Slipstream – Uma divertida viagem aos anos 80 | Análise

OuRun com Top Gear, Sonic e.... Sonic??!

Analisado no PlayStation 5


Slipstream é um jogo de corrida arcade de estilo retrô, originalmente lançado em 2018 para PC, desenvolvido pelo brasileiro Sandro Luiz de Paula, o ansdor, o jogo foi publicado nos consoles Xbox, PlayStation e Nintendo pela Blitworks Games com lançamento em 07 de Abril em 2022.

Logo de começo é fácil notar as referências que o jogo carrega, OutRun da Sega é a mais forte, mas ele ainda tem nuances de outros títulos clássicos, mas não se deixe enganar, Slipstream é um jogo com alma própria, e que alma eu diria.

Antes de tudo é necessário falar que o game oferece um tutorial de gameplay e eu recomendo que aqueles não familiarizados com jogos de corrida retrô o façam, uma vez que o jogo vai explicar alguns conceitos de sua jogabilidade e o jogador vai precisar cumpri-los para avançar até a próxima lição.

corrida retrô Slipstream

Slipstream oferece um estilo de jogabilidade totalmente arcade, velocidade alucinante por pistas sinuosas, trechos repletos de trânsito, derrapagens absurdas, mas tudo isso é bastante fluído e muito divertido. O jogador tem a sua disposição cinco modelos de veículos, que variam em design e performance que é medida por três quesitos, Velocidade Máxima, Aceleração e Controle, a escolha depende muito da habilidade do jogador e do seu estilo de pilotagem. Outro quesito que depende muito da habilidade do jogador é a derrapagem que o jogo oferece e necessita, eu particularmente achei que a curva de aprendizagem dela é um pouco longa e mesmo depois de acostumar com os controles é fácil errar sua execução, até mesmo por esse motivo o jogo oferece uma opção de derrapagem automática, mas nesse caso você vai derrapar em todas as curva, sim, literalmente em todas elas seu carro vai fazer um magnífico drift, isso tem um ponto bom e um ruim, o bom é que por mais que não pareça fica muito mais fácil de controlar, mas o ruim é que em alguns casos você perde velocidade.

Também é parte importante da jogabilidade o movimento chamado Slipstream, sim é o nome do jogo, ele consiste em pegar o vácuo do veículo da frente e com isso ganhar um pequeno incremento na velocidade, as vezes nem tão pequeno assim e isso ajuda bastante a reduzir a distância ou até mesmo superar o oponente. Outro recurso incorporado de jogos atuais nesse titulo foi os cada vez mais frequentes recursos de voltar no tempo e corrigir um erro, mas aqui isso é feito de forma mais controlada, não é sempre que você pode usar, entre um uso e outro existe um tempo de recarga e você só pode voltar cinco segundos, mas não pense que o jogo faz isso de forma genérica, pelo contrário, um lindo efeito de rebobinar que simula uma antiga fita VHS é usado, o mesmo é aplicado ao menu de Pause, coisa linda.

Slipstream oferece seis modos para um jogador ou quatro se for em multiplayer local para até quatro jogadores, começando pelo Grand Tour, é o modo que faz Slipstream se assemelhar muito ao título da Sega, pela forma como essa viagem se dá. Ela é composta por cinco etapas, em cada uma delas enfrentamos um rival e ao final de cada trecho podemos escolher pegar o caminho da direita ou esquerda e dar continuidade. Esse modo pode ser jogado de forma normal ou com os trechos espelhados, isso pode parecer pouca coisa, mas não se engane, que essa pequena inversão pode causar bastante confusão no seu cérebro.

Os demais modos oferecem um estilo próprio que mescla um pouco do visto no Grand Tour, o primeiro deles o Corrida Única, não há segredo aqui, escolha a pista, número de pilotos rivais, número de voltas, se a corrida será de forma normal ou espelhada e a posição de largada do jogador, sim você tem a liberdade de escolher isso tudo. O modo Grand Prix é o campeonato, são cinco provas em cada uma das três copas (Rubi, Safira e Esmeralda). Este modo oferece duas opções cruciais, a primeira é a de manter os carros padronizados, ou seja, você começa e termina da mesma forma sem alterações, a segunda opção e pra mim a mais interessante, libera atualização nos carros, ao melhor estilo Top Gear, você disputa uma corrida, ganha sua pontuação e um prêmio em dinheiro de acordo com sua classificação, mas aqui, entre uma prova e outra é possível comprar atualizações para os três requisitos que compõem o status dos carros, Motor que interfere na velocidade máxima, Transmissão que altera a aceleração do carro e Pneus que ajusta o nível de controle de cada um.

