Hogwarts Legacy – Um ótimo jogo, como num passe de mágica | Análise
Não é feitiçaria não. Hogwarts Legacy entrega tudo o que se espera de um jogo de uma franquia de bruxos.
Analisado no PlayStation 5
Há tempos os jogadores pediam um jogo baseado no fantástico mundo de Harry Potter. Mas, até mesmo pelo histórico de jogos passados, que não trouxeram bons games do bruxo para os videogames, parecia que essa realização estava distante.
Mas, pelas mãos mágicas da Avalanche Software e da Warner Games, agora temos Hogwarts Legacy, que leva o selo da Portkey Games. O jogo se passa no mundo de Harry Potter, mas muito antes dele aparecer na história.
Hogwarts Legacy acontece no final dos anos 1800, onde o jogador será um bruxo prestes a se tornar aluno de Hogwarts mas de uma forma diferente. Em uma raríssima exceção, o protagonista entrará direto no quinto ano dos estudos e para isso, contou com a ajuda do professor Fig para aprender algumas magias antes de ir para a escola.
Esse raro acontecimento não é por acaso, nosso protagonista está prestes a se tornar o centro de uma grande ameaça para o Mundo Bruxo e ele parece ser a chave para desvendar todos os mistérios que envolve a Magia Ancestral, um poder há muito adormecido. Não vou me estender em relação a história, mas nessa parte pode ir sem medo, pois ela tem tudo o que gostamos: suspense, aventura, mistério e um ótimo desfecho.
Antes de falar um pouco mais sobre o que eu achei da história, deixa eu explicar um pouco porque estou falando “protagonista”. Quando iniciamos o jogo, a primeira coisa que faremos é criar nosso personagem. As opções são bem feitas, mas para falar a verdade esperava mais coisas, ou que iria ficar um bom tempo nesta parte. Mas há coisas interessantes como poder escolher se seremos um bruxo ou bruxa, escolher a voz, em qual dormitório iremos ficar entre outras coisas. Tudo bem feito, mas com poucas opções.
Somente a partir daí que a história realmente começa, como já descrevi acima. E sem dúvida a história é ponto alto de Hogwarts Legacy. Como o jogo se passa bem antes de qualquer filme ou livro, os produtores tiveram a liberdade de criação, mas não se preocupe, tudo parece muito, mas muito familiar para aqueles que já assistiram ou leram algo da saga.
O roteiro do jogo sem dúvida foi escrito de forma muito parecida com os dos filmes, intercalando momentos de grande tensão e aventura, com momentos mais tranquilos e até cômicos. Isso porque houve uma preocupação muito grande para que você se sentisse de verdade um aluno de Hogwarts, mesmo que para isso algumas coisas nem sempre tão legais acontecesse, como ir para as aulas. Sim, tá pensando que é só aventura e farra? Não senhor, teremos que presenciar aulas e até mesmo fazermos atividades complementares.
Eu entendi perfeitamente do porquê os roteiristas fizeram isso, e aprovo, mas terá ocasiões que isso se tornará um pouco chato, principalmente na medida que a história principal for avançando.
E como pano de fundo está o mundo de Hogwards, com o seu castelo, que juro, apesar de muitas e muitas horas, ainda não consegui aprender seu mapa, de tão grande e com tantas escadarias. Aqui agradeço imensamente a presença e um minimapa e a opção de poder marcar um lugar e aparecer como chegar até lá. Ufaaa.
O jogo não se limita a apenas o castelo não. Podemos passar, e aconselho fortemente a fazer isso, horas e horas em lugares fora de lá. A opção mais bacana é Hogsmead, uma “filial” do Beco Diagonal, onde você vai encontrar tudo para suas poções e feitiços, mas o lugar perfeito para tomar uma cerveja amanteigada, mas temos vários outros lugares para viajar como a Floresta Proibida e outros lugares. O mapa é gigantesco, mas ele vai se abrindo na medida que vamos explorando. Ahhh, na medida que exploramos, também podemos usar outros meios para viajar de um lado para o outro, seja uma vassoura ou usando pó de Flu em alguns portais espalhados pelo mapa.
