Analisado no PlayStation 5
Desenvolvido pela Red Martyr Entertainment, Saint Kotar é um thriller de suspense com boa ambientação e tão eficaz quanto vídeos de chuva no YouTube para quem tem dificuldades em dormir.
Ainda assim, pode entreter aqueles que gostam de solucionar enigmas com pitadas de eventos bizarros.
Logo de início, somos apresentados ao jovem Benedek, que parte em uma viagem a convite de sua família. Sem muito alarde, Benedek e Nikolay, marido da irmã de Benedek, percebem que a viagem não será das melhores e a cidade em que estão está cercada por mistério e seres estranhos, além de uma enorme pressão religiosa.
Algo positivo em Saint Kotar é mesclar o ocultismo com o psicológico em uma jogabilidade o qual ambos os personagens buscam por Viktoria, irmã de Benedek sem ter a menor ideia do que os aguardam.
Citar de forma profunda e até espinhosas assuntos como religião não é novidade no mundo dos games, porém em Saint Kotar, o fanatismo e crenças abordadas podem afastar jogadores sensíveis a este tema.
Podendo alternar a qualquer momento entre Benedek e Nikolay, o enredo nos leva em duas situações distintas, mas que se entrelaçam ao decorrer da trama. Se por um lado temos o desespero do Marido em busca de sua amada, por outro temos a angústia do irmão em encontrar sua irmã em meio a tantos mistérios e conflitos familiares.
A cidade de Sveti Kotar é uma espécie de pequeno vilarejo e nela está o foco principal da trama o qual Benedek e Nikolay se dividem para buscar respostas, conversando com NPCs dos mais diferentes tipos.
Com uma jogabilidade investigativa, Saint Kotar tem um início interessante que até prende o jogador nas primeiras horas de gameplay, porém sofre com o imediatismo na resolução de alguns puzzles ou missões atribuídas aos personagens principais.
Certas escolhas trazem ao jogador desfechos rasos sem muita surpresa ou benefícios, como por exemplo, fazer com que um NPC decida ir até uma ponte altamente perigosa apenas porque foi solicitado, simplesmente para morrer, pois era necessário saber dos riscos.
Outro problema está no fato de que os cenários mais fechados contêm diversos itens a serem explorados como cartas, anotações, quadros e objetos pelos quais demandam uma boa leitura para interpretá-los e até entender a trama. A sensação de monotonia toma conta o que infelizmente prejudica em toda a narrativa criada fazendo do suspense, algo cansativo e previsível.
A história principal do espaço para missões secundarias o que garantem ao menos uma maior diversidade na exploração, tanto de Benedek quanto de Nikolay e auxiliam em prolongar o gameplay uma vez que ao finalizá-las, o jogador recebe itens colecionáveis e achievements.
O jogabilidade de Saint Kotar é literalmente através de point and click no qual o jogador escolhe determinados locais e o personagem se movimenta até eles. Causa uma certa estranheza nos minutos iniciais, mas acaba até auxiliando na atmosfera proposta pelos desenvolvedores. O incomodo fica na movimentação robótica e mesmo se tratando de um jogo indie, nada justifica a falta de cuidado ou ao menos alternativas mais eficientes para driblar a tortuosa “missão” de se locomover do ponto A ao ponto B.
A ambientação cinzenta e a trilha sonora mesclando entre o enigmático e assustador, é talvez o único trunfo acertado de Saint Kotar e a assinatura artística fica mais evidente quando o título brinca propositalmente em escurecer o cenário conforme os enigmas ou diálogos avançam para um desfecho conclusivo.
Ao menos as legendas em PT-BR estão disponíveis e colaboram positivamente tanto na imersão quanto no aprofundamento da história, em especial a de Benedek.
Finalizando, Saint Kotar trata-se de um indie com boas intenções, ideias promissoras, mas que escorregam no desenvolvimento final. Além disso, o título falha em não focar no terror ou em momentos mais tensos com o qual era de se esperar pelo prólogo apresentado. A sensação de lentidão na jogabilidade é constante e para aqueles com pouca paciência, realmente pode ser torturante.