Company of Heroes 3 – Voltando para o campo de batalha | Análise

Company of Heroes é uma franquia de RTS que se inspira e tenta retratar os acontecimentos da WWII (Segunda Guerra Mundial)

Analisado no PC


Company of Heroes 3 é um jogo de estratégia em tempo real (RTS) desenvolvido pela Relic Entertainment e distribuído pela SEGA Europe. O título tem data prevista de lançamento para 23/02/2023 em sua versão de PC com versões de consoles esperadas para mais tarde.

O tempo passou e finalmente os fãs de Company of Heroes podem jogar uma nova campanha. Company of Heroes 3 traz novidades, melhorias e correções necessárias, mas ao mesmo tempo também adiciona outros problemas em uma fórmula que pode não agradar aos fãs mais tradicionais.

Quem é fã da série já sabe o que esperar, mas para quem não conhece Company of Heroes é uma franquia de RTS que se inspira e tenta retratar os acontecimentos da WWII (Segunda Guerra Mundial), colocando o jogador no controle das forças aliadas ou do eixo para reviver confrontos históricos. Nesta terceira entrada nós iremos vivenciar os acontecimentos ligados ao Mediterrâneo, com a campanha italiana que começa pela invasão da Sicília e nós leva até a liberação da Itália e a campanha do Norte da África que nos coloca no comando das forças alemãs Deutsches Afrika Korps onde receberemos ordens de “Erwin Rommel”.

A história continua seguindo a mesma receita encontrada nos títulos anteriores com as introduções das missões e histórias sendo contadas do ponto de vista de civis e soldados, uma abordagem interessante que funciona e consegue criar uma certa camada de imersão com o jogador.

História a parte o título recebeu modificações em sua jogabilidade com novidades que podem ou não agradar os fãs da série. No geral o jogo continua o mesmo com batalhas separadas por objetivos e esquadrões com unidades específicas, contudo agora não basta apenas dar ordens e partir para o combate pois temos uma campanha com modo dinâmico.

Durante a campanha italiana o jogador terá de utilizar o modo dinâmico entre os combates. Este modo nada mais é do que um novo modelo de RTS por turnos que segue o estilo “Total War”, onde você precisa captar recursos e gerenciá-los para modificar o campo de batalha e também criar oportunidades. Aqui temos de tomar decisões que afetam o progresso e criam ou fecham oportunidades com os três subcomandantes Buckram, Norton e Valenti, estes que representam o exército americano, a marinha britânica e as forças de resistência italianas. Dependendo de suas ações você ganhará favores que podem ser utilizados para liberar facilidades e os três são bem distintos com o americano sempre buscando batalha, o britânico priorizando estratégia e a resistência tentando evitar a demolição total das cidades.

Esta campanha dinâmica é bastante interessante e adiciona uma nova camada de estratégia, mas ao mesmo tempo ela torna a jogatina bastante cansativa visto que apesar de ser possível fazer batalhas menores no modo automático, a limitação de movimentos por turno faz você perder muito tempo até poder partir para o próximo combate. Um fator que com certeza irá incomodar os fãs mais tradicionais da série.

Campanha a parte a jogabilidade ganhou várias melhorias e correções, novidades que fazem os combates mais dinâmicos e cheios de ação. Nos mapas baseados na Itália temos muitas estruturas, pontes e edificações, locais perfeitos para esconder tropas e fazer emboscadas, nestes mapas os veículos são mais limitados e o foco é maior nas unidades, em contrapartida os mapas baseados no Norte da África são cheios de desertos e planícies, locais ideais para artilharia, veículos e tanques, aqui as unidades são necessárias, mas ficam bastante expostas.

As novidades ficam por conta de pequenas coisas e detalhes, como a adição de uma pausa tática que permite o jogador pausar o combate e dar ordens para suas unidades, do novo sistema de destruição que não acaba com as coberturas e sim as modifica, do novo sistema de breaching que possibilita assaltar edificações dominadas por inimigos ao invés de bombardeá-las e de pequenas coisas como a possibilidade de colocar suas unidades em cima de tanques para movimentação.

