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The Last of Us Parte II Remastered – Um remaster de qualidade, mas com espaço para mais | Análise sem Spoilers

Entrega tudo o que pedimos em termos de qualidade, mas faltou uma cereja em termos de conteúdo extra.

Analisado no PlayStation 5


Como aconteceu com o primeiro jogo, The last of Us Part II também ganhou uma versão remasterizada e é ela que vamos analisar. Já podemos adiantar que realmente houve melhorias se compararmos com a versão original, mas esse review tentará responder se vale a pena jogar o game hoje em dia e se vale pegar essa nova versão.

Como todos sabem o ano passado foi marcado pela chegada de The Last of Us nas telinhas, trazida pela HBO Max, sendo consagrada como uma das melhores séries de TV já produzidas, batendo recordes de audiência e ganhadora de diversos prêmios.

A segunda temporada da série, que traz a Naughty Dog também como produtora, só chega em 2025, mas neste começo de ano, várias informações (talvez não tanto por acaso) já estão pipocando na internet, como a revelação dos atores que representarão os personagens presentes em The Last of Us Part II.

Em meio disso, podemos dizer que o momento sim é bem propicio para o lançamento de The Last of Us Part II  Remastered pela PlayStation, que com certeza trará de volta diversos jogadores e principalmente trará diversos fãs da série de tv para os games a fim de saber o que aconteceu depois das últimas cenas da primeira temporada.

Antes de entrar na análise, queria deixar para quem quiser, ler a minha análise de quando o jogo original saiu. Basta acessar aqui ou se quiser assistir é só ir ao nosso canal do Youtube.

HISTÓRIA – Sem Spoilers

Antes da parte técnica eu queria fazer uma análise de como a história envelheceu, de como foi aceita pela crítica e pelo público e de como as polêmicas fizeram esse jogo sempre estar na boca dos jogadores, seja para enaltecer o game ou seja para critica-lo.

Se eu fosse escolher uma analogia diria que a história de The Last of Us Part II é como um bom vinho, que com o tempo vai ficando ainda melhor. Quando recebi o jogo da PlayStation Brasil e comecei minha saga novamente, mesmo sabendo do que iria acontecer, fui tomado pelas mesmas sensações que tive da primeira vez.

The Last of Us nunca foi uma história de alegrias ou que no final vai ficar tudo bem? Como pode algo ficar bem depois de algo que destruiu a vida de quase todos na terra e impôs tanta tristeza e sofrimento para todos?

Voltando um pouco no tempo, dias antes de o jogo sair em 2020 houve um vazamento de trechos da história na internet, o que fez que até hoje, muitas pessoas tenham uma visão deturpada do game. “Por que fizeram isso? “, “acabaram com o jogo!!”, “personagem não tem carisma” e daí por diante. Pessoas que nem tiveram a coragem de ver realmente se a história “é isso mesmo que acharam” baseado em trechos vazados e opiniões de quem nunca sequer jogou ou que odeia a franquia por algum motivo.

Pois bem, se você ainda não jogou e não conhece a história, ou se é do grupo acima listado, saiba que a Naughty Dog fez um trabalho excelente de narrativa, mas com certeza não vai esperando flores no caminho dos personagens. Não mesmo.

Desde o primeiro segundo The Last of Us Part II joga na nossa cara o quão difícil é tomar decisões e de como elas sempre vão afetar nossas vidas para sempre. Viver em um mundo onde estamos cercados de inimigos, felicidade sempre vai ser algo passageiro e que serve apenas de alento para momentos difíceis que com certeza logo virão.

A grande diferença em relação ao primeiro jogo na narrativa é que percebemos que apesar de os infectados serem uma ameaça, os verdadeiros inimigos são sempre o próprio ser humano.  Palavras como amor, carinho, compaixão, redenção e perdão, poucas vezes emergirão num mar de dores, frustações, raiva, ódio, cobiça e vingança.

