Diablo IV – Agora é a vez de Lilith | Análise
A jogatina segue o padrão da série, com o foco em completar masmorras aumentando a dificuldade conforme você progride
Analisado no PC
Diablo IV é um RPG e ação isométrico, desenvolvido e distribuído pela Blizzard Entertainment. O título foi lançado em 06/06/2023 com versões para plataformas PC, PlayStation 4|5 e Xbox One/Series X|S.
Após 11 anos a franquia Diablo finalmente recebe seu quarto título ou quase. Diablo IV atualiza e expande a tradicional fórmula de sucesso da série, introduzindo alguns bons elementos e outro um tanto questionáveis neste que agora é um pseudo-MMO.
A história de Diablo IV tem como trama principal o retorno de Lilith, a filha do Ódio, em uma campanha que se estende por 8 atos, sendo 6 principais mais prólogo e epílogo. No geral, a história é mediana e se desenvolve de maneira lenta, com justificativas forçadas e vários personagens que são pouco desenvolvidos, sendo mortos no mesmo momento em que são apresentados. Apesar de não ser digna de Oscar, a trama consegue se manter até o ato 5, pois infelizmente a partir daqui temos um final cheio de eventos bobos. A campanha termina de maneira acelerada, com eventos que passam a impressão de que os roteiristas esqueceram que a história estava terminando e decidiram justificar suas escolhas de qualquer maneira. Temos personagens fortes que “lutam que nem leões e morrem como veados” e vários acontecimentos que não se justificam, dado os eventos vivenciados pelos personagens.
Se a história não é o ponto alto da experiência, a jogabilidade traz uma combinação de combate e exploração que com certeza irá garantir boas horas de jogatina para os fãs da série, mas ao mesmo tempo ela é acompanhada de elementos que você irá amar ou odiar.
Diablo IV é praticamente um pseudo-MMO e ao explorar o mundo você irá encontrar outros jogadores, com a possibilidade de fazer eventos públicos, chefes mundiais, PVP, além das tradicionais masmorras. A experiência realmente começa após terminarmos a campanha, pois é só após a finalização da história principal que todos os elementos da jogatina serão liberados e você finalmente poderá partir para o “grind” atrás de itens mais fortes para montar seu personagem.
O jogo traz cinco classes distintas, Bárbaro, Renegado, Mago, Necromante e Druida, todos com suas árvores de habilidades e aspectos lendários que alteram completamente a jogatina. No geral a árvore de habilidades é um pouco inconsistente e traz habilidades com dano e efeitos que simplesmente não podem ser ignoradas, o que acaba diminuindo um pouco a quantidade de combinações viáveis mesmo com os aspectos modificando completamente a jogatina. Claro que isso é só para quem deseja extrair o máximo do personagem, sendo ainda possível montar sua composição da maneira que melhor lhe agradar.
A jogatina segue o padrão da série, com o foco em completar masmorras aumentando a dificuldade conforme você progride, contudo o sistema agora mudou e o jogo ajusta o nível dos inimigos de acordo com o do seu personagem e tecnicamente você nunca irá se sentir forte, a não ser que consiga certas composições com itens lendários. No geral as masmorras estão melhores do que as do jogo anterior e chegam num sistema de geração procedural para tentar deixar cada experiência diferente, contudo praticamente todas elas se resumem a mesma fórmula, onde você basicamente explora o lugar em busca de itens que geralmente estão nos extremos do mapa, para assim conseguir abrir uma porta que se encontra fechada, só para fazer isso de novo e então abrir a porta final e enfrentar o chefe, estes que tem uma certa variedade e algumas mecânicas.
É possível notar a repetição de cenários e objetivos após algum tempo de jogo, fato este que também se estende para os eventos públicos e após algumas horas de jogatinas você irá se encontrar fazendo as mesmas coisas por repetidas vezes. Claro que este não é um problema, pois o combate é legal e a fórmula do jogo se mantém praticamente a mesma, quem gosta do ciclo de jogo da série terá muitas horas de jogatina.
Assim como o terceiro título, os comandos foram totalmente customizados para adequar a jogatina nos controles dos consoles e o crossplay, por isso continuamos com o limite de apenas 6 habilidades principais disponíveis. Jogamos no PC com ambos teclado/mouse e controle, onde o kit de teclado se mostrou mais preciso e versátil, pois com ele é uma tarefa fácil escolher o inimigo e também a área das magias. No controle a coisa muda e o jogo ativa uma trava de mira automática que sempre procura atacar o inimigo mais próximo, fora isso também é bem mais complicado definir o local de magias em área.
O jogo está lindo e a ambientação é simplesmente sensacional. Além das tradicionais cinemáticas extremamente bem feitas e dignas de filme, temos cenários sombrios, um excesso de gore que justifica os eventos do jogo e uma trilha sonora de arrepiar. A apresentação é muito boa e os gráficos trazem texturas incríveis e vários efeitos de iluminação, além disso temos “transmorg” gratuito que traz a possibilidade de alteração da aparência dos itens do seu personagem livremente e para concluir o conjunto, o jogo está localizado em PT-BR com dublagem e legendas.
Seguindo o padrão introduzido em Diablo III que requer conexão constante nos PCs e não nos consoles, Diablo IV é um título “always online” que requer conexão constante para ser acessado e infelizmente isso traz vários problemas para sua jogatina. Durante nossa experiência foi comum ter de conviver com atrasos, desconexões e os famigerados “rollbacks” que é quando o jogo perde a sincronia e força seu personagem a voltar alguns segundos, os problemas são comuns em cidades e áreas mais populares, mas também podem acontecer dentro de masmorras e afins. Eu sei que esta é a semana de lançamento e que provavelmente o jogo ficará mais estável com o tempo, mas é difícil ignorar os problemas de conexão que se mostraram comuns durante nossos testes e que já fizeram suas vítimas, com jogadores perdendo personagens no modo hardcore por conta dos problemas de servidores. Essa exigência de conexão provavelmente está relacionada à justificativa de se tentar evitar a pirataria e se aproveitando desta, a desenvolvedora adicionou alguns elementos que com certeza não irão agradar parte da comunidade.
Como um pseudo MMO que requer conexão constante e com um custo inicial bastante salgado, Diablo IV traz um sistema de serviço atrelado a sua jogatina, com loja de itens e passe de batalha. Por enquanto o jogo se mantém sem itens PaytoWin (pague para ganhar) e a loja só contêm itens cosméticos que por sinal também tem um preço bem salgado, o passe de batalha será lançado em Julho e trará um sistema com recompensas gratuitas e pagas, sendo que até o momento tudo indica que o sistema também se baseará em cosméticos e só o futuro dirá o rumo que a desenvolvedora irá tomar.
Diablo IV expande a fórmula de sucesso da franquia, adicionando novos elementos que você irá amar ou odiar em uma experiência que no final é simplesmente mais Diablo e quem é fã com certeza irá se divertir. O preço cobrado é salgado e o jogo requer conexão constante, por estes motivos eu prefiro recomendá-lo em seu preço cheio somente para fãs que não veem a hora de explorar as novas masmorras, do contrário é melhor esperar por uma futura promoção.