Analisado no Nintendo Switch
O jogo lançado pelo estúdio mexicano Navegante Entertainment e pela Team17 em 17 de agosto de 2021 é um side-scolling para um jogador, com visual caprichosamente desenhado à mão e com muitos pontos da história contados de forma bastante imersiva através de cutscenes muitíssimo competentes! A jogabilidade é fluida e divertida e traz vários elementos que remetem a outros jogos do gênero plataforma/ metroidvania.
Aqui, sua missão é derrotar os temíveis Urlags, resolver os puzzles do caminho e decidir qual dos seus irmãos tem a melhor habilidade para te livrar do desastre iminente. Para embarcar nessa aventura o jogador precisará ter agilidade, coordenação, fibra e alguma memória para lidar com mapas (bastante simples, mas que ainda assim conseguem confundi os mais cabeças de vento).
Você começa a história na pele de Greak, um menino pertencente ao povo mágico Courine, que devido à guerra na terra de Azur, está separado de seus 2 irmãos, Adara e Raydel. Assim, logo de cara você percebe quais são suas missões: reunir-se a seus irmãos e escapar da invasão dos Urlags. A invasão ocorre já bastante tempo, de modo que a última alternativa dos Courines é ajudar na construção de um dirigível para então voarem para terras mais pacíficas. Para isso, os irmãos terão que se infiltrar no terreno inimigo e recolher materiais de extrema importância para essa fuga.
Muitas são as memórias que passam na minha cabeça ao começar a jogar “Greak: Memories of Azur”. Logo de cara, o belíssimo visual me remete a Hollow Knight, o jogo que embora relativamente recente, já se tornou um clássico. Mas não para por aí: ao encontrar Adara, sua irmã, a jogabilidade muda um pouco, sendo necessário escolher sabiamente onde usar cada um dos personagens, já que estes possuem habilidades diferentes. Como em um mergulho à minha infância, voltei ao nostálgico jogo “Animaniacs” para Mega Drive, onde essa era a mecânica principal. Além disso, os puzzles casuais que aparecem no caminho me lembraram de alguma forma o Child of Light. Assim, em pouquíssimo tempo de jogo, você verá vários elementos que te transportarão para várias memórias, muito provavelmente vindas de jogos diferentes dos que eu citei, já que se tratam de elementos comuns a várias aventuras. Mas o ponto é que, a história de Greak é cheia de surpresas, e no meio de tudo isso há uma deliciosa salada de frutas de elementos e mecânicas, o que faz o jogador se apaixonar por esse universo.
Verdade seja dita: mesmo o jogo me lembrando muito o Hollow Knight seja pelo visual ou pelos elementos de plataforma, Memories of Azur acaba se mantendo muito mais raso em todos os elementos. Os puzzles são bem simples, a trilha sonora, apesar de competente, não tem toda a personalidade de Hollow Knight, e os mapas então, são muitíssimo menos elaborados. Por outro lado, essa é uma aventura perfeita pra se jogar casualmente, sem precisar encara-la como um desafio real.
Greak, o personagem principal e com quem a aventura começa, é um guerreiro com ataque de curto alcance. O inicio do “tutorial” parece bem básico e repetitivo, dadas as habilidades limitadas do nosso herói. No entanto, também no inicio da aventura, é possível resgatar Adara (mesmo que, nesse momento, temporariamente) e perceber como funciona a principal mecânica do jogo, que é alternar entre os irmãos para solucionar puzzles ou até mesmo mudar um pouco a jogabilidade, já que Adara não mais ataca com uma espada, mas sim tem poderes mágicos que a permitem lançar projéteis de energia e levitar por alguns segundos, o que vai agradar os que preferem se arriscar menos. O último irmão, apesar de também ser um lutador de curto alcance, possui maior resistência que os anteriores, sendo um personagem que poderia ser incluído na classe “tank”, apesar de sobreviver bem menos tempo na água. Assim, pra cada situação será necessário pensar em uma estratégia que envolva as habilidades e limitações de cada um.
Essa mecânica infelizmente tem alguns problemas, como o caso da movimentação espelhada dos personagens que não estão sendo usados no momento. Muitas vezes será mais fácil deixar os aliados em um lugar mais distante de onde a ação está acontecendo do que arriscar a morrer não por um erro seu, mas por uma movimentação de quem está te seguindo. Vale ressaltar que há também um pequeno descompasso entre os movimentos do líder e dos seguidores, o que te faz ter que voltar algumas vezes devido a movimentos dados em momentos errados.
Ainda sobre os problemas da obra, não podemos esquecer dos mapas pouco esclarecedores! Como em todo metroidvania, o momento no qual você recebe acesso ao mapa teoricamente segue de um alívio à sua memória, certo? Aqui não. Os mapas são demasiadamente genéricos e te mostram basicamente a localização dos cenários de modo bem simplório. Assim, você precisa continuar contando com a sua memória mesmo com o mapa em mãos. Além disso, um outro ponto que me irritou bastante foi o atraso entre o uso e o efeito no uso dos itens de recuperação. Funciona assim: você aperta o botão para recuperar sua vida, em um momento de perigo iminente. Alguns segundos depois (talvez uns 2 ou 3), o seu medidor indica o aumento nos pontos de saúde. Obviamente isso foi uma escolha dos desenvolvedores para elevar um pouco a dificuldade e de alguma forma criar uma mecânica original. O problema é que muitas vezes você esta enfrentando hordas de monstros, que te vencem não pela qualidade das lutas ou pela força, mas sim pelo número esmagador dessas criaturas. E como você pode imaginar, nessas situações, qualquer segundo faz a diferença. Sendo assim, o uso de itens de recuperação acaba ficando restrito aos momentos pós-batalha, mais como uma medida de precaução do que como um ato emergencial. Outro ponto fraco do em relação aos combates, que apesar de, inicialmente parecerem algo desafiadores, após pouco tempo se tornam previsíveis e sem muitas novidades. Os inimigos não são tão variados, e basicamente, o desafio é enfrenta-los em quantidade. Mais uma vez, preciso salientar que não se fica entediado nesse jogo, principalmente pelo conjunto artístico que ele oferece (visuais incríveis, trilha orquestrada, cutscenes em pontos chave e personagens carismáticos), no entanto, alguns sentirão falta de um desafio mais elaborado.
E, ainda falando desse viés artístico do jogo, sem dúvidas o aspecto visual é o maior destaque de “Greak: Memories of Azur”. Em diversos momentos você se distrai da jogatina para contemplar a obra de arte exposta na tela da sua tv. É possível perceber as várias camadas do cenário, tais como uma aquarela, que sutilmente detalham e trazem um charme único para seus olhos. Além disso, o jogo é bem levinho e ocupa somente 1,6Gb, o que provavelmente não te fará deletar nenhum jogo para ter que instalá-lo.
Assim, Greak diverte casualmente, sendo um jogo considerado muito bom, com um esforço nítido para se colocar como um título bonito e artístico, mas com algumas questões técnicas que podem atrapalhar a experiência e riscar o potencial do que o jogo tem a oferecer. Custando R$104,90 na eShop brasileira e contando com tradução para o português do Brasil, Greak: Memories of Azur acaba sendo um investimento um pouco maior do que grande parte dos jogadores estão dispostos a pagar por uma aventura tão causal, mas que se torna uma ótima pedida no caso das promoções de fim de ano.