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Coromon – Uma grata surpresa aos fãs dos monstrinhos de bolso | Análise

Parece Pokémon, mas difere onde realmente importa

Analisado no Nintendo Switch


Claramente inspirado na franquia Pokémon, Coromon, o jogo de estilo JRPG desenvolvido pela holandesa TRAGsoft e publicado pela editora Freedom Games foi lançado no dia 21 de julho no Nintendo Switch, e trouxe uma aventura cheia de surpresas e viravoltas completamente traduzidas para o português do Brasil! Colecione e batalhe junto aos Coromons e viva essa aventura que mostrou a que veio no Nintendo Switch!

A sua aventura começa no seu primeiro dia de trabalho na Lux Solis, uma empresa de pesquisa na qual seu emprego é o que todo jovem um dia sonhou: ser um mestre Pokémon! Ops, quase isso… durante o seu dia, como um pesquisador de batalhas Coromon, você tem várias atribuições que te levam a capturar, batalhar e viajar para outras cidades, tudo, claro, com o auxílio desses monstrinhos, que são tão variados quanto a primeira aventura da série que o inspirou: cerca de 114 Coromon estão esperando para testar suas habilidades no continente de Velua.

Coromon

Brincadeiras a parte, apesar da grande semelhança com a série Pokémon, Coromon deixa bem claro que inspiração não significa necessariamente copiar todo e cada detalhe. Aqui você não é um garoto 10 anos que vai sair em uma jornada, mas sim um jovem recém contratado por uma empresa e que sim, se depara com situações e contextos realmente inseridos no mundo do trabalho, o que fica nítido nos diálogos com os NPCs. Como primeiro Coromon, a Lux Solis te oferece um monstrinho do tipo fogo, água ou….. gelo. Sim, foi quebrado o trio clássico que incluía a tipagem planta. E para completar, nessa aventura os Coromon do tipo gelo têm vantagem aos do tipo água. Assim, já fica evidente que tudo o que você conhece sobre as vantagens e tipagens no mundo Pokémon já não servem para esse jogo. Aliás, há ainda tipos completamente novos e até bem originais, como o tipo “corte”, baseado em golpes afiados com garras, bicos ou qualquer coisa pontiaguda. Além disso, apesar de seus Coromon também ficarem envenenados, com queimaduras ou paralisados, aqui eles também podem ficar sangrando caso recebam um golpe mais profundo do tipo “corte”.

Quanto aos monstrinhos propriamente ditos, há de tudo: tem Coromon fofinho, ameaçador, que parece Pokémon, que parece Digimon… Com certeza você vai gostar de alguns e detestar outros. Seja pelo design simples demais, seja pelo fato de parecer muito um fakemon (um Pokémon falso criado por algum fã da internet), a verdade é que poucos te surpreendem de forma a criar um vínculo que te faz querer deixá-lo permanentemente no seu time (ou esquadrão).

Coromon

Um dos fatores mais úteis desse jogo é a possibilidade de customização da dificuldade. Recomenda-se pelo próprio tutorial, ajustar sua aventura para o nível normal de desafio, mas é possível adicionar limitações tais como perder o Coromon a cada derrota, o que torna sua jornada bem mais trabalhosa, já que treinar essas criaturas demanda muito mais tempo do que gostaríamos. Assim como os jogos clássicos de Pokémon (tais como os de GameBoy Color e GameBoy Advance), Coromon tem um ritmo bem mais lento do que as aventuras atuais desse gênero.  É no entanto interessante citar que a dificuldade também pode ser diminuída: algumas opções tornam a experiência mais amigável, tal como a possibilidade de diminuir todos os preços de itens pela metade e acredite: é algo a se considerar, já que, principalmente nas primeiras horas, é realmente difícil conseguir ter a disposição os itens que você precisa, já que as batalhas são muito frequentes e o preço das poções e elixires são bastante restritivos.  Aí é aquela história que já conhecemos: a de ficar indo e voltando para o “centro Pokémon”, porque seus recursos acabaram e é o que da pra fazer.

Coromon

O maior pesadelo dos treinadores, aliás, está de volta: a caverna com encontros aleatórios a cada 10 segundos. Disso eu realmente não tinha nenhuma saudade ou nostalgia. No caminho para o seu primeiro grande desafio, você se vê em uma caverna enorme e labiríntica que te prende não só pela dificuldade em achar a saída mas também pela enorme quantidade de Coromon que te atacam.

Vocês podem até se perguntar: “Ah, mas não há a possibilidade de fugir desses encontros?” Obviamente há. O problema é que também existem treinadores de Coromon nesses lugares e frequentemente o nível dos monstrinhos deles estão maiores que os seus. Assim, fugir acaba não sendo uma opção muito viável, já que você precisa manter o nível das suas criaturas aumentando continuamente. Por isso, prepare-se para permanecer bem mais tempo que você gostaria nesses locais inconvenientes.

