Resident Evil 4 VR – Um clássico que ganhou novo fôlego | Análise

A versão de Resident Evil 4 para VR traz bons controles e várias dinâmicas e interações, claro que tudo no limite do Quest 2

Analisado no Meta Quest 2


Resident Evil 4 VR é um survival horror de ação, portado pela Armature Studio e distribuído pela Oculus Studios, o título foi lançado em 21/10/2021 como exclusivo para o Oculus/Meta Quest 2.

Resident Evil 4 o popular e famoso jogo survival horror desenvolvido pela Capcom que praticamente apresentou e consolidou o formato de câmera em terceira pessoa adotado por várias franquias desde então. Proposto inicialmente e lançado como um exclusivo do GameCube, Resident Evil 4 acabou sendo portado e recebeu versões para PS2, PC e demais consoles de outras gerações, o jogo está recebendo um remake previsto para 24/03/2023 e chegou em 2021 para a realidade virtual como um título exclusivo da plataforma Oculus, mais especificamente para o Quest 2.

Como este é um jogo “velho” bastante popular esta análise não irá focar na história e sim no port para VR. Resident Evil 4 nos coloca no papel do protagonista Leon S. Kennedy, um agente federal enviado para resgatar Ashley Graham, a filha do presidente que foi raptada por um culto. O port para VR mantém a mesma história, porém temos alterações em vários diálogos e cutscenes, em suma é o mesmo jogo com modificações nos diálogos entre Leon e Ingrid e algumas cinemáticas bem como efeitos de câmera envolvendo a personagem Ashley que foram removidos ou modificados. Os desenvolvedores alegam que esta “censura” foi feita para adequar o jogo aos dias atuais, definitivamente ela não altera a experiência, contudo quem jogou o título original vai notar a diferença.

Jogos feitos para as telas “flat” e portados para a realidade virtual nem sempre ficam legais pois geralmente os desenvolvedores não exploram as possibilidades e mecânicas que o VR traz, mas este não é o caso aqui. A versão de Resident Evil 4 para VR traz bons controles e várias dinâmicas e interações, claro que tudo no limite do Quest 2 que não é tão potente e também do jogo que já tem 17 anos desde que foi lançado.

Começando pelos controles, RE4 VR trouxe uma boa adaptação dos controles com várias opções de acessibilidade. Aqui é possível escolher entre modos de jogo em pé ou sentado, a mão dominante, posição dos coldres e ajuste de altura, movimentação da câmera smooth ou snap, gerenciamento de armas imersivo ou quick select, estilo de combate “run & gun” ou Leon classic, é possível ligar ou desligar o laser da arma bem como mudar a sua cor, também podemos ligar ou desligar a maior parte dos quick time events que aparecem em algumas cinemáticas e ajustar opções de conforto como teleporte e efeito de túnel.

As grandes mudanças aqui estão relacionadas aos modos de movimentação e gerenciamento de armas que fazem dessa uma experiência bem mais fácil do que a versão para flat screen, mas também trazem alguns incômodos. A movimentação traz os modos “run & gun” e Leon classic, que te dão total liberdade de movimento ou emulam a movimentação do jogo clássico, contudo independente dos modos selecionados é possível correr e atirar, o que acaba fazendo a experiência ficar bem mais fácil, já que no original o personagem ficava parado sempre que você ajustava a mira da arma.

Para deixar tudo ainda mais fácil é possível alternar o gerenciamento de armas entre os modos quick select ou imersivo. No modo quick select só utilizamos uma arma por vez, mas é possível alternar entre os equipamento com um simples clique de botão, este modo traz uma certa dificuldade e também facilidades em algumas etapas do jogo, mas definitivamente não é a melhor forma de se jogar pois ele limita bastante a imersão. O segundo modo de gerenciamento de armas é o imersivo e é aqui que tudo fica interessante, neste modo nós jogamos com coldres espalhados pelo corpo e você precisa pegar os itens em determinados lugares, a faca está posicionada no lado esquerdo do tórax, a granada no lado direito, na perna direita temos a pistola, nas costas a arma de duas mãos e o os itens curativos no ombro esquerdo. Este modo é bastante imersivo e diminui ainda mais a dificuldade, pois é possível utilizar duas armas ao mesmo tempo, contudo não temos auto grip e é preciso ficar com o botão de grab pressionado constantemente para que as armas e equipamentos fiquem nas mãos do personagem e infelizmente a falta dessa opção faz com que a jogatina se torne bastante cansativa com pouco tempo de jogo.

Controles à parte, a realidade virtual também traz como componentes da sua imersão a interação com itens no cenário e nesse quesito nós temos algo, mas não espere por muito. Provavelmente por conta de limitações de hardware do Quest 2, o port de RE 4 trouxe física e interações de objetos bastante limitadas se resumindo basicamente a abrir portas, alguns armários, coletar itens, quebrar alguns vidros e utilizar mecanismos, não temos nada mais complexo nem ao menos podemos subir escadas, as interações de escadas e cordas são feitas através de cutscenes e o restante dos itens ficam presos ao cenário e envoltos de paredes invisíveis. A falta de interações limita em partes a imersão, mas não estraga a experiência visto que este é um port de jogo flat screen e não algo feito do zero para a realidade virtual.

Os gráficos são fiéis aos do jogo original com a adição de modelos 3D dos itens utilizáveis, como ervas, granadas, chaves, gemas e caixas de munição. Mesmo se tratando de um título antigo, o resultado final não ficou feio no Quest 2 e embora este não seja o jogo mais bonito do aparelho a imersão proporcionada acaba fazendo com a falta de detalhes passe despercebida na maior parte do tempo.

Para completar a experiência, o jogo recebeu o popular modo mercenários, onde o jogador precisa sobreviver a ondas de inimigos por um determinado tempo ao mesmo tempo em que precisa focar em eliminações para aumentar sua pontuação. Este modo veio com todas as mecânicas originais com conquistas desbloqueáveis e alguns modos exclusivos que exploram as mecânicas da realidade virtual e trazem uma jogatina mais frenética com menos tempo e punições.

No final apesar de ser limitado e ter alguns defeitos, Resident Evil 4 VR traz uma excelente experiência e este é sem dúvidas um dos melhores jogos para se ter em sua biblioteca do Quest 2. O preço cobrado é um pouco salgado e como a loja da Oculus é somente em dólares americanos e não possui preços regionais, eu prefiro recomendar que espere por uma promoção ou cupom de desconto.

Confira neste vídeo o Resident Evil 4 VR no Quest 2:

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