Hazel Sky – Uma grata surpresa brasileira | Análise
O fator mistério do jogo é que te segura e faz você querer encontrar e ler todos os livros e documentos no jogo
Analisado no PlayStation 4
Oferecendo uma interpretação única, Hazel Sky é o novo jogo em terceira pessoa que contempla o gênero aventura dentro de um mundo semiaberto, com várias possibilidades de exploração. Um dos pontos de destaque do game é fato dele ser brasileiro e super criativo, com uma história original e divertida, associada a uma trilha sonora interessante e diálogos bem densos.
O game foi publicado pela Neon Doctrine, e de responsabilidade do estúdio brasileiro Coffee Addict que fundamentou a narrativa em volta de uma cidade flutuante chamada Gideon, cuja qual está necessitando de novos engenheiros. O jogo então nos apresenta Shane, o protagonista, que precisa seguir a tradição da família e se tornar um engenheiro na prática. Flynn, o pai de Shane o leva então para Ciara, uma ilha remota onde alguns familiares de Shane faleceram tentando tornarem-se engenheiros, mas a maioria nunca conseguiu voltar para a cidade flutuante. Será que Shane será capaz?
Não espere ver um jogo nos moldes típicos que estamos acostumados, pois sua narrativa tem um tom misterioso, que vai evoluindo ao passo que dialogamos com Erin, uma garota que também tentou ser engenheira e faz contato via rádio com Shane. Todos os diálogos entre os dois é bastante interessante, despertando nossa curiosidade para entender o que de fato está acontecendo.
O jogo gira em torno do conserto de três máquinas para que seja possível voltar para Gideon, desenrolando então toda a narrativa, enquanto realizamos as tarefas de uma lista vigente, que consiste em encontrar itens para efetuar reparos que vão acarretar na progressão do jogo. Não sei se com palavras consigo esclarecer o quão genial é a narrativa, mas eu preciso dizer, é surreal!
O fator mistério do jogo é que te segura e faz você querer encontrar e ler todos os livros e documentos no jogo, que são cruciais para entender todo esse universo onde enviam seus filhos sozinhos para uma ilha deserta a fim de se tornarem engenheiros. Nesses documentos é possível ter um vislumbre sobre o que cada um deles passou por lá, durante sua solitária jornada.
A jogabilidade de Hazel Sky não é seu ponto forte, pois ela é bem simplista, onde é possível executar comandos de nível motor como correr, andar, pular, nadar, se pendurar e até mesmo empurrar objetos. A movimentação de Shane é bem precisa e me surpreendeu, pois como essa é minha primeira vez com jogo nacional, eu não esperava tamanha qualidade.
Assim como em The Last Of Us Part II, Hazel Sky nos oferece algumas cenas para tocarmos alguns acordes quando tem um violão por perto. E não é apenas uma cutscene sem valor, trata-se de uma opção de colecionáveis espalhados por todo o mapa. Quando acertamos os acordes, o protagonista começa a tocar e cantar a música.
O jogo apresenta gráficos cartunescos muito bem delineados e executados. É notável o zelo que tiveram durante o desenvolvimento. É tudo muito colorido e orgânico de forma particular. As cores e texturas da areia, mar, sol, árvores e céu orquestram uma sinergia impressionante com a iluminação, que torna o jogo ainda mais imersivo e prazeroso durante a jogatina.
Durante a experiência é impossível não notar o trabalho incrível feito com a música do jogo. E caso você não perceba isso logo no início da jornada, ao decorrer do game você perceberá a intensidade que o protagonista é afetado por ela, demonstrando adequadamente como tudo se enquadra no contexto proposto. As músicas são bem suaves, calmas, ideais para ouvir com amigos em um luau. Todo o trabalho de dublagem e legenda ficou muito caprichado, com vozes bonitas e interessantes, que trazem personalidade para os personagens.
Pra mim, o único problema é a questão dos rostos inexpressivos dos personagens, isso deixa a experiência meio estranha, pois é desconfortável assistir cutscenes que demandam certa interpretação e os personagens estão lá, igual bonecos de cera. Mas no geral não tenho apontamentos negativos, afinal, o que me incomodou não causou prejuízos na experiência.
Com isso dito, o game é divertido, entrega uma narrativa fluída, com mecânicas simples e um gráfico exuberante. Só posso concluir dizendo que o jogo é absolutamente recomendado por este que vos fala.