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Pixel Ripped 1978 – Onde tudo começou… | Análise

Em Pixel Ripped 1978, controlamos Bug, uma pessoa do mundo real que controla Dot dentro dos jogos.

Analisado no PlayStation VR2


Em 2018, o estúdio ARVORE nos presenteou com uma das séries que mais amei no mundo da realidade virtual. Tratava-se de “Pixel Ripped 1989”, que trazia a heroína DOT enfrentando vários desafios em um console portátil de 8 bits, até confrontar seu arqui-inimigo, Cyblin Lord, cujo propósito era roubar a Pedra Pixel e destruir Far-of-a-Land, lar de nossa heroína e muitos outros habitantes. Mais tarde, em 2020, avançamos no tempo e recebemos o maravilhoso “Pixel Ripped 1995”, que nos transporta para a era dos consoles de 16 bits, trazendo muitas referências ao Super Nintendo, Mega Drive e até mesmo ao PlayStation.

Sem saber o que esperar de um terceiro jogo, só descobrimos meses atrás que, em vez de avançarmos mais no tempo, desta vez regredimos aos primórdios, à era dos “telejogos” e, principalmente, do ATARI, que é o grande protagonista de nossa história desta vez.

Mais uma vez Far-of-a-Land corre perigo, pois Cyblin Lord retornou e seu mais novo plano é tornar-se protagonista do mundo dos games. Para isso, ele rouba três pedras mágicas que o ajudarão a bagunçar tudo. Com o mundo encantador de Dot entrando em colapso, ela precisa se sincronizar mais uma vez com uma pessoa do mundo real para perseguir Cyblin Lord e com a ajuda de seu Mestre, Dot consegue se sincronizar com Barbara “Bug” Rivers, a própria criadora de Pixel Ripped, que está trabalhando em seu jogo na companhia ATARI.

A jogabilidade desse novo jogo varia bastante, alternando entre jogos 2D e 3D. Os novos controles SENSE do PlayStation VR2 ajudam muito nessa nova empreitada, pois, ao contrário dos dois jogos anteriores que dependiam da barra de luz emitida pelo Dualshock 4 para a câmera (sim, a versão para PSVR1 usava o Dualshock como controle, enquanto os óculos do PC já tinham outros tipos de controles), os controles aqui são mais precisos.

Pixel Ripped 1978

Em Pixel Ripped 1978, controlamos Bug, uma pessoa do mundo real que controla Dot dentro dos jogos. Para explicar melhor, estamos em nosso cubículo de trabalho, sentados em frente a um monitor junto com um console ATARI. Em nossas mãos, temos um controle com um botão quebrado, o que faz Dot apenas andar em um jogo que lembra muito o saudoso Pitfall. Quando chegamos a pontos-chave do jogo em que não podemos mais avançar, surge uma amiga de trabalho que se oferece para consertar o controle. Dessa forma, temos um controle novinho do ATARI em nossas mãos, mas agora com o botão que permite que Dot pule no jogo, para que possamos passar da parte em que estamos encalhados.

A hora em que o jogo fica em 3D é quando entramos dentro de outros games usando nosso bracelete de sincronia. O primeiro deles é Bentley’s Quest, um jogo em que o Urso Bentley pede nossa ajuda para recuperar sua bolsa cheia de pedras e assim que o fizermos, ele nos dará uma nova habilidade para destruir algumas paredes e avançar nos games em 2D. Nesse mundo, vemos um ambiente completamente pixelado onde andamos e atiramos com nossa arma de pixels nos inimigos criados por Cyblin Lord, seguindo um caminho até cumprir os objetivos. Esse modo é uma inovação para esse novo Pixel Ripped, mas particularmente, não gostei muito dele.

O lance de alternar entre 2D, ir para o 3D e voltar para o 2D é interessante, mas o que realmente me atrai na franquia são as partes em que estamos jogando em frente a uma TV, monitor ou portátil. A sensação é de estar em outro lugar de verdade. Por exemplo: quando estou no cubículo “trabalhando” e alguém entra ou passa pelo corredor ao nosso lado, a sensação que tenho é sempre a mesma, de que não estou sozinho em casa no meu sofá. Isso me assusta, me emociona e me faz acreditar que uma pessoa realmente passou por ali. Estamos concentrados na tela da TV, mas na verdade estamos em um mundo virtual. É esse elemento que chama minha atenção, ou ter que desligar a TV no meio da noite ao ouvir os passos de minha mãe se aproximando do quarto (como acontece em outro game da franquia), que me faz sentir a realidade virtual em si.