Como disse, tanto dentro do castelo, como fora, as referências ao mundo de Harry Potter estão lá e o mais bacana é que podemos interagir com esse mundo e até bater um papo com os NPCs. Um detalhe que vale a pena mencionar, nos passeios você poderá visitar o Campo de Quadribol, mas, como informado no começo do jogo, não teremos a opção de poder jogar uma partida do famoso esporte.
A missão principal é muito bem executada, tirando algumas barrigadas na história, principalmente quando somos obrigados a executar coisas do dia a dia da escola, mas que ainda está no contexto da trama. Já as missões secundárias, como em todos os jogos de mundo aberto, aí já não são tão bem fitas assim. Muitas delas realmente não são muito interessantes, apesar de que sempre estamos vendo algum detalhe do mundo de Hogwards. Mas elas acabam muitas vezes sendo essenciais, pois são a partir delas que vamos acumulando XP e subindo o nível do personagem.
Isso mesmo, como e todo jogo RPG, temos que ir subindo o nível de nosso personagem, cumprindo missões, ganhando XP e também indo trocando nossas vestes como luvas, roupas, cachecóis, chapéus e etc, que aumentam nosso poder de ataque e defesa, o que será muito importante com o passar da trama.
Para controlar tudo isso temos um Hub onde podemos acessar as missões, mapas, recursos e muitas outras coisas, tudo com muita facilidade.
Antes de falar do combate, queria falar da jogabilidade. Parece que a Avalanche Software resolveu caprichar neste quesito. Para isso não precisaram “inventar a roda”. Não mesmo. Com minutos de jogo, você vai perceber que tudo é muito familiar e não é à toa. O estúdio pegou coisas que funcionavam em jogos deste tipo e colocaram com maestria. Resultado, uma jogabilidade simples, mas totalmente funcional.
Isso aconteceu também com o combate, que é o segundo ponte forte, depois da trama principal. Certeza de que você vai sentir um gostinho de “eu já joguei assim” e com certeza será verdade. O combate é bem parecido com jogos como do Homem-Aranha, produzido pela Playstation, mas com uma pitada de algum feitiço, com certeza.
Nosso bruxo poderá derrubar seus inimigos em combates frenéticos usando magias, mas o mais interessante é que teremos um bom repertório delas para usar, porém há um limite por vez, sendo que sempre teremos que escolher 4 delas que estarão disponíveis. Sinceramente estava um pouco com medo de como se dariam os combates, mas o jogo me surpreendeu novamente. O combate é muito fluído, e acertando nossos inimigos, vamos formando combos que serão destruidores. O mais bacana aqui é a possibilidade de usarmos as magias de forma que podemos deixar o escudo de nossos inimigos sem utilidade e com outra magia o atacar. E nem pense que será fácil não, se no começo tudo é bem tranquilo, à medida que vamos encontrando os famosos chefões, é bom estar preparado com as melhores opções de ataque e defesa.
Uma observação aqui. É notório que se nos livros e filmes de Harry Potter, existia magias que eram “proibidas” de usar, aqui não se preocupe, o jogo não tem essa moralidade toda e podemos usar magia de fogo e até opções das artes das trevas.
Tivemos o privilégio de jogar Hogwarts Legacy em um PlayStation 5, e podemos falar que os gráficos do jogo realmente estão bons, trazendo em muitos momentos uma fidelidade excelente. Os detalhes foram bem feito, e podemos passar momentos em que vale a muito olhar para todos os lados observando aquele mundo muito bem feito. A arte do jogo é praticamente perfeita, as vestimentas, os móveis e a decoração, tudo muito bem desenhado e dentro deste mundo encantado e, se apresentando de uma forma muito cinematográfico.
