Assassin’s Creed Mirage: Conciso, Prático e Hermético | Análise

Com um sistema furtivo liderando a narrativa, Assassin’s Creed Mirage entrega uma viagem inesquecível por Bagdá.

Analisado no PlayStation 5


Do Egito antigo, se aprofundando em Mitologia Grega, conhecendo os princípios militares dos Espartanos, permeando o espectro Viking, travando batalhas navais com piratas e se urbanizando na Inglaterra Vitoriana, uma coisa é certa, a Ubisoft não tem medo de arriscar. Há tantos anos no mercado, a franquia possui um legado brilhante e apesar de alguns escorregões no percurso, continua aí, cheia de novidades a cada jogo lançado.

Focado no passado de Basim, um irmão do Credo visto anteriormente em Assassin’s Creed: Valhalla, Mirage apresenta a origem dos questionamentos e motivações que moldaram a personalidade do protagonista, nos dando um vislumbre de como ele chegou até os eventos que ocorreram com os Vikings. Neste jogo veremos Basim ascender de um simples ladrão de rua até se tornar um respeitável membro dos Ocultos, que precederam a Irmandade dos Assassinos.

A história de Mirage se desenrola 9 séculos após os acontecimentos de Assassin’s Creed Origins, que apresentou a história do último Medjai do Antigo Egito, Bayek. Aqui acontece a remontagem da história passada de Basim que foi recrutado por Roshan, que o tornou m mestre assassino com o objetivo de destruir a Ordem dos Anciões. Diferente do que houve com Kassandra/Alexios e Eivor, Basim tem sua história contada de forma cirúrgica. Não tem encheção de linguiça, nem diálogo desnecessário, é tudo muito conciso. E isso meus amigos, apesar de parecer que estavam com pressa, é o ponto alto do jogo. Pois essa progressão narrativa torna o jogo mais interessante e dinâmico, nos fazendo ficar cada vez mais curiosos sobre o que vem a seguir, sem pular alguns diálogos.

A nova experiência é baseada em nostalgia que visa trazer conforto aos fãs vanguardistas da franquia, que vinham pedindo que os jogos não se distanciassem tanto de suas origens, bem como na implementação de novas mecânicas que impulsionem o jogo para o futuro, para que ele continue evoluindo no segmento de ação e aventura.

Este novo título se mantém linear no que diz respeito a trama, auxiliando a construção do personagem como um todo. Desta forma, vamos estabelecendo um vínculo com o assassino durante sua luta contra a Ordem dos Anciões, que são cronologicamente, o princípio dos Templários.

Em Assassin’s Creed Mirage, a Ubisoft se empenhou em trazer a essência dos primeiros jogos. Em especial, o primeiro. E essa nostalgia é amplamente apresentada durante a gameplay, quando Basim entra em sua primeira missão, a encargo de eliminar seu primeiro alvo de grande escalão. Como já mencionado, Mirage focou em trazer elementos do passado em diversos aspectos, especialmente na jogabilidade. Toda aquela vastidão de mapa foi abolida, juntamente com os atributos de RPG e combate rebuscados. Neste jogo o que pega firme é a furtividade!

Atendendo aos pedidos de fãs, a Ubisoft trouxe de volta o sistema básico de combate que consiste em ataques rápidos, ataque forte, defesa e esquiva. E embora revisitar elementos precursores seja nostálgico, é possível perceber um retrocesso em um sistema que já estava implementado e estabelecido. O que direi a seguir é puramente pessoal: sinto que há uma quebra de fluidez bem importante neste aspecto.

Em contrapartida, podemos ver que mecânicas de furtividade estão mais eficazes. Em Mirage somos recompensados após nos infiltrarmos de maneira silenciosa e metódica. Algo bem diferente do que vimos em Odyssey e Valhalla, onde a gente incorporava o Rambo e quebrava tudo e todos. Em virtude de toda essa dinâmica furtiva, Basim pode utilizar arbustos, bombas de fumaça (para se livrar de confusão), se misturar com a multidão, bem como arremessar facas letais para eliminação de inimigos um pouco mais distantes.

Apesar da aposta certeira em nostalgia, eu sinto que o Parkour sofreu um Downgrade significante. No quesito fluidez, parece que o jogo retrocedeu em relação a Oirigins, Odyssey e Valhalla. É nítido durante perseguições e fuga, que o personagem perde o ritmo entre um obstáculo, escalada ou mesmo algo simples, como um salto. E isso é reflexo dessa busca por trazer de volta a essência dos Assassin’s Creed mais antigos, uma vez que o Parkour deles é bem datado e não envelheceu tão bem como uns e outros falam por aí. Não precisa acreditar em mim, façam uma comparação dos três primeiros títulos com algum outro da geração passada em diante.

Graficamente, o jogo encontra-se muito bonito e entrega uma ambientação exuberante. Ao passearmos por Bagdá, nos deparamos com paisagens muito polidas e texturas muito elaboradas. É tudo muito rico! Mas isso não é novidade, afinal, quando se trata de gráfico e representação histórica, a Ubisoft dá show! Junto a isso, temos a trilha sonora, que está lindíssima e toda mudança que ocorre devido ao momento que o personagem se encontra, é um deleite para quem está com ouvidos atentos. Um detalhe interessante é a colaboração artística da banda One Republic com a Ubisoft na faixa “Mirage”, que inclusive, vale muito a pena ouvir.

Mergulhando nesse mar da franquia, Assassin’s Creed Mirage dinamiza tudo o que já vimos em títulos anteriores. A forma de usar ferramentas e o fluxo de mecânicas expandem o que conhecemos. Ao mesmo tempo que sentimos e evidenciamos elementos que lembrem de cara o primeiro jogo, também vamos utilizar recursos mais atuais e que são úteis de diversas maneiras. A Ubisoft acertou em cheio quando decidiu colocar o passado e presente juntos, para moldar o futuro da franquia.

Finalizando o raciocínio sobre Mirage, Basim é agora um dos meus protagonistas favoritos por conta de sua narrativa e claro, seu carisma. O novo título é uma adição válida a franquia, apesar de não inovar em nada, cumpre o papel de entreter com sucesso, utilizando apenas o básico. Se você é um fã saudosista, obviamente já garantiu o seu, caso seja novo nesse universo ou apenas fã dos três últimos jogos, minha dica é: Dê uma chance!

Com um sistema furtivo liderando a narrativa, Assassin’s Creed Mirage entrega uma viagem inesquecível por Bagdá. Amplia conhecimentos históricos e culturais, ditando assim, um novo e denso modo de explorar os jogos daqui em diante. Para concluir, O novo título da Ubisoft vale cada centavo do seu dinheiro!

Confira no vídeo abaixo a primeira hora de Assassin’s Creed Mirage:

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