O terceiro episódio de The Last Of Us descaracteriza personagem sem denegrir

A maturidade narrativa permite expôr uma densidade que não há no jogo!

Óbvio que já tem gente chiando aos 4 cantos da internet por causa do episódio de ontem, mas já quero avisar que: não era novidade nenhuma que algumas tramas seriam ampliadas e até modificadas de algumas maneiras, o que destoaria um pouco da história apresentada no game, a própria produção já havia mencionado que haveriam mudanças. Pensando nisso, achei a mudança bacana olhando pelo ponto de vista da série, mas confesso que foi estranho ver como o Bill foi descaracterizado, uma vez que no jogo ele é um brucutu cheio de marra que tava com dor de cotovelo por causa de uma briga com o marido e na série, ele é mais doce e retratado com muito mais romance do que foi visto no jogo.

Nesse novo episódio, a série altera muita coisa, não apenas em acontecimentos da jornada da Eliie e do Joel, mas também muda muita coisa na dinâmica de alguns personagens, introduzindo fatos inéditos, conceituados de maneira mais profunda do que o game conseguiu inserir. E mesmo com tanta gente reclamando, eu abro aqui uma linha de raciocínio: Todas as mudanças dentro da trama foram bem vindas até este ponto, uma vez que mostram o quanto a produção está se mostrando comprometida em melhorar o que já era bom, pensando em agradar fãs do jogo e agregar novos fãs ao título.

Os fãs que estão descontentes precisam entender que não se trata de depreciar os jogos, promover lacração ou qualquer outro termo que costumam usar por aí, pois as mudanças são idéias do próprio Neil Druckmann, o responsável por nos apresentar The Last of Us nos consoles. Toda essa ampliação criativa traz uma liberdade interessante, que permite expôr uma maturidade narrativa densa, transformando a série em algo maior do que os jogos, uma vez que ela tem um alcance menos nichado e o terceiro episódio é a prova viva disto. Ele superou toda e qualquer expectativa.

Todos os descontentamentos por conta de um detalhe ou outro são bem injustos, pois, até agora, tá tudo muito fiel aos jogos no que diz respeito a acontecimentos e fotografia. Até aqui tivemos Joel, Ellie e Tess saindo da zona de quarentena para encontrar os Vagalumes que estavam em Boston, quando tudo dá errado. Tess é contaminada e morre e na sequência, Ellie e Joel seguem a jornada em busca de um outro possível ponto de extração do grupo. Não há motivo para reclamar, o pé de igualdade tá pau a pau entre game e seriado.

A grande mudança que causa estranheza está no fato de que no jogo, Joel e Ellie encontram Bill no subúrbio após se depararem com várias armadilhas instaladas entre as residências. Ao sacar que se tratava de Bill, Joel decide ir até ele para obter informações sobre os Vagalumes e tentar conseguir alguns suprimentos. No jogo é claro que Joel e Bill se conhecem e possuem histórico, mas é tudo retratado de forma superficial, bem como o relacionamento de Bill e Frank. Todas as informações do relacionamento amoroso de Bill e Frank passa despercebido em meio a diálogos durante a gameplay.

E é aí, meus amigos, que a série acerta em cheio ao mudar o alicerce dessa narrativa. Enquanto o jogo segue uma linha mais discreta, sigilosa e fora do meio, a série abre mão da urgência que a jogabilidade necessitou no game e desenvolve os personagens de maneira mais rica, trazendo mais densidade de roteiro para a jornada de Joel e Ellie.

Do meu ponto de vista, como fã dos jogos e agora, da série, eu só consigo ver a beleza que ambas as mídias oferecem. No jogo, Bill é apenas um NPC que encontramos no decorrer da gameplay que nos dá um vislumbre de como todo esse apocalipse deixou os humanos ainda mais malucos, enquanto a série utilizou sua liberdade criativa para contar a mesma história, só que de forma muito mais inteligente e comprometida com o desfecho dos personagens. Na essência, algumas coisas foram alteradas, mas de forma que enriquece, sem denegrir algo que já estava consolidado.

Caso não tenha lido nossa análise do segundo episódio, clica AQUI!

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