Age of Empires IV – Competente em sua proposta, mas com problemas de execução | Análise

Para esta análise, foi utilizada uma versão de “review” pré lançamento, portanto alguns pontos podem estar em desacordo com versões finais e futuras do jogo.

Analisado no PC


Age of Empires IV é um jogo de estratégia em tempo real, desenvolvido pela Relic Entertainment, World’s Edge e distribuído pela Xbox Game Studios. O título será lançado em 28/10/2021 e estará disponível para PC e Xbox Cloud.

Após mais de 15 anos, uma das franquias mais famosas do gênero RTS finalmente ganha um novo título. Age of Empires IV mescla a temática encontrada no segundo jogo (Age of Empires II) e as mecânicas melhoradas do terceiro jogo (Age of Empires III), com gráficos e um motor gráfico atuais, criando o potencial para este se tornar o melhor jogo da franquia. É claro, isso só irá acontecer se mais conteúdo for adicionado e se o jogo receber mais polimento.

Quem cresceu nos anos 90 teve a oportunidade de acompanhar o nascimento desta franquia, Age of Empires (97) e Age of Empires II (99), são jogos bastante populares até os dias atuais e são garantia de boas horas de diversão. A franquia tomou um ritmo diferente em Age of Empires III (2005), onde foi introduzida mais uma era, avançando as civilizações até a era “Colonial”. Essa mudança não agradou parte do público e mesmo sendo mais velho, Age of Empires II até hoje é o jogo mais jogado e mais popular da série. O quarto título vem para tentar agradar os fãs dos dois primeiros jogos, esta nova entrada chega com a temática do segundo jogo, só que agora com gráficos e mecânicas atuais, uma fórmula que tenta atingir o público utilizando-se do fator nostalgia.

Desde seu anúncio Age of Empires IV já prometia ser algo com qualidade. O jogo foi desenvolvido pela Relic Entertainment, empresa responsável por franquias como “Company of Heroes” e “Warhammer 40k Dawn of War”, não preciso nem dizer que quando o assunto é RTS a reputação aqui é boa. A Relic utilizou sua “Essence Engine” para o desenvolvimento de AoE 4, este é o mesmo motor encontrado em outros títulos de sucesso da empresa, o resultado final ficou bom, porém eles decidiram por uma abordagem mais segura e o jogo final tem poucas novidades.

Age of Empires IV não traz nada de novo em relação a sua essência, basicamente o jogo ainda se resume a coletar recursos para construir bases e combater inimigos, contudo nesta nova entrada muita coisa foi simplificada para se dar mais ênfase no combate e nas estratégias de guerra. Coletar recursos e administrá-los está muito mais fácil, as fazendas são infinitas e existe pouco micro gerenciamento, claro que isso varia bastante conforme a civilização escolhida.

O novo jogo chega somente com 8 civilizações e a jogabilidade segue em grande parte quase a mesma, com apenas duas exceções. Eu disse mais acima que a Relic ousou pouco e decidiu por uma abordagem mais segura neste novo título, isso fica evidente ao se jogar com a maioria das civilizações onde temos a mesma velha filosofia de construção de “grandes bases fortificadas”, bom essa regra é quase o padrão até você jogar com os Rus e os Mongóis.

Os Rus ou “Império Russo”, são uma das civilizações que quebram essa regra, pois eles não possuem acesso a construções bastante fortificadas, mas em compensação eles têm acesso a uma cavalaria que é devastadora já no início do jogo, a grande mudança e também o ponto de ousadia deste novo título fica com a civilização dos Mongóis. Os Mongóis, realmente quebram a regra do jogo, esta civilização vem com uma fórmula completamente diferente com construções móveis e a habilidade de ganhar bastante recursos ao se fazer saques, basicamente é uma abordagem nômade que dá ênfase ao estilo agressivo de se jogar, pois o oponente nunca saberá onde sua base está ou de onde vem o próximo ataque.