Pixel Ripped 1978

Nos dois primeiros jogos, mesmo quando saímos da frente da TV, como é o caso da fase da locadora em que saímos e ajudamos Dot em dois jogos diferentes, estamos jogando em dois consoles com duas telas à nossa frente. Ali estamos em primeira pessoa, como se fôssemos uma pessoa real naquele ambiente, vendo o mundo real ao nosso redor, com meninos falando sobre jogos e o cara atrás do balcão atendendo as pessoas, e assim por diante. Essas fases também existem em 1978, quando pulamos de ano em ano, vendo a infância de Dot jogando um “telejogo” em sua sala ou em seu dormitório na faculdade, anos mais tarde, em outro jogo. Para mim, as partes em que Cyblin Lord sai do jogo e vai para o mundo “real” são sensacionais. Ou seja, há bastante disso nesse novo jogo também, e aqui estou apenas explicando o motivo pelo qual não gostei tanto da parte 3D em que controlamos Dot dentro dos jogos.

Sobre a parte sonora ela me agradou bastante, a maravilhosa música tema de Pixel Ripped está sempre presente, os efeitos sonoros não deixam nada a desejar em relação aos outros games da série.

Pixel Ripped 1978

A parte gráfica é sempre muito bem feita, e nesse jogo dá para perceber um polimento a mais em relação aos outros jogos. Afinal, eu jogava no PSVR1 e agora, jogando no PSVR2, era de se esperar um acabamento melhor, principalmente em relação aos personagens “reais” do jogo. Uma coisa que senti falta foram os dedos do nosso personagem apertando os botões e também mais aborrecimentos causados pelas pessoas à nossa volta, além do telefone que toca direto e tem vozes muito conhecidas. Além disso, nosso chefe, Nolan Bushnell está presente, temos inclusive a voz do meu brother Rafael Fonseca, do canal PSVRAFA, do Youtuber Gamertag VR, Paul do Without Paroule, entre outros que só quem acompanha o mundo da realidade virtual irá identificar. Temos pessoas jogando bolas de futebol americano e, caso não joguemos de volta, acabam jogando várias bolas de uma vez, desligando nosso console.

Pixel Ripped 1978 é uma viagem nostálgica e divertida para aqueles que viveram a era de ouro do Atari. Há muitas referências, como pôsteres, cartuchos, os consoles originais, e até fatos interessantes, como o que aconteceu com os cartuchos do E.T. que não foram vendidos e foram enterrados em um deserto. Os puzzles são ótimos, as partes em que Cyblin Lord sai da TV são magníficas e a história nos prende até o final, proporcionando até um plot twist para entendermos as motivações do vilão. Inclusive, a última fase é uma das melhores desse jogo, nos levando para dentro de um tabuleiro muito conhecido no mundo geek. Meu tempo total de jogo foi de 4 horas e 40 minutos, mas peguei apenas 20 dos 40 cartuchos dourados do Atari espalhados no game.

Agora, uma das coisas que pode passar despercebida pela maioria das pessoas é um detalhe que somente brasileiros conseguem identificar. A cozinha da casa de Dot, quando começamos o jogo, não podia ser mais brasileira do que aquilo. Tem um pano de prato na porta do forno do fogão, um filtro de água feito de barro, um pinguim em cima da geladeira e uma mesa cheia de frutas. Agora, minha pergunta é: em qual outro jogo você já viu uma cozinha assim? Nenhum, somente em um jogo feito por uma brasileira, óbvio!

Confira no vídeo abaixo as impressões sobre o Pixel Ripped 1978:

Pixel Ripped 1978

8

Nota

8.0/10

Positivos

  • Muita nostalgia dos primórdios dos videogames
  • Gráficos sem serrilhados ou embaçados
  • Jogabilidade ótima e acessível a todos
  • Vários Easter Eggs
  • Legendas em português (que ficarão disponíveis nos primeiros updates)

Negativos

  • Os dedos na nossa personagem não se mexem como nos outros games
  • Pouca variedade de jogos como nos outros games, mas entendo que a época era de descobrimento e não tinha muito para onde ir.
  • Inimigos fáceis
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