Coromon

Ao invés de ginásios e seus líderes, você tem missões que te levam a monstros poderosos a serem derrotados, como se fossem os Pokémon lendários dos jogos originais. Em Coromon, no entanto, eles aparecem como chefes em quests durante a sua jornada. Pensando bem, me lembram as trials de Pokémon Sun & Moon, só que de um jeito mais orgânico. Nessa aventura, você não vai enfrentar um titã poderoso só porque precisa mostrar aos outros que consegue e quer ganhar uma insígnia, mas sim porque durante seu trabalho, você se envolve em situações em que precisa ir até o fim…. e os chefes de alguma forma acabam te fazendo lutar contra esses poderosos Coromon.

Algo que também fica bastante marcado, principalmente para os adultos que se aventuram pelo continente Velua, é que frequentemente se vê críticas sociais em relação ao mundo do trabalho. Vários personagens reclamam de excesso de trabalho, da falta de tempo disponível com a família e da necessidade de pausas entre as tarefas. Outros NPCs são do tipo workaholic que deixam bem claro que não podem te dar atenção porque têm trabalho demais para parar em horários não planejados.  Assim, a experiência Coromon acaba ganhando uma maturidade de discussão que é como um soco no estômago para quem está imerso no mundo atual. Para os jogadores mais novos, no entanto, vai apenas servir como um alerta, já que provavelmente estes não irão se atentar tanto às questões mais complexas desse tema.

Coromon

A imersão, eu diria, é algo muito mais voltada ao mundo do trabalho do que ao universo Coromon e ao continente Velua. Apesar de as cidades terem características bem marcantes, os diálogos com os NPCs não te fazem vivenciar de verdade a região. É mais como se você estivesse realmente de passagem, e uma passagem bem rápida, apenas para resolver as suas missões. Então, na prática, você vê a bela arte no melhor estilo pixelart, mas não se sente realmente envolvido com o charme que as cidades poderiam ter.

A trilha sonora, apesar de se sintonizar com as situações e ser mais agitada durante as batalhas e suave nos lugares mais idílicos, me parece bastante genérica. É realmente uma pena, porque com certeza seria mais fácil criar conexões mais fortes com esse jogo se as músicas fossem mais carismáticas e marcantes.

Por um lado, Coromon frustra por ser fiel demais aos jogos mais clássicos e cai no erro de voltar com fatores que deveriam permanecer no passado. Por outro, varias das novidades são uma lição do caminho que até Pokémon, a franquia inspiradora, poderia tomar para renovar a experiência, já há muito tempo desgastada. Recomeçar a jornada por exemplo com golpes inteiramente diferentes e não somente os repetitivos Tackle e Scratch ou menos mudar a tipagem do trio inicial já daria um frescor único. Inovar o enredo no sentido de não precisar ser sempre a historia de um garoto de 10 anos saindo em uma jornada também ajudaria bastante. E isso Coromon fez, com a total liberdade de um jogo que não tem medo de errar a mão usando a mesma fórmula de 20 anos atrás. Assim, apesar de o jogo parecer genérico em vários aspectos, ele acerta exatamente onde Pokémon está empacado.

Custando R$ 101,95 na eShop Brasileira, Coromon te oferece uma experiência original e nostálgica com um frescor que inclusive a série inspiradora precisava. Apesar disso, o preço atual me parece um pouco acima do que a maioria estaria disposto a pagar por um jogo pixelart de uma releitura de Pokémon. Ainda assim, a possibilidade de jogar em português (principalmente no caso de o jogador ser uma criança), torna esse jogo uma oportunidade única. Por isso, recomendo manter os olhos abertos para futuras promoções. Eu diria que algo em torno de R$ 45,00/60,00 seria algo justo a se pagar pela aventura. É no entanto importante citar que atualmente Coromon está custando R$ 37,99 na Steam, então o preço base da eShop pode cair vertiginosamente no futuro.

Coromon

8.5

Nota

8.5/10

Positivos

  • Disponível em português do Brasil
  • Nostalgia dos jogos clássicos
  • Enredo inovador em relação à serie em que foi inspirado
  • Customização de dificuldade

Negativos

  • Ritmo lento
  • Preço um pouco maior do que seria o justo

Vlademir Vitaliano

Químico de formação, com doutorado em engenharia da nanotecnologia. Meu primeiro videogame foi um Mega Drive, através do qual me apaixonei pelos jogos mais casuais, sejam eles de aventura, luta ou corrida. Atualmente sou fã da Nintendo e suas "Nintendices".
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