Analisado no PlayStation 5
Gylt é um jogo de terror com gráficos cartunizados, lançado exclusivamente em 2019 para o finado Google Stadia, porém, finalmente está sendo lançado nas demais plataformas.
O jogo tem como pano de fundo, uma atmosfera melancólica, assustadora e provocativa, amarrada em um roteiro que flerta com a realidade e a fantasia, destravando todos os medos e traumas deixados por momentos difíceis e pesadelos. Os jogadores precisam se esconder ou fugir de criaturas sinistras, para desvendar o que houve com Emily.
Na pele de Sally, vamos descobrir que sua vida não é fácil em Bethelwood. Além de ser perseguida por valentões, ela se vê comprometida em descobrir o que houve com Emily, sua prima, que desapareceu misteriosamente. Após escapar de um acidente de bicicleta, Sally se vê imersa em uma versão paralela de sua cidade. E lá ela encontra seus medos mais profundos, junto de suas memórias tristes e perturbadoras, apresentados de forma cruel e devastadora.
Esses medos e memórias são apresentados de forma paralela, alternando entre a vida real das garotas e a aventura de Sally na versão alternativa da cidade. Ao longo da jornada, Sally aprende a controlar seus medos e aos poucos começa a revidar contra os monstros que a perseguem. O jogo retrata bem o cenário de bullying que as crianças vivem no mundo real, por meio de mensagens e desenho nas paredes da escola.
Apesar de bastante simplista, a jogabilidade é muito agradável. Além da exploração que permite conhecer mais detalhes sobre a cidade, coleta de recursos como inaladores para a asma de Sally (que recuperam sua vida) e baterias para a lanterna, passamos a maior parte da aventura agachados, agindo furtivamente, sendo essa a melhor solução para evitar os confrontos com criaturas assustadoras. Embora seja um jogo que sugira muitas opções de exploração, ele acaba entregando uma experiência bastante linear, o que definitivamente não é algo ruim dentro do contexto proposto.
GYLT utiliza estímulos sensoriais para atrair ou até mesmo despistar os monstros. Os jogadores têm a opção de usar a luz da lanterna ou latas de refrigerante para criar barulho, dependendo da abordagem necessária para lidar com as diferentes criaturas do jogo. O sistema de combate é adequado para um protagonista infantil, onde é necessário concentrar a luz da lanterna em áreas vulneráveis dos monstros por tempo suficiente para que eles explodam. Embora seja um aspecto superficial, isso contribui de forma positiva para gerar tensão e um certo medo durante o jogo.
O jogo oscila em relação ao tom que quer alcançar. Com uma pegada de cenário no estilo Silent Hill e personagens com características cartunizadas, o jogo se coloca em um limbo onde não é possível identificar se é um jogo que pode se direcionar para crianças, mas também não é tão apelativo para se comprometer apenas com o público adulto. Apesar de se tratar de um fator de inconsistência, não identifico como um problema que atrapalhe a experiência. Mas é um ponto a se avaliar.
Os detalhes visuais dos gráficos são muito bem explorados, com uma apresentação de texturas competente, além de contar com uma atuação muito eficaz e convincente, mesmo não existindo diálogos extensos. O jogo acerta ao utilizar a temática de “menos é mais” com mecânicas simples, fica evidente que conseguiram oferecer entretenimento e curiosidade sobre um jogo tão linear.
Apesar da oscilação em relação ao tom, GYLT é um jogo agradável, com uma mensagem subliminar necessária, gráficos bonitos e uma mecânica gostosinha de executar. Apesar de ser um relançamento mais modesto de um game de 2019, vale a pena dar uma chance ao ex-exclusivo do Stadia, que pode nos agraciar com as aventuras e história de Sally e Emily nos outros consoles.