Jogar The Last of Us Part II Remastered me fez lembrar da montanha russa de emoções que o jogo nos coloca a cada momento, onde nossa certeza daquele momento, vai sim mudar depois de algum tempo, começando um looping que não vai terminar, mesmo após os créditos finais.

Sim, esse foi um dos poucos jogos que ao terminar, você fica sem palavras e fica dias tentando absorver todo aquele sentimento que poucos jogos ou filmes conseguem passar de alguma forma para a gente. E sim, foi esse o sentimento que estou tendo agora, poucos minutos após terminar a versão remasterizada.

Para terminar, queria entrar em um outro assunto polêmico, mas que vive aparecendo em redes sociais ou fórum de games. Muitos vivem dizendo que The Last of Us Part II é ruim porque, como dizem na gíria de hoje, teve muita “lacração”.

Primeiro que isso não é verdade, mas seria o que menos importa. O jogo retrata nossa sociedade como ela é hoje e quem ainda não aceita isso, com certeza está ainda dentro de uma bolha que logo logo não existirá mais.

E pior, denigre um jogo para tentar justificar o fato de ser racista e homofóbico ou qualquer outro “óbico” que queria usar. As escolhas de cada pessoa devem ser respeitadas para que tenhamos um mundo mais pluralista e inclusivo. São pessoas como essas que trazem a toxidade para nosso mundo gamer.

Por todos esses motivos listados e agora analisados depois de quase 4 anos, sim, a história de The Last of Us Part II Remastered ainda é excelente e traz o mesmo carrossel de emoções que tive ao jogar da primeira vez e que todos que gostam desse gênero deveriam sim jogar.

Melhorias Gráficas

Essa parte eu achei que seria difícil de analisar já que, como alguns sabem, The Last of Us Part II, original do PlayStation 4 ainda é um dos jogos mais bonitos de todos os tempos. Será que ele pode ainda ser melhorado?

Devemos lembrar ainda que o jogo original teve uma atualização de performance via atualização no PlayStation 5 onde pudemos jogar com 60 frames por segundo. Mas você queria mais?

Pois é, a Naughty Dog não deixou por menos e melhorou praticamente tudo. Vamos começar falando que podemos jogar em 4K nativo no Modo Fidelidade ou 1440p aprimorado para 4K no Modo Performance. Isso mesmo, se você tiver uma Tv ou monitor compatível, há a possibilidade de jogar em 4k. O melhor é a melhoria nas taxas de quadros que fazem o jogo ficar fluído, mesmo em cenas de ação extremo. Outro ponto positivo é a taxa de atualização variável (VRR) no qual é ajustado a frequência de quadros em tempo real, de acordo com que é reproduzido.

Além da taxa de quadros, outra grande melhora foi em relação a texturas e na qualidade de sombras. Podemos perceber que em quase tudo a textura foi melhorada se comprarmos com o jogo original. De uma parede a pele dos personagens, percebemos que tudo foi muito bem trabalhado. Já as sombras não ficam atrás, já que qualidade da imagem quando elas aparecem, principalmente quando há o contraste com o sol, ficou impressionante.

Os detalhes agora podem ser percebidos a uma distância maior e por isso, chamam a atenção quando você entra em uma cena. Foram diversas vezes que ao entrar em um local, algo no recinto já me chamava a atenção, mesmo de longe.

Outra melhoria significativa foi nas animações (e o jogo tem sim muitas). Já nos primeiros segundos você percebe que a imagem das cenas está mais limpa, nítida e um pouco mais colorida se compararmos com a versão original.

Mas vale uma ressalva. Grande parte dessas melhorias só vão ser sentidas realmente se você jogar The Last of Us Part II Remastered em uma TV de qualidade. Aqui na Gamers, tive a oportunidade de jogar em uma Samsung QLED 4K de 120fps com suporte a VRR.