O Cannonball é uma mistura do visto no nos três citados, ele funciona como um Rally, contando com etapas ao estilo do Grand Tour, mas aqui sem opção de escolher entre uma e outra numa bifurcação, você tem opções de escolha como no Corrida Única e um funcionamento com semelhanças ao Grand Prix. Nesse modo você pode definir densidade de trafego, número de pilotos que vão competir, se existem rivais e número de etapas a serem disputadas chegando a incríveis trinta… ou seja, é um bom modo para testar sua habilidade passando não uma, mas duas vezes por cada cenário. Os modo seguintes são mais simples, o primeiro é o Desafio do Tempo, escolha uma prova, um carro e faça o seu melhor em três voltas, depois de finalizada a primeira vez o game gera um fantasma da sua tentativa, que pode ser usada em provas futuras. Por último é o Battle Royale, que consiste numa prova parecida com o Cannonball, mas ao final de cada etapa o ultimo piloto será eliminado, sobrando apenas o primeiro, esse modo oferece algumas poucas opções que vão determinar o numero de etapas a serem feitas de acordo com o numero de pilotos na prova.

Entre esses modos apenas o Grand Prix e o Desafio de Tempo não podem ser disputados em multiplayer.

A parte visual de Slipstream é simplesmente linda, é um pixel arte tão bonito, tão vibrante, o contraste de cores, elementos da tela, até mesmo o visual dos carros, quem não reconhece aquela pick-up que se parece uma Ford F-100, que por inúmeras vezes você bate atrás durante uma derrapagem? O jogo tem sim uma temática de anos 1980, mas isso não se restringe apenas ao visual pixelado, filtros são oferecidos para aumentar essa viagem no tempo, efeito pixel, simulação de TVs de tubo, incluindo a curvatura, opção de versão NTSC que deixa a imagem um pouco desfocada, junte o já citado do efeito de VHS presente na tela de Pause, rebobinar ou no Play que aparece quando você volta do pause. A trilha sonora acompanha esse tema, com boas músicas synthwave, algumas mais animadas outras mais lentas, que mudam conforme o tempo e/ou a etapa que está acontecendo. Outra opções incluem controles de volume para as músicas e demais sons, redução da movimentação de tela em curvas e baixar a velocidade de execução do jogo em até 50%, isso é bem-vindo e pode ser útil para alguns jogadores.

Mas até então tudo é muito bom, e sim é muito bom, mas não sem um porém, como citei lá no começo, Slipstream oferece um sistema de derrapagem muito ruim de executar, ele simplesmente não parece natural de fazer, é necessário iniciar a curva, apertar o freio, soltar e acelerar, tudo isso durante a curva, em alguns casos ok, funciona, mas se algo der errado e você perder o tempo de execução as chances de colisão são muito grandes, outro ponto que deixa a desejar é o fator customização dos veículos, nem mesmo escolher a cor é possível, nada nada, é um amarelo, um vermelho, um verde, um azul, um roxo e contente-se com isso. Não enfrentei bugs severos ou problemas de execução, salvo uma única vez que durante o pause decidi trocar a música e o jogo fechou, voltando a dashboard do console.

Em conclusão Slipstream é um jogaço que custa pouquinho (ao menos no Xbox e no Switch, alô PlayStation, vamos nivelar melhor esses preços aí?), são horas e mais horas de pura diversão descompromissada ou de bastante desafio a escolha do jogador, os modos são interessantes, as quinze pistas diferentes oferecem uma boa variedade e mesmo com a execução confusa da derrapagem o jogo não perde seu brilho, sendo facilmente jogado com ela de forma automática, as referências ao OutRun são muito bem vindas, afinal era um grande títulos arcade, se bem que o desenvolvedor ansdor pode ter inserido outras referências da Sega no jogo, afinal Emerald Hills? Chemical Plant, Ice Cap e Marble Garden todas elas são zonas em jogos Sonic, bem como pistas em Slipstream, com isso dito, acredito que o jogo pode e deve ser aproveitado por todos os nostálgicos por jogos de corrida arcade e porque não dizer, para os novatos que nunca experimentaram um jogo desses, pode ir sem medo, que a diversão é certa.

Confira neste vídeo um trecho de gameplay de Slipstream:

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