Medal of Honor: Above and Beyond – Divertido, caro, datado e cheio de problemas | Análise

O principal vilão de Medal of Honor: Above and Beyond é o preço cobrado, que é extremamente salgado.

Analisado no PC com Windows Mixed Reality


Medal of Honor: Above and Beyond é um jogo de ação, guerra e aventura, desenvolvido pela Respawn Entertainment e distribuído pela Electronic Arts. Lançado em 10/12/2020 este é um título exclusivo para PC VR.

Com 17 títulos e quase 40 milhões de copias vendidas, Medal of Honor é sem dúvida uma franquia de peso. Para quem não sabe ou não se recorda, o primeiro título dessa serie teve participação de ninguém menos que Steven Spielberg, o jogo foi tão aclamado na época que até hoje é considerado por muitos como o melhor FPS do PS1. Infelizmente essa serie foi para a geladeira da EA após o flop de Medal of Honor: Warfighter lançado em 2012.

Após 8 anos sem um novo título, a franquia retorna com Above and Beyond, um jogo exclusivo para PC VR que teve um lançamento tão ruim quanto o de Cyberpunk 2077, ficando claro que a EA não aprendeu com os erros de Warfighter, mas calma porque ainda há uma luz no fim do túnel.

Antes de começar, quero deixar claro que está analise leva em conta que este é um dos títulos exclusivos para VR mais caros já lançados na Steam. “Se custa o valor de um AAA é esperado que tenha qualidade de AAA”.

Sem Spoilers, começando pela história, em Above and Beyond nós jogamos como um agente da OSS (Office of Strategic Services, uma divisão de inteligência dos Estados Unidos que operou durante a Segunda Guerra) e temos como missão auxiliar a resistência francesa na luta contra os nazistas. A história é previsível e é aqui onde temos a primeira grande falha do modo campanha que é como essa aventura é contada.

Essa não é uma experiência continua como a encontrada em Half Life Alyx, aqui a história está dividida em um prologo (tutorial) e seis missões, entretanto cada missão é dividida em várias pequenas experiências. Cada missão leva pouco mais de uma hora para ser concluída, esse tempo será dividido entre várias pequenas experiências que giram em torno de 5 a 20 minutos para serem concluídas.

Essa abordagem escolhida quebra bastante o ritmo de jogo, temos muita ação em um pequeno tempo de jogo intercalado com muitas telas de loading. No geral eu me diverti jogando, mas eu me senti mais jogando uma experiência em VR do que um AAA, o que é triste porque o jogo possui vários sistemas interessantes como queimar documentos, detector de minas terrestres, sequencias em aviões, barcos e outros veículos, porem tudo dura muito pouco tempo e é muito mal explorado, fica aquele gosto de potencial desperdiçado.

Se o modo campanha foi divertido e ao mesmo tempo desapontador, fazer o jogo funcionar foi uma missão dividida em vários reinícios de aplicações. Foram várias tentativas e edições dos arquivos de configuração para fazer o jogo funcionar e reconhecer os controles, mesmo após patches várias pessoas não conseguem passar da tela inicial onde é necessário aceitar o “User Agreement”. Eu joguei com WMR, mas no fórum temos relatos de vários jogadores com Valve Index e HTC Vive que sofrem os mesmos problemas.

Se não bastasse essas falhas nos controles, o jogo possui requisitos de sistema insanos para um título mediano. Above and Beyond pede nada menos do que uma RTX 2080 e 180gb de espaço em disco, na data em que joguei era necessário editar um arquivo de configuração para se conseguir modificar as opções gráficas, após alguns dias tivemos um patch que adicionou uma opção que configura os gráficos dentro do menu do jogo, aliás esse é o jogo dos patches porque nada aqui está completo.

Eu citei mais acima que o jogo teve um lançamento tão ruim quanto o de Cyberpunk 2077 e isso é a mais pura verdade, muita coisa precisa de correção ou não está implementada no jogo. Para se ter uma ideia no lançamento não existia opção de smooth ou snap turn, o modo de acessibilidade não possui botão dedicado para abaixar e você fica impossibilitado de se proteger em cover e até progredir em algumas missões, a maior parte das miras estava bugada, vários inimigos estavam com problemas de animação, para piorar o rifle M1 Garand não tinha nem o famoso som de “ping” do carregador. Esses são só alguns dos problemas, o lado bom é que os desenvolvedores estão ouvindo a comunidade e atualizando o jogo, entretanto estamos falando de um “AAA” com um preço extremamente salgado, a maior parte desses problemas e opções de controle deveriam ter sido resolvidos e disponibilizados no lançamento e não depois, parece até que os desenvolvedores nunca jogaram nada em VR.

Falando na falta de experiência com VR, a física e as mecânicas de armas de Above and Beyond são extremamente simples e um tanto antigas, qualquer jogo indie que custa 1/10 do valor cobrado possui física e armas melhores. A física é bastante limitada, a colisão com superfícies só acontece com determinados itens, o restante vai passar entre moveis paredes e outros elementos do cenário, incluindo as armas, se um pedaço da arma encostar no cenário ela fica vermelha e não dispara, além disso maior parte dos itens no cenário não possui interação e só estão ali como decoração, arremessar granadas e facas também é uma lastima.

O sistema de armas é extremamente simples e arcade, tudo é automático. As armas possuem um indicador de munição, espingardas e rifles single action se carregam automaticamente, a única exceção aqui são armas que possuem carregador, não existe opção de toggle grip sendo necessário apertar e segurar o botão de grip, caso você o solte a arma volta automaticamente para o coldre, o ângulo de segurar algumas armas é errado, as mãos ficam na frente da mira bloqueando a visão, ou seja, fica impossível mirar. Além disso este foi o primeiro jogo em que eu sofri com problemas na mira, algumas armas ficavam estáveis e outras ficavam com a mira tremendo.

Além do modo campanha temos multiplayer, mas não espere muita coisa. São 5 modos multiplayer, 4 deles são variações de team deathmatch e o outro é o modo dominação, os loadouts são extremamente limitados, não existe opção de arma secundaria (pistolas) e você fica preso a um dos rifles, subs ou espingardas. A maior parte dos rifles mata com um tiro o que não é ruim se não fossem os bots, o modo multiplayer possui bots e eles vão preencher os lugares vagos no servidor de jogo, a questão aqui é que os bots são extremamente burros e como a maioria dos modos é uma variação de TDM eles viram kills gratuitos para os inimigos. O modo multiplayer não é grande coisa, os bugs e principalmente o preço cobrado deve limitar bastante a comunidade, passe longe se o PVP for a razão do seu interesse por este título.

Medal of Honor: Above and Beyond é um jogo caro com mecânicas datadas e cheio de problemas. Tendo jogado todos os outros jogos da série e após jogar Half-Life: Alyx, eu acabei criando grandes expectativas para este retorno da franquia, contudo, o produto final não consegue chegar perto de muitos jogos indies, ainda mais quando o assunto é PVP.

Na minha opinião o principal vilão de Above and Beyond é o preço cobrado, que é extremamente salgado. Para se ter ideia, pelo preço de Above and Beyond é possível adicionar a sua biblioteca o incrível Half-Life: Alyx, o excelente The Walking Dead: Saints & Sinners e ainda alguns dos grandes jogos multiplayers ou não exclusivos para VR.

Sendo um veterano da franquia, eu me diverti com Medal of Honor: Above and Beyond, porem o jogo não vale o preço cobrado, assim se você se interessou eu recomendo que espere por atualizações e por alguma promoção extremamente generosa.

Confira neste vídeo de gameplay início de Medal of Honor: Above and Beyond:

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