A iluminação e os reflexos são bem trabalhados no jogo, faltando alguns detalhes que já sabemos que serão arrumados antes do jogo chegar as lojas no dia 10 de fevereiro. Aqui, jogamos alternadamente entre os diferentes modos de gráficos, que optam por uma fidelidade maior, com quadros menores e também os que privilegiam o FPS em detrimento a qualidade gráfica, mas sempre tentando ficar dentro do 4K.
Mas há alguns probleminhas que encontramos. O primeiro já vimos logo no comecinho do jogo. Apesar de nos momentos jogáveis o game apresentar bons gráficos, há uma queda considerável quando analisada ao entrar uma CG. Nessas cenas podemos ver uma qualidade gráfica bem mais alta, e um detalhamento do personagem e ambiente até mais rico.
Outro problema encontrado foi quando você percebe o cenário se construindo na medida que você vai explorando algum local. Apesar de não conter quando grande frequência, isso pode prejudicar um pouco a imersão.
Falando em imersão, queria agora falar um pouco para os jogadores que jogarão em um PlayStation 5 com um Dualsense. Sim, há algumas coisas bem legais e sutis, mas que fazem diferença na jogatina. A resposta Tátil e os gatilhos adaptáveis são excelentes, seja no uso das magias ou simplesmente no andar do personagem. Por isso eu aconselho fortemente a usar essas opções no controle.
O mesmo ocorre com o áudio 3D no PlayStation 5, nos dando uma imersão enorme em relação ao som, podendo ouvir nitidamente de onde o inimigo está vindo ou detalhes do som ambiente e das conversas dos outros personagens. Chega a ser impressionante em diversos momentos. Apesar de esse recurso estar presente também quando jogamos na TV, mais uma vez aconselho a usar um fone de ouvido, que traz uma fidelidade muito maior para esse recurso.
Voltando a falar do som, não temos que deixar de falar da trilha sonora. Muito bem executada e tudo se remetendo ao que já ouvimos antes nos filmes da franquia. E tudo na hora certa, de uma maneira bem simples e eficaz. Os efeitos sonoros são primorosos, seja para destacar uma magia ou mesmo um dos vários “animais fantásticos” que vamos encontrar durante a exploração.
Outro ponto muito positivo está na localização. Não consegui encontrar nenhum problema com os menus ou legendas, mas o melhor está em sua dublagem para nosso idioma, muito bem feito e olha que há muito, mais muito diálogo em um jogo com quase 40 horas de campanha. Parabéns ao estúdio.
Como vimos, Hogwarts Legacy cumpriu uma difícil missão, de poder trazer novamente o mundo da bruxaria em um jogo neste universo fantástico, sem precisar apelar para Harry Potter.
O trabalho dos escritores foi um pouco facilitado pela excelente ideia de o jogo se passar bem antes dos livros, mas isso não tira o brilho do roteiro, que traz em sua história principal uma ótima trama, de uma forma bem cinematográfica.
Se ainda ocorre alguns probleminhas com gráficos, isso é compensado com o detalhamento que podemos ver deste mundo e dos personagens. Também devemos levar em conta o tamanho deste mundo, que é enorme e vai muito além dos muros do Castelo de Hogwarts.
Sim, esse é pra mim o melhor jogo que envolve a franquia e o primeiro que nos faz sentirmos com um bruxo de verdade sem ter que apelar para o personagem icônico Harry Potter. Explorar esse mundo livremente e duelar de forma fluida usando nossa varinha, traz uma sensação maravilhosa, parecendo que tomamos alguma poção de felicidade, mas não é não, foi sem dúvida um ótimo trabalho da Avalanche juntamente com a Warner Games.
“Bom, e se eu não gostar desse universo, posso me arriscar?” Sim, mesmo se você caiu de um outro planeta e nunca ouviu falar dessa franquia, recomendo sim a jogatina, pelo simples fato de que o jogo é realmente bom, e tenho certeza de que você vai se interessar muito pela Lore deste mundo mágico.
Agora me dá licença que vou pegar minha vassoura e voltar para Hogwarts pois ainda tenho aulas para assistir. Ahhh, fique com o começo do jogo no vídeo abaixo: