Elden Ring – Um “Precioso” com vários problemas técnicos | Análise

Elden Ring está longe de ser um jogo feio, pelo contrário o jogo possui belos gráficos e lindas paisagem

Jeferson Vasconcelos07/03/2022Última Atualização 07/03/2022

Analisado no PC

Elden Ring é um RPG de ação desenvolvido pela FromSoftware, distribuído pela Bandai Namco Entertainment e lançado dia 24/02/2022 com versões disponíveis para PC, PlayStation 4/5 e Xbox One/Series.

Dirigido por Hidetaka Miyazaki (criador da série Souls) e com toques de George R. R. Martin (As Crônicas de Gelo e Fogo), Elden Ring é uma experiência fantástica, o jogo tem uma boa ambientação, um mapa enorme, vários segredos e bastante combate. Infelizmente grande parte dessa experiência é ofuscada pela quantidade de problemas técnicos encontrados principalmente na versão para PC.

Assim como nos jogos da série Souls, a história de Elden Ring não é contada de forma linear e o jogador irá descobrir toda essa trama ao conversar com NPCs e ao encontrar itens espalhados e escondidos pelo mundo. A premissa se resume basicamente ao nosso personagem ser um dos aventureiros “maculados” que está em busca de runas para restaurar e dominar o poder do “precioso” Elden Ring e novamente trazer a paz e o equilíbrio para o mundo.

No início a trama parece fraca, mas é só encontrar com os primeiros NPCs para perceber que muita atenção foi colocada aqui. Todos eles são carismáticos, suas vozes e falas muito bem escolhidas e muito bem feitas e além disso todos possuem objetivos ou histórias interessantes. Insistir e conversar com todo mundo que você encontrar é uma parte fundamental da jogatina, pois além de te fornecerem pedaços da trama, alguns desses também te garantem itens.

A FromSoftware é conhecida principalmente pela série Souls e seus jogos considerados “difíceis”, com seus últimos jogos sempre tendo o foco no combate bastante punitivo. Elden Ring é o novo jogo deles e dessa vez eles levaram o ditado “Go Big Or Go Home” literalmente ao pé da letra. Este novo título chega com um combate derivado dos últimos jogos da empresa e com um mapa gigantesco, aqui nós temos conteúdo para horas e mais horas de jogatina.

Começando pelo mais impressionante que é o mapa. Elden Ring possui de longe o maior mapa feito pela FromSoftware, não tem nem como comparar com o encontrado em toda a série Souls pois o cenário é simplesmente gigantesco. Aqui nós iremos navegar por lugares como castelos, masmorras, pântanos, florestas e outros, a variação de biomas é enorme e existe exploração de forma vertical e horizontal, além de vários segredos. Por causa do tamanho gigantesco e das grandes distâncias, o jogo introduz pela primeira vez uma montaria que nos ajuda a movimentar em maior velocidade e possui a habilidade de pulo duplo, para facilitar ainda mais a movimentação além das montarias também é possível utilizar o sistema de viagens rápidas entre as fogueiras sem custo algum.

Quem é fã da série Souls irá se sentir em casa, pois o combate aqui é derivado desta popular série de jogos com adição de algumas mecânicas encontradas em outros jogos da desenvolvedora. A essência do combate continua sendo a mesma onde é necessário esquivar e atacar sempre sem ganância, pois os monstros causam muito dano e a morte faz parte da experiência.

A regra do combate não mudou mas o estilo de se combater sim, Elden Ring tem mais cara de RPG do que os outros jogos da desenvolvedora, aqui nós temos magias, habilidades e summons, sendo possível construir um personagem focado mais em ataques a distância do que o padrão corpo a corpo, mas não se engane nem todos os monstros e chefes são frágeis a ataques à distância e em alguns casos será preciso partir para a cima com uma espada na mão.

A dificuldade continua a mesma com o jogo sendo bastante punitivo e os monstros e chefes causando muito dano, contudo temos algumas mecânicas que se bem utilizadas tornam essa experiência um pouco mais fácil. Além das armas e magias, o jogo introduz summons, um modo furtivo e os tradicionais “Backstabs”.

Uma das novidades no sistema de combate é a adição do modo furtivo que possibilita ao personagem se abaixar e esgueirar pelos cantos sem chamar a atenção dos monstros, o que abre boas oportunidades para começar uma luta com um poderoso Backstab. Os “Backstabs”, aqueles populares ataques pelas costas que causam bastante dano estão de volta, só que agora existe mais de uma forma para causar esse dano. Quem jogou Sekiro: Shadows Die Twice vai se lembrar da mecânica de parry e em Elden Ring existem duas formas de se fazer um “Backstab”, a primeira é a forma tradicional que é você ir para as costas do inimigo e atacar o ponto fraco que aqui não é tão preciso, a segunda é como o parry.

Assim como em Sekiro, defletir ataques ou atacar o inimigo com alguns tipos de movimento faz com que os monstros e até chefes fiquem atordoados e quando o inimigo está atordoado você pode causar um dano crítico com um “Backstab”, essa mecânica é bastante interessante e abre mais uma forma para se lidar com os inimigos, o lado ruim é que leva um certo tempo até pegar o jeito. Além da adição dessa segunda forma para se realizar o ataque crítico, o Backstab também mudou no PVP, diferente da série Souls em Elden Ring é possível esquivar e anular completamente o ataque Backstab de um inimigo, claro que é preciso uma boa coordenação para se esquivar, mas é possível.