Acompanhando as novidades o jogo tem uma AI que é melhor do que a anterior, porém ainda está longe do ideal. No geral a AI inimiga ainda está bem ruim e funciona basicamente no modo ataque sem contra-ataque ou defesa, os inimigos quando estão em ataque podem tentar te flanquear e sempre vão partir para cima sem pensar em se defender, em contrapartida uma vez que você conquistou um território será raro acontecer algum contra-ataque para tentar retomar aquele ponto, o que acaba diminuindo a necessidade de estratégia defensiva.

A falta ou a precariedade de um modo de defesa por parte da AI inimiga é bastante evidente e faz com que vários combates sejam resolvidos facilmente na base da artilharia, pois mesmo quando um batedor é avistado por algum tanque ou artilharia inimiga, eles não irão se mover de lugar e você só precisa bombardear a área para eliminar aquela ameaça.

O pathfinding está melhor, mas ainda possui sua dose de problemas irritantes. Comparado aos outros títulos o pathfinding desta terceira entrada está bem melhor e durante as jogatinas as unidades se comportaram de maneira bastante satisfatória ao se moverem e se posicionarem no cenário. Os problemas aqui não são causados mais na movimentação pelo cenário e sim na utilização de habilidades, onde as tropas uma hora entendem a ação e em outra preferem correr de braços abertos para os inimigos.

Este problema era bastante recorrente ao utilizar granadas, artilharia ou qualquer munição de longa distância, onde em determinado momento a tropa arremessava a granada de maneira correta e na mesma situação ela decidiu não arremessar de longe e optava por correr e colocar a granada no pé do inimigo. Com artilharia acontecia o mesmo problema, onde você coloca um local para bombardear e tempo depois marca o mesmo local só que ao invés de atirar as tropas começam a andar para o local, não precisa jogar para perceber que quando acontece esse problema é uma grande dor de cabeça pois você acaba expondo e perdendo unidades para fogo inimigo.

Problemas a parte o jogo está com uma ambientação muito boa. Assim como em Age of Empire IV, a Relic utilizou a Essence Engine 5.0 para desenvolver Company of Heroes 3 e o resultado é um jogo com belos gráficos e cheio de detalhes. Das texturas aos detalhes e a física, tudo está muito bem feito, os cenários são ricos, a iluminação e os efeitos estão legais, mas a cereja do bolo são os vários pequenos detalhes proporcionados por esta nova física, como o sistema de destruição que leva em conta até disparos de tanque que quando feitos próximos a edificações quebram as vidraças. Para acompanhar essa apresentação temos uma boa dublagem de personagens e excelentes efeitos sonoros, porém a trilha sonora de fundo é limitada e acaba enjoando com o tempo de jogo.

Para quem se cansar da campanha, o título também traz partidas personalizadas solo ou coop contra a AI e um modo multiplayer para 1v1, 2v2, 3v3 e 4v4, podendo escolher entre as facções aliadas Forças Americanas e Forças Britânicas ou do eixo Wehrmacht e Afrika Korps. Infelizmente por conta de jogarmos uma versão anterior a do lançamento o modo multiplayer estava vazio e por isso não conseguimos testá-lo.

No final, Company of Heroes 3 é um título que traz melhorias a franquia ao mesmo tempo que introduz alguns novos problemas, o jogo é divertido e com certeza irá agradar aos fãs de RTS, contudo a nova campanha dinâmica quebra um pouco o ritmo de jogo e pode afastar os jogadores mais tradicionais. O preço cobrado é salgado pela experiência atual e por isso eu prefiro recomendá-lo no seu estado atual somente para quem se interessar, do contrário é melhor esperar por atualizações ou por uma promoção.

Confira no vídeo abaixo o início da campanha italiana de Company of Heroes 3:

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