Another Fisherman’s Tale – Ainda é bom, mas perdeu o brilho do primeiro | Análise

A primeira parte do jogo é basicamente um tutorial que mostra as novas mecânicas do jogo.

Analisado no PlayStation VR2


Em janeiro de 2019, recebemos um jogo chamado “A Fisherman’s Tale” para o PlayStation VR, que inicialmente não me chamou muita atenção. No entanto, isso logo mudou quando comecei a jogar e percebi uma proposta completamente diferente do que eu imaginava.

No jogo, assumimos o papel de um boneco marinheiro feito de madeira, com braços de barbante, e nos vemos presos em um farol com uma pequena maquete do próprio farol no meio da sala. Para minha surpresa, o que acontecia na maquete também acontecia na vida “real” do marinheiro. É um pouco confuso de explicar, mas vou tentar, pois a análise desse novo jogo depende que você, querido leitor, entenda como o jogo antigo funcionava. Caso não queira saber ou já conheça o jogo, pode pular para o próximo tópico.

No ambiente de realidade virtual, assumíamos o papel do marinheiro em tamanho real e realizávamos tarefas cotidianas, como escovar os dentes, abrir a janela, colocar lenha no fogão, limpar a coleção de conchas e mexer na maquete do farol que ele estava construindo. Um certo dia o marinheiro acordou e percebeu que as coisas estavam diferentes: havia tábuas pregadas na janela, impedindo-a de abrir. Foi então que a maquete entrou em cena, pois, ao interagirmos com ela, também conseguíamos influenciar nosso mundo. No entanto, as coisas iam além quando percebemos que existiam basicamente três dimensões: a nossa, que víamos em primeira pessoa, a da maquete e uma dimensão fora de nossa casa. Sim, também estávamos dentro de uma maquete maior do que a da mesa, e descobrimos isso quando retiramos o teto da maquete pequena. Ao fazer isso, podíamos lançar objetos pequenos da nossa dimensão para a maquete, e eles se tornavam maiores em nosso mundo, e vice-versa. Portanto, para resolver os quebra-cabeças, era necessário “brincar” entre as dimensões, e isso me deixou bastante entusiasmado, pois era algo muito interessante de se fazer em realidade virtual. Sei que pode parecer um pouco confuso, mas ao jogar, é possível compreender bem a proposta que o jogo trouxe e que esse novo jogo praticamente deixou de lado.

A história de Another Fisherman’s Tale

Nossa aventura começa mais uma vez na pele de madeira do nosso marinheiro, ele conta uma história para sua filha, na qual ele estava viajando em busca de pistas que o levariam a Libertalia, a terra da Liberdade. No entanto, um imprevisto ocorreu quando ele colidiu com uma rocha no mar e acabou em uma ilha remota, literalmente em pedaços.

A primeira parte do jogo é basicamente um tutorial que mostra as novas mecânicas do jogo. Dessa vez, temos liberdade para andar usando os analógicos dos novos controles do PlayStation VR2. No primeiro jogo, era usado o sistema de teleporte, o qual, para mim, sempre tira um pouco da imersão da realidade virtual. Como estamos praticamente em pedaços, as novas mecânicas incluem a habilidade de jogar nossa cabeça para lugares altos e analisar o cenário, além de projetar nossas mãos para alcançar itens e alavancas.

E é aí que tive o meu maior problema com o jogo: quando lançamos nossas mãos, podemos controlá-las como se fossem o “Mãozinha” da Família Addams, o problema aqui é que os controles são muito ruins, pois os movimentos se assemelham aos de carrinhos de controle remoto e dependendo da nossa visão, isso pode se tornar irritante, principalmente quando estamos quase completando o quebra-cabeça. Muitas vezes, quase joguei o controle na parede por ter que repetir um caminho tortuoso que tinha acabado de fazer, mas ao tentar pegar a peça que precisava, apertava sem querer o botão que recolhia minha mão de volta ao corpo e tinha que refazer tudo novamente. Enfim, isso é algo que nos acostumamos um pouco com o tempo, mas não podemos perder o foco do que estamos fazendo, caso contrário, é repetição atrás de repetição. Além da nossa mão convencional encontramos outros tipos de “mãos”, como uma garra de caranguejo para cortar cordas ou um gancho para nos pendurarmos e escalar algumas paredes, nada muito complexo pois como o jogo não tem inventário só encontramos essas mãos diferentes onde precisamos usá-las.

Tudo em Another Fisherman’s Tale requer um pouco de paciência, até controlar o corpo quando estamos sem a cabeça é um pouco trabalhoso.

Após as mecânicas serem explicadas, vem a parte que me desanimou um pouco: aquele lance da maquete que tínhamos no primeiro jogo, que chamou muito a minha atenção, foi praticamente removido. A hora em que vemos a maquete é a hora em que começamos a entender a história real do jogo. Agora, na pele da filha do marinheiro, estamos no porão revisitando algumas das histórias usando as maquetes do pai. Pegamos as peças, montamos e aí a história começa a ser contada novamente na visão do marinheiro, a sensação de estar em uma maquete é interessante, pois conseguimos ver o enorme porão ao nosso redor. Mas para por aí.

A segunda fase apresenta um dos puzzles mais irritantes que já enfrentei, pois precisei repetir várias vezes até pegar o jeito de controlar a mãozinha.

Na terceira fase, a filha coloca o barco em um aquário onde podemos nadar para encontrar o mapa de Libertalia. Os puzzles são interessantes, e nossas mãos também nadam como se fossem peixes. Infelizmente, após essa fase, não consegui mais jogar, pois desde o início do jogo tive problemas com náusea e vontade de vomitar, como se estivesse com sintomas de “motion sickness” e no final da terceira fase, tive que tirar os óculos e correr para o banheiro. Esse foi um dos poucos jogos em que tive esse problema, mexi nas configurações, mudei para o modo de teleporte, mas mesmo assim não resolveu. Mas, isso foi algo que aconteceu comigo, é pessoal, pois conversei com outras pessoas e elas não tiveram esse problema. É uma pena, pois a história estava me agradando bastante.

Os gráficos do jogo são normais, nada de nova geração por aqui. Por ser desenhado, lembra bastante os jogos do PSVR1, mas com um certo polimento e algumas texturas mais bonitas e sim, eu sempre comparo os jogos atuais com os da geração anterior. Nesse sentido, não vi muitos avanços em relação ao outro jogo. Quanto ao áudio do jogo, posso dizer que é ótimo e sem falhas, com músicas bem colocadas. Mas o que se destaca para mim são as vozes dos personagens, que são excelentes e conferem características únicas a eles.

Em conclusão, Another Fisherman’s Tale é um jogo com puzzles fáceis de resolver, mas que podem ser trabalhosos devido aos controles complicados da nossa “mãozinha”. Com gráficos normais, é facilmente comparado com a geração passada e pode passar despercebido para quem busca jogos com gráficos de nova geração.

Confira no vídeo abaixo as impressões sobre Another Fisherman’s Tale:

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