Analisado no PlayStation VR 2
No final de 2016, nós que tínhamos o PlayStation 4 fomos apresentados ao maravilhoso mundo da realidade virtual pois o PlayStation VR estava sendo lançado com vários jogos e experiências magníficas mostrando como seria esse novo mundo. E sim, estou falando por mim mesmo, que sou um jogador de vídeo game e não de PC, pois a galera do PC já estava nesse novo mundo há algum tempo.
A sensação de profundidade nos cenários era incrível, os controles ainda eram os mesmos Move do PS3, mas a realidade virtual estava entre nós, e mesmo que os gráficos de alguns jogos fossem um pouco embaçados eram o ápice para mim.
Um desses jogos era a sensação do momento e um dos mais divertidos de todos, seja para mostrar para os amigos, ou simplesmente jogar sozinho tentando bater os recordes, atirando em palhaços assassinos, aranhas, aparições e tudo que mais desse medo nos mais corajosos.
Em sete fases infernais a bordo de um carrinho de Montanha Russa, segurando duas armas com os controles MOVE, esse jogo era Rush of Blood, um spin-off de Until Dawn, um dos jogos de terror que trazia uma das melhores atmosferas de filme de terror já vistos em um game, com gráficos deslumbrantes e vários caminhos a escolher que mudam a trajetória e o destino das personagens, levando-as a várias mortes muito bem elaboradas que poderiam ou não ser evitadas durante a aventura.
Rush of Blood conseguiu trazer a essência de Until Dawn para a realidade virtual e nos surpreendeu com uma de suas maiores características, o “jump scare”, que era a coisa mais legal e divertida de mostrar para os amigos desavisados. Afinal de contas, quem não gosta de ver os amiguinhos tomando sustos, não é? Além disso existiam várias descidas, curvas de virar a cabeça e fechar os olhos de medo em trilhos repletos de emoção que davam um friozinho na barriga, achando mesmo que estávamos em uma Montanha Russa.
Seis anos após o primeiro PlayStation VR ter sido lançado seriamos agraciados novamente com mais uma experiência magnífica em realidade virtual envolvendo o time da SUPERMASSIVE GAMES, uma montanha russa, armas, terror e suspense de primeira, e o mais novíssimos óculos da Sony, o PlayStation VR2. Bom, era o que eu pensava. E mesmo com toda tecnologia nova envolvida, The Dark Pictures Anthology: Switchback VR finalmente é lançado, e para minha maior surpresa, foi uma bela de uma decepção.
O jogo se passa no universo da série “The Dark Pictures Anthology”, e traz consigo 10 fases baseadas em seus games, que são: Man of Medan, seguida de Little Hope, House of Ashes e The Devil in Me. A primeira é mais um tutorial e a última é a “luta” contra o chefe final, então basicamente são duas fases de aproximadamente vinte minutos cada baseadas nos quatro jogos da franquia.
Eu joguei Man of Medan inteiro e fui só até a metade de The Little Hope, abandonando depois por ter achado a trama muito parada e meio tediosa. Enfim, munidos com duas armas assim como em Rush of Blood, estamos em um carrinho seguindo um trilho, com várias subidas e descidas em cenários bem familiares, a jogabilidade entre esses dois títulos não mudou muito, exceto pelos controles SENSE do PSVR2, onde sentimos cada vibração diferente que eles proporcionam, e também os efeitos de gatilho quando atiramos com cada tipo de arma que pegamos. Além disso o Headset é a grande novidade, pois vibra bastante em várias partes do jogo, dando mais ainda a sensação de imersão. Um ponto que preciso fazer uma reclamação, é a escolha dos desenvolvedores em remover nossos braços como havia em Rush of Blood, nos deixando apenas com um par de mãos flutuantes em The Dark Pictures Anthology: Switchback VR, eu vejo isso como uma retração.
Infelizmente para mim o grande problema de Switchback VR está ligado diretamente aos gráficos do jogo pois depois de ter experimentado games como Horizon VR: Call of the Mountain, e Star Wars: Tales from the Galaxy Edge, eu não esperava menos do que esse tipo de qualidade, ainda mais por ser um jogo da SUPERMASSIVE, que preza muito pela qualidade de seus jogos.
Switchback VR trás ambientes incríveis em suas fases, mas que perdem todo seu brilho por terem “gráficos de PSVR1”, sim, eu estou fazendo essa comparação pois foi o que senti quando entrei no mundo do jogo, gráficos embaçados, quedas de framerate, cenário renderizando na nossa frente, efeitos de textura sendo carregadas. Fora isso o game não tem descidas com as de Rush of Blood, o frio na barriga não existe por aqui, o passeio no carrinho é bem tedioso e eu não via a hora da fase acabar para ver se o que vinha em seguida era mais empolgante. Os “jump scares” que existem são bastante previsíveis e os inimigos são bem repetitivos.
O modo “Don’t Blink (Não pisque), que utiliza o eye tracking do PSVR2, recurso que era MUITO AGUARDADO por mim, também é um pouco decepcionante, ele está inserido em algumas partes das fases e consiste em não piscar nossos olhos pois os monstros que geralmente estão parados, se mexem a cada piscada e chegam mais perto do carrinho. Existe outro “modo” também que se chama “Silence”, que consiste em não fazermos som algum para algo ruim não acontecer.
O som do jogo é muito bom, trazendo a atmosfera perfeita para esse tipo de jogo, muitos gritos, vozes sinistras que entram por nossos ouvidos e somem ao longe, como se realmente alguém tivesse passado atrás de nós. Dá pra perceber que o time da Supermassive utilizou a mesma biblioteca de áudio de Rush of Blood, pois o som das armas é o mesmo para mim. Um ponto excelente aqui, é que o jogo está totalmente localizado para o português do Brasil, tanto na dublagem que é muito boa, quanto no texto.
Tirando o banho de água fria que tive por ter tido uma expectativa extremamente alta para este game, e ele não alcançar essa expectativa, o game é divertido e mais ainda para quem jogou a série The Dark Pictures pois irá reconhecer todos os cenários e referências dos games anteriores. Uma coisa bem interessante que faz o game ter um bom fator replay é o fato de podermos escolher os caminhos que tomamos, e até optar por salvar ou não, certos personagens que aparecem durante o trajeto.