Em relação ao combate o jogo continua com a mesma receita, cada unidade tem suas fraquezas e resistências e a estratégia consiste em saber escolher cada tipo de unidade que será enviada para combater cada tipo de unidade inimiga, claro que além disso é preciso saber quando atacar e quando bater em retirada. As novidades ficam por conta da a adição de “campeões” e da possibilidade de fazer emboscadas, os “campeões” nada mais são do que unidades especiais que têm acesso a habilidades que afetam outras unidades em uma área, estas habilidades são interessantes e geralmente se baseiam em aumentar a velocidade de movimento, ataque, defesas ou até cura, não é preciso dizer que se bem utilizadas elas podem mudar o rumo do combate. A outra novidade é a possibilidade de utilizar a vegetação para esconder suas tropas e fazer emboscadas, algo que é novo e é essencial dependendo da civilização que você escolher.

Os modos de jogo em geral são os mesmos, é possível jogar partidas multiplayer ou se aventurar solo em cenários ou no modo campanha, mas a grande novidade é o novo modo campanha e a forma como ele é tratado. Os 15 anos de espera foram bem utilizados, o modo campanha de AOE 4 irá te apresentar a grandes batalhas e conflitos históricos, com 4 campanhas e mais de 35 missões, você irá acompanhar os conflitos Ingleses na conquista normanda da Inglaterra, Guerra dos Cem Anos, Ascensão do Império Russo e histórias do Império Mongol. A cereja do bolo deste modo história é a introdução de mini documentários antes de cada cenário, estes pequenos trechos em vídeo foram muito bem produzidos e contam um pouco da história de cada cenário que o jogador irá enfrentar.

Quando o assunto são os gráficos, AoE 4 não impressiona. O jogo não está feio, o mapa é legal, as unidades estão bem feitas e as construções estão bem detalhadas, contudo não temos nada em especial, na verdade em alguns aspectos, a textura das versões definitivas dos jogos mais antigos está melhor do que os deste novo título. Claro que jogamos uma versão de “review” e o jogo deve receber um patch de lançamento. A única melhoria real aqui é que a interface está mais simples e limpa, ela tem uma abordagem minimalista e esta escolha ajuda bastante na hora dos combates.

Como não existe jogo perfeito, a versão que jogamos de Age of Empires IV apresentou alguns problemas e mostrou que o jogo precisa de correções. Os problemas pequenos estão relacionados à demora de carregar alguns cenários mesmo com o jogo no SSD e na falta de zoom do mapa que atrapalha na movimentação e gerenciamento das tropas em combate. Agora o principal problema encontrado é o terrível pathfinding e a péssima aquisição de alvo das unidades, jogar AeE 4 foi um exercício de muita paciência para não apertar alt+f4. O pathfinding é horrível, por várias e várias vezes as unidades vão para o caminho errado, dão voltas desnecessárias ou simplesmente desistem de andar no meio do percurso, este problema fica pior e mais evidente quando estamos travando batalhas com muitas unidades ou em lugares fechados com várias construções. A aquisição de alvo também é um problema extremo, sendo comum por exemplo, você enviar um pelotão de cavaleiros e eles ficarem correndo em círculo ao redor do inimigo ao invés de atacar, mas o melhor de tudo aqui são os arqueiros que insistem em atacar construções ao invés de atacar o inimigo e isso ocorre mesmo quando eles estão recebendo dano de outras unidades inimigas. O jogo definitivamente precisa de algumas correções pois no estado atual qualquer batalha com muitas unidades é sinal de dor de cabeça.

No final Age of Empires IV faz jus ao nome da franquia, o título pega muito do melhor dos outros jogos e traz isso para os dias atuais, porém falta conteúdo e polimento. Infelizmente o jogo será lançado com conteúdo limitado se comparado aos outros jogos da franquia e provavelmente o que virá de novo será em formato de DLC o que não é interessante visto o preço do jogo base. Por causa do preço salgado, do pouco conteúdo e das prováveis DLCs, eu não recomendo a compra de Age of Empires IV no momento, caso você queira jogar a melhor opção e também a mais acessível é o Xbox Game Pass para PC, do contrário é melhor esperar por atualizações e por uma promoção generosa.

Confira neste vídeo de gameplay o início de Age of Empires IV:

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