Fatal Frame: Maiden of a Black Water – Boa narrativa, mal executada | Análise
No geral, o gameplay é bem limitado, entedia o jogador.
Analisado no PlayStation 4
Trazer jogos japoneses para o Ocidente é uma tarefa bem difícil, uma vez que as narrativas são extremamente características daquela região, tornando complexa ou mesmo impossível sua inserção por aqui. Fatal Frame é um grande exemplo disto. Embora tenha conseguido se vender um pouquinho nos Estados Unidos em alguns períodos, nunca conseguiu evoluir para além deste nicho. E foi pensando nessa estagnação segmentar que a Koei decidiu fazer um Remaster de Fatal Frame: Maiden of a Black Water, só que agora, multiplataforma, sendo entregue para Switch, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S e PC.
A história que amarra os acontecimentos de Fatal Frame é baseada na crença de que além de imagens, uma fotografia pode aprisionar as almas das pessoas fotografadas. O maquinário responsável por isso é um aparelho chamado Câmara Obscura, que detém poderes místicos capazes de capturar espíritos e também exorcizá-los, caso julgue necessário. Com esse objeto em mãos, assumimos o controle e precisamos desvendar os acontecimentos misteriosos que ocorreram no Monte Hikami, uma antiga e famosa montanha amaldiçoada onde sempre tem uma galera cometendo suicídio.
Essa montanha já foi uma área habitada e dominada por uma Seita chamada Mikomori, que se aventurava entre o véu desta realidade e da paranormalidade, utilizando dogmas próprios. Após um grande massacre, onde todas as suas sacerdotisas foram dizimadas, eles perderam o controle sobre a região. Em função desta bagagem histórica, o local se tornou ponto turístico, porém sempre havia uma tragédia em decorrência da energia maligna que ali reside. Mas quem diria, não é mesmo?
No jogo somos inseridos nas histórias de Yuri, funcionária de um antiquário, que foi procurar Hisoka Kurosawa, sua patroa, que buscava outras jovens desaparecidas. Ren Hojo é o terceiro nome nessa trama, porém trata-se de um autor que investiga assuntos relacionados a um álbum de fotos pós morte, algo que era bastante comum até o século 19 e um pedaço do século 20.
Pensando nessa narrativa toda obscura, parece se tratar de algo fantástico, mas francamente, não é. O gameplay é incômodo, é tudo muito travado, a movimentação dos personagens é tão feia, que irrita. Entendo que alguns empecilhos sejam colocados para trazer uma atmosfera mais submissa em relação ao Sobrenatural, mesmo sendo um jogo originalmente de 2015 no Wii U a movimentação é datada demais e relembra jogos do PS1. Definitivamente erraram feio, erraram rude nesse quesito.
Conforme vamos progredindo, a jogabilidade já se compromete, se tornando previsível e repetitiva, os susto nem te abalam mais, e com o passar do tempo já exorcizamos os espíritos de forma automática, levando em consideração de que os padrões de movimentação do inimigos são fáceis de assimilar. No geral, o gameplay é bem limitado, entedia o jogador.
Citando a inteligência artificial do jogo, podemos dizer que é toda desregulada, os fantasmas não assustam mais, os NPC’s ficam para trás e ressurgem DO NADA ao seu lado, sem falar de quando eles decidem entrar na frente da sua câmera durante um exorcismo. No geral, sentar aqui e falar mal do jogo é muito fácil, porque ele permite isso, pois o jogo é previsível e entrega personagens rasos, sem carisma algum, porém, ele traz uma representação clara de uma história interessante e promissora, que pode agradar muito, mas infelizmente a forma como foi contada e construída deixou a desejar em função de uma atmosfera ineficiente.
Se formos falar do visual gráfico de Fatal Frame, ele não desagrada. É esteticamente bonito e aceitável, mas dava pra ser melhor, afinal, os consoles atuais reproduzem gráficos muito superiores ao do seu lançamento em original. Dá pra classificar como uma limitação funcional do hardware ao qual ele foi projetado, não atrapalha em nada, mas não custava serem mais caprichosos.
Fatal Frame: Maiden of Black Water é dono de uma narrativa singular, muito mal executada, trazendo elementos característicos de jogos japoneses, ao misturar terror psicológico com horrores sobrenaturais locais, apostando no suspense pra manter uma linha de tensão crescente. Infelizmente a Koei não conseguiu produzir algo relevantemente competente. No mais, é torcer para que façam Remasters de outros títulos ou mesmo Remakes, para trabalharem em cima da capacidade tecnológica oferecida pelas plataformas atuais.