Analisado no PlayStation 4
New Tales from the Borderlands caiu de paraquedas no meu colo, então fui pesquisar tudo sobre essa franquia e gostei do que vi. Esse título é a sequência de Tales from the Borderlands, porém depende. O jogo entrega o mesmo estilo, mas ao mesmo tempo possuem diferenças grandes em relação a jogabilidade. Uma das grandes diferenças já começa pela mudança de desenvolvedora. Antes o título era assinado pela TellTale, que é veterana nesse tipo de jogo, agora ficou a encargo da Gearbox, que assumir os créditos e se estabilizou nesse terreno. O que de fato é uma tarefa difícil, levando em consideração a relevância de seu antecessor. O jogo foi lançado em 21 de Outubro de 2022 e está disponível nos consoles PlayStation, Xbox, Nintendo Switch e no PC pela Steam e Epic Games Store.
New Tales from the Borderlands é bem diferente de outros títulos da franquia, em diversos aspectos. Começando por não ser um FPS, trazendo uma atmosfera mais focada na história, o que pode ser de certa forma, meio frustrante para os fãs, levando em conta tudo o que se conhece a respeito da série. Mas ao mesmo tempo, assim como seu antecessor, ele traz à tona um interesse diferente, quanto a explorar o universos por meio de outra perspectiva, uma que não se condensa em momentos frenéticos, mas que traz os perigos e dinamismo dos outros.
Dividido em capítulos, o jogo facilita toda a experiência de navegação da narrativa. Na maioria das vezes encontramos tramas maçantes, mas neste título aqui, encontramos o inverso, pois o enredo prende do começo ao fim. Os três novos protagonistas são bem interessantes e compensam o fato de não ter protagonista já conhecido. Esse tipo de mudança traz consigo, o risco de não agradar ao público, seja por falta de afinidade ou mesmo por se tratar de um novo rosto com um aglomerado de características de personagens já existentes. Mas em New Tales, temos a grata surpresa de nos depararmos com protagonistas bem singulares, mostrando que pra ser especial, você não precisa ser necessariamente tão especial assim.
O atual trio protagonista é formado por Fran, uma empresária Frozen Yogurt falida, após ter seu negócio obliterado pelo laser gigante da Tediore, temos também Octavio, um narcisista com ego hiper insuflado, que se acha o cara mais incrível do mundo, apesar de nunca ter feito nada além de acordar e respirar. Temos sua irmã, Anu, uma cientista com aspiração a brilhantismo que é absolutamente contra testes em animais.
Uma das coisas mais legais em New Tales é que a câmera mudou, agora ela acompanha o personagem em terceira pessoa, o que de fato cria uma distância ainda maior da perspectiva que a TellTale entrega. Esse novo ponto de vista melhora a movimentação, criando um espectro de percepção muito mais amplo, dando mais profundidade na interação com o cenário e seus objetos.
Embora haja essa melhoria significante na movimentação, o jogo não oferece tantas recompensas, mas ainda assim, é bem gostosinho de explorar. Os puzzles, embora não sejam obrigatórios, eles são bem satisfatórios, pois não tem aquela cacetada de conteúdo pra encher linguiça, trazendo uma leveza pra jogatina.
O jogo também traz momentos em que o jogador precisa opinar ativamente, sendo sua responsabilidade a forma como se expressará e como interagir com outros personagens e claro, os quick-time events se encontram presentes e você está por sua conta e risco, meu amigo. E isso é o que traz alicerce para o jogo, uma vez que ele mantém sua qualidade e curiosidade do começo ao fim, seja por seus acontecimentos ou mesmo pelo desenvolvimento do enredo. O jogo é bem justo no que diz respeito a uma abordagem mais detalhista sobre outros personagens, localizações, colecionáveis e etc, mas também permite uma abordagem mais superficial para quem não se importa com tantos detalhes. Seja lá qual for seu estilo de jogatina, o jogo compreende bem os dois lados.
Nenhum dos protagonistas é super dotado de habilidades especiais, e isso torna a aventura ainda mais gratificante, pois o jogo te faz pensar e ainda mostra o quanto de poder há na vulnerabilidade de cada um. Isso tudo amarra sua atenção que está totalmente voltada para resolução de problemas que se mostram mais complicados do que realmente são.
Em alguns momentos o jogo se mostra fácil demais, fazendo a gente baixar a guarda e subestimar o que vem pela frente, e isso, é só mais um dos erros que cometemos no jogo. Vocês verão (caso joguem), o quanto deixamos a jogatina no automático e o quanto isso nos faz morrer de bobeira por causa de falas mal escolhidas, quick-time event em que não fomos tão rápidos.
Alguns capítulos são mais fáceis que outros, a impressão que fica é de que algumas coisas não foram feitas com muito zelo ou mesmo finalizadas, quebrando o fluxo do jogo, deixando uma sensação de quero mais, porém toda a sequência de conclusão traz uma recompensa, fechando a história com muita classe.
Embora não se apresente como um jogo nota 10, ele certamente mantém muito interesse acerca de seu título e claro, pelas novidades apresentadas, pelo enredo, pela personalidade dos protagonistas e em como eles carregam o jogo nos ombros. New Tales from the Borderlands é um jogo que merece atenção e eu recomendo fortemente.