DualSense

Não canso de dizer que o controle DualSense é a melhor coisa que o PlayStation 5 trouxe para os jogadores. Com certeza está entre os melhores, se não o melhor, controle produzido até hoje. E ele faz uma boa diferença em The Last of Us Part II Remastered.

O feedback tátil funciona perfeitamente e podemos sentir diversas sensações no decorrer do jogo, desde levar um soco, dedilhar as cordas do violão ou fazer um carinho, além disso, há uma maior sensação de presença ao nosso redor.

Em relação aos gatilhos adaptativos, podemos sentir isso principalmente nas armas, no qual cada uma delas tem um jeito diferente de agir e reagir, seja usando uma pistola, um taco ou até mesmo um arco de flechas, nos dando sempre uma sensação diferente a cada momento.

Níveis Perdidos

Não estava dando muita importância a isso, mas no final achei até bastante interessante, principalmente para quem quer entender um pouco mais do processo criativo, do que os diretores do jogo pensavam em relação a história e o desenvolvimento de cada personagem.

São 3 níveis que podemos explorar, mas que não estavam presentes no jogo original. É bom deixar claro que esses níveis não estão terminados, ou seja, jogaremos com aquilo que estava produzido na época, que em algumas partes percebemos que estava ainda em um projeto ainda em desenvolvimento. São eles: Sewers, Jackson Party e Boar Hunt.

Além de explorarmos esses espaços inéditos, podemos ouvir comentários dos desenvolvedores que dão dicas valiosas dos insights que eles tinham ao estarem produzindo e desenvolvendo cada trecho do jogo.

Aconselho aos jogadores de primeira viagem, que visitem essas áreas principalmente ao terminar a história principal e ficar mais a vontade de explorar essas áreas e escutar as histórias dos desenvolvedores, sem quebrar o ritmo do jogo.

Guitar Free Play

Lembro que logo que peguei o jogo pela primeira vez, uma das coisas mais bacanas era quando podíamos “tocar violão” no jogo. Mas agora seu lado de músico poderá aflorar ainda mais, já que não teremos apenas violão, mas outros instrumentos que serão desbloqueáveis com o andamento de nossas performances. Além disso foi introduzido pedais e efeitos e o mais bacana é que podemos escolher entre diversos cenários diferentes e personagens diferentes.

Modo Sem Volta

Não tem como negar que o principal diferencial da versão original e da The Last of Us Part II Remastered é a presença do Modo Sem Volta. Esse modo é independente do Modo História e que deve ser jogado, de preferência, após a finalização do jogo, principalmente se é a primeira vez neste título da Naughty Dog.

Na realidade é um modo sobrevivência roguelike que vai exigir muita, mas muita habilidade dos jogadores e vai colocar você a prova para tentar terminar cada partida matando os inimigos cada vez mais rápido, de uma maneira a evitar danos.

Você começa com poucos personagens desbloqueáveis, mas com o decorrer das partidas você vai desbloqueando. Quando joguei, comecei com a Ellie e a outra opção seria Abby. Cada personagem tem características únicas o que favorece a escolher com que estilo de jogo você vai entrar nas partidas.

As partidas são aleatórias e inéditas, nos jogando em diversos cenários diferentes no qual vamos escolhendo o caminho destas batalhas, o modo de jogo que vamos enfrentar e o tipo de loot que ganharemos ao final, caso chegarmos vivos.

Sim, lembre-se que é um roguelike, ou seja, se no meio do caminho você morrer, você perde tudo (armas, itens e melhorias) tendo que começar tudo de novo, em um novo conjunto de cenários aleatórios.

São quatro tipos de desafios existentes no Modo Sem Volta: Assalto (que são ondas de inimigos), Captura (Precisamos arrombar um cofre cheio de suprimentos defendido por inimigos), Resistência (Onde um personagem controlado por Inteligência Artificial nos ajuda para nos defender de infectados) e Caçado (Sobreviver a hordas de inimigos até o tempo acabar).

