
Avatar: Frontiers of Pandora – O bom e velho Far Cry com uma temática diferente | Análise
A jogatina é divertida e consegue entreter até a metade da história, pois até este ponto você sente que está sempre progredindo.
Analisado no PC
Avatar: Frontiers of Pandora é um jogo de ação e aventura desenvolvido pela Massive Entertainment e distribuído pela Ubisoft. O título está com data de lançamento prevista para 07/12/2023 com versões confirmadas para Amazon Luna, PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.
Trazendo uma bela apresentação visual, mas pecando na jogabilidade, Avatar: Frontiers of Pandora é praticamente um Far Cry com as mecânicas antigas que vêm sendo removidas nos últimos títulos e um combate piorado.
Frontiers of Pandora se passa na mesma linha temporal dos filmes, mais precisamente em 2169, cerca de um ano antes dos acontecimentos do último filme Avatar: O Caminho da Água (2022). Essa aventura acontece em outro continente da Lua Pandora e aqui nós jogamos como um Na’vi que foi resgatado e criado por humanos com o intuito de servir como embaixador para facilitar o contato entre os povos. Com uma infância conturbada, após alguns eventos nós embarcamos em uma jornada como aliados de um grupo de resistência que luta para salvar Pandora da destruição e poluição causada pela exploração predatória feita pelos humanos da RDA.
A história segue a mesma receita dos filmes, contudo por conta da premissa nós temos um foco no desenvolvimento do personagem que vai descobrindo como é ser um Na’vi, aprendendo os costumes e rituais de seu povo que foram suprimidos durante sua infância com os humanos. Apesar de ter alguns momentos interessantes, no geral a trama não é incrível, muita coisa é previsível e quem não for fã da franquia Avatar dificilmente conseguirá ficar preso a história.
A Ubisoft é conhecida a um bom tempo por reaproveitar suas fórmulas que fazem sucesso, essa tendência acarreta em um maior número de lançamentos num curto prazo, contudo dado às receitas, os títulos acabam parecendo o mesmo jogo só que com temática diferente. A franquia Avatar sempre teve elementos que combinavam perfeitamente com os da série Far Cry e como dito acima Frontier of Pandora é praticamente um Far Cry só que ao invés de utilizar as mecânicas dos últimos, o jogo traz as mecânicas mais antigas e bastante criticadas da série.
Em Frontiers of Pandora nós temos uma jogabilidade que combina um mundo aberto, com um sistema de RPG que traz missões principais, secundárias e atividades que envolvem caça, coleta, exploração e também liberação de mundo através de um sistema de fortalezas. Tudo é bastante adaptado da fórmula de Far Cry, os veículos dão lugar para as montarias que chegam com a voadora e permanente Ikran, além de temporários cavalos Direhorses, temos um sistema de caça que traz pontos vitais de animais e materiais variando com a forma de abate do alvo, um sistema de coleta chega atrelado a um minigame e ciclos de dia e noite que também influenciam no resultado. Com a mochila cheia de itens é hora de fabricar comidas, armas, munições e equipamentos, estes que também vão variar de qualidade conforme os materiais utilizados, sendo que quanto maior a raridade melhores os efeitos.
O combate segue com uma ênfase em se utilizar o arco e flecha principal do personagem, o que limita bastante a jogatina e para piorar não existe nenhum tipo de mira de ferro. Até temos um arsenal com algumas armas a disposição, mas a quantidade disponível é pequena e apesar de também termos munições especiais, o custo dessas é alto principalmente enquanto estamos com nível baixo e sem as habilidades passivas que melhoram a criação. O sistema de vida é atrelado a uma barra de energia e você se irá recuperar vida enquanto em cobertura caso tenha energia, a barra de energia pode ser restaurada com comida e a quantidade de energia influencia na potência da regeneração de vida.
No geral, a jogatina é divertida e consegue entreter até a metade da história, pois até este ponto você sente que está sempre progredindo. As primeiras horas servem como um tutorial te ensinando o básico de cada sistema e é possível avançar até a metade da história fazendo as missões principais e algumas secundárias que você vai pegando no caminho. Da metade em diante é onde o jogo começa a mostrar sua verdadeira cara de velho Far Cry, nesse momento a progressão é pausada e é preciso fazer aquele velho grind, desperdiçando horas enquanto volta nas regiões passadas para fazer as repetidas missões secundárias atras de experiência e influência, além de realizar caçadas e coletas para criar itens melhores. Deste ponto em diante as missões principais sempre irão requer níveis acima do seu e o velho sistema de RPG está aqui para estragar a jogatina, visto que se você tentar fazer a missões com nível baixo irá acabar morrendo com um ou dois tiros.
Para piorar o grind, o jogo traz diferentes facções com itens trancados atrás de um sistema de reputação e de diferentes moedas. Para conseguir ambos é necessário realizar atividades em cada região e as recompensas são bem enxutas pelo trabalho, ou seja, além de caça e coleta é preciso realizar muitos eventos para conseguir avançar e isso acaba deixando o jogo bastante repetitivo, fato que é agravado pela estrutura bastante similar das missões e pelo mapa que não traz indicações e não ajuda na hora das coletas e caças.
O título foi desenvolvido no motor Snowdrop, o mesmo utilizado na franquia The Division, o resultado é um jogo com belos visuais e um desempenho que por incrível que pareça não está ruim. Frontier of Pandora traz um visual de tirar o fôlego, o mapa de Pandora é dividido em biomas e em todos iremos encontrar muitos detalhes na fauna e flora, temos o uso de muitos efeitos de iluminação que são acentuados pelo Ray Tracing e os ciclos de dia e noite que transformam completamente a atmosfera. O desempenho é OK e chega na forma da típica muleta, jogamos uma versão pré-lançamento e em qualidade alta é preciso utilizar os recursos de upscaling para manter um desempenho acima dos 60 quadros, o lado bom é que o título traz diferentes recursos que incluem o DLSS, o XeSS e o novo FSR3 que chega junto com o gerador de quadros. Com gráficos no máximo, FSR3 em qualidade e o gerador de quadros ligado, foi possível atingir uma média de 130 quadros, mas o jogo ainda não está perfeito e não é difícil encontrar quedas momentâneas para a casa dos 80.
Em relação a problemas e bugs, o jogo aparenta ter tido um controle de qualidade decente, durante nossa jogatina não foi comum encontrar problemas e até a metade da história tudo fluiu muito bem. Da metade para o fim, onde foi necessário fazer aquele grind, ocorreram algumas situações em que inimigos apareceram ou ficavam presos no cenário, além de algumas animações de interação demorando a acontecer, mas estes foram momentos pontuais que não influenciaram diretamente no progresso.
No final, apesar de Avatar: Frontiers of Pandora trazer uma ambientação sensacional e localização completa em PT-BR, infelizmente o título se acomoda em uma fórmula genérica e um tanto datada, sua jogabilidade é bastante repetitiva e embora o jogo tenha alguns momentos é difícil se manter interessado a continuar a aventura depois de um tempo de jogo. O preço cobrado é salgado pela experiência e por isso eu prefiro recomendá-lo somente para fãs do contrário é melhor esperar por uma boa promoção.