta e aprender novas canções com o tempo.

O jogo possuí diversos idiomas dublados, entre eles o Inglês, Francês, Japonês, inclusive em português do Brasil.

Nem tudo é perfeito

Em um jogo tão grande como Ghost of Tsushima, vários problemas são fáceis de aparecer, então vou citar alguns que me incomodaram.

O primeiro problema com certeza é na câmera. Quando estamos em um combate o jogo não oferece a opção de foco, que é mirar em apenas um inimigo, por isso, eu nunca usei tanto o segundo analógico do controle como nesse jogo, pois estamos preocupados com o inimigo a frente, precisando mudar a postura, além de nos preocupar em desviar, recuperar a vida, defender, desviar de flechas, nos preocupar com os demais inimigos e, além de tudo, arrumar a câmera pois ficamos perdidos facilmente.

Outro ponto negativo que pra mim é que esqueceram de colocar na história o fato de não termos escolha de honrar ou não o código samurai. Talvez isso faça parte da história e a Sucker Punch preferiu não nos dar escolha de qual lado seguir, como fez em Infamous, onde temos a opção de ser bom ou mau. Mas, um dos códigos do samurai é nunca matar alguém usando técnicas desonrosas, como por exemplo, matar alguém por trás, e isso Jin faz bastante durante sua jornada.

Mas, uma das coisas que me incomoda bastante é a repetição dos inimigos, pois no decorrer do jogo encontramos muitos deles sendo que são todos muito parecidos, isso pra não dizer que são idênticos. Às vezes tem dois, três inimigos iguais te atacando ao mesmo tempo, não havendo uma variação como em jogos tipo Red Dead Redemption, onde foram usados vários atores diferentes pra dar uma diversidade ao jogo.

Considerações Finais

Ghost of Tsushima é um excelente jogo de aventura com elementos de RPG e com certeza você irá passar horas e horas explorando, já que há muitas missões secundárias, muitos colecionáveis, e se você gosta da temática de Samurai vai aproveitar muito a história e contos do jogo. É divertido, as lutas são dinâmicas e muito prazerosas, há vários movimentos para aprender, diversificando o modo de combate. Os gráficos são excelentes, e mais bonitos ainda se jogar em um PS4 Pro ligado em uma TV 4K com o HDR ligado. É de fácil aprendizado e qualquer um pode jogar… bom, isso se você tiver mais de 18 anos é claro, pois o jogo recebeu o selo “Adulto” aqui no Brasil.

Esse é um dos últimos jogos AAA que serão lançados para o PS4 e com certeza conseguimos ver o futuro dos games na próxima geração de consoles.


Confira a vídeo análise de Ghost of Tsushima

Sair da versão mobile