Arizona Sunshine 2 – A mesma receita com mecânicas modernizadas | Análise

Arizona Sunshine 2 não está “Questificado” ao menos na versão de PC

Analisado no PC com o Meta Quest 2


Arizona Sunshine 2 é um jogo de ação e aventura desenvolvido e distribuído pela Vertigo Games. O título é exclusivo para a realidade virtual e está com data de lançamento prevista para 07/12/2023 nas plataformas Meta Quest, PCVR e PlayStation VR2.

Lançado em 2016, Arizona Sunshine foi um dos pioneiros no estilo zumbi shooter para VR, o título trazia uma experiência extremamente divertida em coop que infelizmente era limitada pelas mecânicas da época. Arizona Sunshine 2 mantém a mesma receita de seu antecessor, atualizando algumas mecânicas e alterando outras, uma experiência que é boa, mas não tem o mesmo brilho do primeiro jogo.

Como o nome sugere, a história se passa no estado americano do Arizona durante um apocalipse zumbi. Nesta segunda entrada nós jogamos como um sobrevivente que após alguns eventos descobre que existe um paciente “Número Um” e uma possibilidade de cura, assim com o auxílio do novo companheiro canino nós partimos a procura do paciente e da cura. Não espere nada épico pois a história segue o mesmo clichê relacionado a zumbis, claro que aqui temos uma boa dose de humor com o protagonista sempre falando frases de efeito quase como em Serious Sam, o que é legal, mas pode ficar um pouco enjoativo com o tempo.

A jogatina segue a mesma receita do primeiro título e o jogo consiste em explorar mapas, indo do ponto A ao ponto B enquanto enfrenta hordas de zumbis. Claro, tudo foi modernizado dado o tempo entre os dois jogos e a experiência adquirida pela desenvolvedora com seus outros títulos, contudo não espere por nada incrível pois apesar das atualizações praticamente nada realmente impressiona.

São várias mudanças e já de cara você irá notar que o sistema de armas foi modernizado. Diferente do primeiro jogo onde as recargas eram feitas de forma automática ao encostar a arma no corpo, em Arizona Sunshine 2 a recarga de todas as armas é feita de forma manual, com isso é preciso retirar e substituir o carregador para assim engatilhar e continuar atirando. Essa mudança é bem vinda e deixa a jogatina mais real, mas ao mesmo tempo acaba tirando um pouco da diversão, além de ser algo que acaba se tornando um empecilho quando enfrentamos hordas e não contribuir para acessibilidade, algumas armas exigem várias etapas para serem recarregadas e o sistema de interações não está bem refinado. Na versão de PC algumas armas estavam desalinhadas necessitando virá-las para baixo para conseguir inserir o carregador e o jogo não conta com opções de toggle grip, sendo necessário segurar o botão para manter um item na mão. No geral o sistema é OK, mas é uma pena a Vertigo não ter trazido a opção de recarga automática juntamente com a manual como ela fez em After the Fall e também opções de toggle grip e outros.

Outra mudança que também é notada logo no início do jogo é a lanterna, que no primeiro jogo precisava ser manuseada e agora é fixa iluminando sempre a frente do jogador. A nova lanterna provavelmente foi implementada de forma fixa por conta do sistema de recarga manual, este que exige a utilização das duas mãos, infelizmente este é um dos retrocessos nas mecânicas pois temos várias áreas muito escuras e você não pode focar a luz que também está mais fraca. A lanterna poderia ter sido atrelada a arma como é feito em outros jogos e por conta deste sistema ruim você provavelmente terá de ajustar o gama se quiser ver alguma coisa, o que irá deixar os ambientes mais claros acabando com a atmosfera.

Essa segunda entrada traz uma física reformulada que inclui um sistema de desmembramento de zumbis interessante, sendo possível arrancar partes dos corpos dos inimigos variando conforme a arma e o local atingido. Assim como no primeiro temos muitas interações, sendo possível pegar e arremessar itens, abrir portas, caixas, arrastar containers e outros, mas o sistema aqui ainda não está 100% e manusear alguns itens acaba sendo uma tarefa árdua. Os controles de arremesso também não estão perfeitos e os itens aparentam estar mais pesados do que realmente são, por exemplo a bolinha do cachorro parece que pesa uns 50kg ao arremessar.

Com uma jogabilidade que segue a mesma linha do antecessor, a grande novidade na jogatina é a introdução do nosso companheiro canino, o Buddy. Buddy é um cachorro de serviço militar que iremos encontrar logo no início da aventura, como nosso companheiro ele irá nos alertar para ameaças, servir como um pequeno depósito de armas e nos auxiliar na exploração. O jogo traz novos mapas com vários segredos e extras, estes que geralmente estão escondidos atrás de locais fechados e é aí que Buddy entra. É possível dar ordens para o cachorro, o enviando para coletar itens como chaves ou retirar inimigos do caminho, Buddy também pode ser ordenado para atacar inimigos, o que é uma mão na roda quando temos de enfrentar inimigos protegidos, já que o cachorro pula neles podendo remover capacetes e proteções. Além disso, podemos brincar de pegar, arremessando itens para ele e sim, aqui é possível fazer carinho na cabeça do cachorro.

Por conta da popularidade e das limitações de hardware da plataforma Meta Quest, vários jogos acabam sendo lançados no PC sem melhorias gráficas, esse problema também começou a afetar o novo PSVR2 que vem recebendo ports de jogos que já estavam presentes em outras plataformas. Quem estava preocupado com os gráficos deste novo título pode ficar tranquilo, pois Arizona Sunshine 2 não está “Questificado” ao menos na versão de PC. No PC nós temos as típicas opções gráficas e a experiência conta com vários detalhes de iluminação e sombra pelo cenário, os modelos de personagem estão bem feitos, mas existe uma certa inconsistência de qualidade entre os modelos, não é nada que afete a experiência mas é possível notar. O desempenho está muito bom e não senti quedas de quadros durante a jogatina que se manteve constante mesmo com explosões e vários inimigos na tela.

A experiência é OK solo, mas a jogatina com certeza será mais divertida em coop onde temos crossplay entre plataformas. O jogo traz no lançamento 19 capítulos e um mapa de horda, cada capítulo leva em média de 15 a 30 minutos para ser completado, claro que isso irá variar de acordo com a dificuldade e também com a exploração que cada jogador fizer. A desenvolvedora prometeu mais conteúdo após o lançamento e em relação a esse ponto é acreditar que o jogo receberá um tratamento melhor do que o recebido por After the Fall.

No final, Arizona Sunshine 2 atualiza a receita de seu antecessor, modernizando suas mecânicas e introduzindo novas, mas sem impressionar. Não me leve a mal, o jogo é divertido, o companheiro cachorro é legal e o crossplay ajuda no coop, entretanto a acessibilidade do novo título é baixa e o preço cobrado é salgado demais pela experiência que não está 100% redonda. Por estes motivos eu prefiro recomendar somente para quem realmente quer jogar, do contrário é melhor esperar por atualizações ou por uma promoção.

Confira no vídeo abaixo as impressões de Arizona Sunshine 2:

Sair da versão mobile