Como disse Elden Ring continua com uma dificuldade alta, mas temos algumas mecânicas que nos ajudam a contornar ou diminuir essa dificuldade e uma dessas são os summons. Se você estiver com muita dificuldade para derrotar um chefe é possível summonar jogadores para te ajudar a derrotar o chefe da região, mas fique esperto pois quando se joga em co-op o pvp fica ativo de modo automático e você poderá ser invadido por outros jogadores. Além de jogadores, também é possível chamar criaturas para nos auxiliar no combate, ao conversar com NPCs, completar tarefas ou explorar você irá adquirir espíritos de criaturas e estes podem ser summonados para te auxiliar em batalha. As criaturas causam um dano considerável e geralmente chamam a atenção dos chefes o que abre várias oportunidades para janelas de dano, portanto sempre que estiver em dificuldades não esqueça que existem mecânicas feitas para te auxiliar.

Uma mudança que pode não agradar principalmente a comunidade de PVP é o sistema de invasões do jogo. Os jogos da série Souls eram “open pvp”, em Elden Ring o PVP por padrão acontece somente quando se está jogando em coop. Se você estava jogando sozinho e odiava ser invadido fique tranquilo, pois como disse em Elden Ring você só será invadido quando estiver jogando em cooperação com outros jogadores e por causa dessa mudança o invasor sempre estará em desvantagem, tendo de enfrentar no mínimo um combate 2×1. Claro que existem exceções à regra e quem estiver jogando solo e quiser ativar as invasões para tentar aquele PVP 1×1, pode utilizar um item adquirido ao derrotar um NPC que é específico para ativar o PVP solo.

No quesito ambientação o jogo acerta na mosca com algumas ressalvas. Começando pela trilha sonora que é de primeira, as músicas foram muito bem feitas e combinam perfeitamente com as batalhas de chefe, dando aquela empolgação e deixando o momento mais épico. Como disse a ambientação é boa a trilha sonora foi muito bem feita, porém nos gráficos é onde encontramos inconsistências.

Elden Ring está longe de ser um jogo feio, pelo contrário o jogo possui belos gráficos e lindas paisagem, porém quem já jogou os outros jogos da desenvolvedora vai encontrar muitas familiaridades. Os gráficos são belos, a textura é boa e os efeitos de iluminação são muito bem feitos, contudo a quantidade de animações e modelos reaproveitados é enorme, em praticamente todas as áreas é comum achar modelos bastante parecidos com os encontrados nas outras séries da desenvolvedora e as animações então nem se fala, a maioria é literalmente uma cópia. Eu me pergunto se eles perderam tempo demais criando o mundo e decidiram aproveitar os assets dos outros jogos ou se realmente decidiram economizar juntando os assets dos outros jogos e dando uma maquiada, como disse o jogo está longe de ser feio, mas temos pouca coisa original aqui.

Agora vamos falar do calcanhar de Aquiles que ofusca grande parte dessa aventura épica que são os problemas de performance e a falta de funcionalidades. A FromSoftware não é conhecida por bons ports para PC, mas dessa vez eles pisaram na bola em Elden Ring, parece que o jogo foi feito para a geração passada e portado com pouca atenção para os consoles de nova geração e para o PC. O jogo apresenta problemas em todos os sistemas, stutters (travadas), crashes e queda de quadros são problemas comuns que acontecem durante a jogatina. Nos consoles a experiência é mais “sólida”, mas ainda existem problemas, com algumas mídias reportando que a versão de PS4 roda melhor no PS5 do que a própria versão nativa do console de nova geração, agora no PC é onde os problemas se intensificam.

Elden Ring não é um jogo pesado, mas no PC não importa o seu hardware ou a configuração utilizada, os problemas de stuttering e queda de quadros são frequentes e acabam com a experiência. Este é um jogo onde todo o combate gira em torno de quadros, com a esquiva criando os “iframes” (quadros de invencibilidade) que deixam o personagem invulnerável ao dano por uma determinada quantidade de tempo. Acontece que as quedas de quadros acabam influenciando todo o combate e por causa dessas inconsistências você acaba levando dano que em teoria teria sido evitado.

Além desses problemas, nenhuma atenção foi dada às funcionalidades e recursos presentes no PC, o jogo é literalmente um port de consoles pensado para ser jogado com um controle. A navegação no menu é super desconfortável sem um controle pois o mouse é bastante limitado, às vezes é possível sentir um pequeno input lag no controle, existem muitas opções gráficas mas não temos ray tracing nativo e nem suporte ultrawide. O suporte a ultrawide é quase uma piada, tecnicamente em alguma parte do desenvolvimento o jogo teve suporte a resoluções ultrawide, visto que algumas aberturas e no início é possível notar toda a tela preenchida e de repente as barras pretas aparecem do lado da tela, o que dá a entender que alguém decidiu que não iríamos receber esse recurso e adicionou as barras ali.

Como disse, todos os sistemas apresentam algum tipo de problema e no PC os problemas acontecem com mais frequência do que nos consoles, o lado bom é que a Bandai publicou em um dos seus blogs oficiais um pedido de desculpas, onde eles disseram estar cientes dos problemas e pediram paciência para a comunidade, então o jeito agora é esperar ou não. Pelo menos a parte visual é possível corrigir através de mods que habilitam de vez o ultrawide e desbloqueiam o limitador de quadros, o lado ruim é que se quiser utilizar essas modificações é necessário jogar offline o que compromete um pouco a experiência.

No final Elden Ring é um grande jogo que infelizmente é ofuscado por seus problemas técnicos. O preço é bem salgado para a performance fornecida atualmente, assim eu prefiro recomendar este jogo no seu atual estado somente para os fãs da série Souls e somente para quem for jogar nos consoles, caso sua plataforma seja o PC é melhor esperar por atualizações.