Há também modificadores que afetam nossas escolhas para as partidas, oferecendo mais desafios enquanto lutamos para sobreviver. Esses modificadores podem muitas vezes nos ajudar a até virar o jogo em algumas batalhas, portanto devemos sempre tentar usar eles a nosso favor. Também existe uma opção de Apostas, que são desafios dinâmicos como matar tantos inimigos com headshot, dar tantos socos em um determinado inimigo e assim por diante.

No final, se sobrevivermos, o jogo vai gerar uma pontuação e teremos um ranque baseado no nosso desempenho daquela partida e assim sucessivamente. Depois, antes de uma nova partida, precisaremos usar bem nossas estratégias para gastar os recursos sejam em melhorias das armas (fundamental no avanço da jogatina) ou dando upgrade nas habilidades.

Com tudo isso vamos desbloqueando novos personagens, desafios, objetivos, Apostas, visuais, companheiros e muito mais.

No geral, o desafio é muito bem feito e joguei até bastante. Mas aqui vai uma dica, comece em modos mais fáceis e vai gradativamente subindo seu nível. Esses desafios como são aleatórios, são bem difíceis e as vezes pode até se tornar frustrante, que foi quase o que aconteceu comigo.

Mas e aí, vale a pena?

Pois é, para um jogo que é “apenas” um remaster, tínhamos muita coisa pra falar e comentar e só isso já prova que sim, vale muita a pena em adquirir essa versão.

Se você ainda não jogou, não pense duas vezes e já fique com essa versão que sem dúvida está melhor do que a versão original e com muito mais coisas para fazer depois de terminar a excelente história principal.

Se você já é um veterano, saiba que vale a pena se você fizer o upgrade da versão original do PS4 para a Remaster, que custa R$ 50,00. Isso se achar que vale ser rejogado. Outra observação é quanto as melhorias gráfica. Tenha em mente que para ter um retorno bem satisfatório você necessitar tem uma TV/Monitor que tenha os recursos que o jogo contém, como resolução 4K, VRR e etc. Isso é fundamental.

O Modo Sem Volta é bem legal, mas tenho certeza que vai ser muito mais usado por aqueles que tem habilidades e desafios mais altos em relação a jogos. Os gamers mais casuais provavelmente não vão se aventurar por muito tempo, até mesmo pelo alto nível de dificuldade.

O que senti falta foi de uma “versão do diretor”, no qual poderíamos ter de jogar, na história principal, uma versão estendida com mais níveis, contando histórias inéditas em relação ao jogo principal ou até mesmo uma DLC de algum personagem desta segunda parte de The Last Of Us, o que, com certeza nem de longe foi suprido com a adição dos Níveis Perdidos. Dá para perceber e talvez até isso seja usado na série de TV, que muitos personagens ali ainda tem muitas histórias para contar e que não houve tempo suficiente na história para tanto.

Mesmo assim, acho que The Last of Us Part II Remastered é sim bem-vindo, e sua execução por parte da Naughty Dog mostra que essas melhorias foram feitas com muito carinho e respeito para com os fãs.

A pergunta que fica é:  e agora? Para onde vão nos levar depois do final desta história? Isso só a Naughty Dog vai poder nos responder.

The Last of Us Part II Remastered

8.7

Nota

8.7/10

Positivos

  • Gráficos melhorados
  • Modo Sem Volta
  • Uso do Dualsense
  • Insights dos desenvolvedores
  • História excelente

Negativos

  • Faltou conteúdo extra para a história
  • Donos da versão do PS4 pagarem para Upgrade
  • Poderia ter mais conteúdo extra

Marcelo Rodrigues

Old Gamer, se aventurando no ramo dos video-games deste o Atari. Já foi só do lado "Azul" da Força, mas hoje distribui sua atenção para todas as plataformas. Apesar de jogar todos os estilos, Adventures e Plataformas ainda tem um lugar especial em seu coraçãozinho.
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