Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça – Não é ruim como estão falando! | Análise
Videogame é um conjunto de estímulos sensoriais e deve ser avaliado de forma subjetiva.
Analisado no PlayStation 5
Quero começar essa análise pedindo que se desliguem completamente do peso que a Rocksteady possui em função da Trilogia Arkham. Na realidade este nem é um pedido, é uma dica para todo e qualquer jogo que começarem. Não importa o que o estúdio fez no passado, mesmo que o novo material altere um pouco o que já foi feito, foquem sempre exclusivamente na obra em questão, é esta que precisa te agradar e que tem que valer seu suado dinheirinho.
Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é um jogo de serviço online em terceira pessoa, onde é possível jogar com até 4 players em um cenário com as mais insanas e repetitivas missões com uma cacetada de inimigos, até que cheguem em determinado ponto e concluam o objetivo. Esse tipo de jogo geralmente não possui narrativa e quando apresenta algo, é bastante superficial. Não ironicamente, a narrativa deste jogo em questão é muito forte e verdadeiramente densa, oferecendo um roteiro dinâmico com técnicas narrativas muito atraentes.
Observando deste ponto de vista, as cutscenes são bonitas, bem expressivas dentro de um espectro de interpretação digno de filme. Esses atributos associados a uma história bem contada com sacadas de humor realmente engraçadas, tornam a experiência bastante imersiva. O fator comédia que funciona de forma orgânica é um indicativo do quanto não podemos nos prender a Trilogia Arkham, pois quem jogou jamais imaginaria que a Rocksteady conseguiria ser tão genial nessa vertente menos gótica, sombria e magoada. Esse humor não é apresentado só em formato de piadas, temos a distribuição de cores, referências e disposição dos cenários. Quem jogou Gotham Knights certamente viu o quão vampira das trevas a cidade é, diferente da Metropolis situada em Suicide Squad que é colorida, cheia de formas e estátuas da Liga da Justiça espalhadas por todo o mapa.
Jogar com vilões cujo objetivo é matar a Liga da Justiça soa bastante utópico, ainda mais em um universo onde os chefões são o Superman e o Batman. Entretanto, a narrativa foi muito estruturada, reforçando o quanto a Liga da Justiça foi importante para a cidade e para o mundo, provocando nos jogadores um sentimento agridoce que permeia o amor pelos heróis e o que precisa ser realmente feito. Logo de início temos Diana e Barry ainda lutando contra Brainiac e tentando salvar seus outros amigos, porém, todos nós sabemos que Flash e Mulher Maravilha não são capazes de fazer algo definitivo, menos ainda com seus amigos. E é aí que Amanda Waller e o Esquadrão Suicida entram: Não há honra entre vilões. Eles farão o que for necessário para terem os miolos espalhados pelo asfalto de Metropolis.
A dinâmica de gameplay é muito gostosinha. A sensação de apontar a arma pros inimigos, mirar e atirar em conjunto com a vibração do DualSense enquanto tantos números coloridos sobem a tela é bastante prazeroso. Os personagens em questão são: Harley Quinn, Boomerang, King Shark e Deadshot. Eles podem portar 3 tipos de armas, com diferenças que remetem às suas personalidades, bem como suas habilidades e movimentações. E isso meu amigo, é uma delícia. Particularmente, os que mais gostei de jogar foram Harley e Deadshot, pois são os mais ágeis e fluídos dos 4. Sem sombra de dúvida, os mais divertidos de controlar. A locomoção deles também é muito satisfatória. Deadshot possui uma Jetpack e a Harley utiliza o arpéu com drone do Batman, carinhosamente afanado do museu da Liga.
Sabemos que o mundo está completamente de cabeça pra baixo quando vilões precisam salvá-lo. Na história de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça, Brainiac está controlando os heróis e utilizando seus poderes e habilidades para pôr em prática seu plano de destruir o mundo. Toda essa premissa garante batalhas divertidas e inimagináveis do Esquadrão contra a alguns membros da Liga, além de plot twists, alianças inesperadas e um confronto intenso com o grande vilão do jogo.
Lançando um olhar mais técnico, é necessário frisar que a qualidade das animações está incrível. As expressões faciais, interpretações, de um modo geral, causam muita satisfação e impacto pela excelência no que diz respeito a realismo. A oscilação de tom durante o jogo também merece uma menção: O espectro cômico que permeia a maior parte do tempo, se dilui em momentos mais sérios e por vezes até sombrio, sendo quebrado repentinamente por alguma piada fora de tom e até mesmo inadequada, mas acreditem, o equilíbrio existe e se manifesta em uma realidade onde é possível rir de coisas sérias em momentos inoportunos.
Algo que eu definitivamente não esperava desse jogo, era viver uma montanha russa de sentimentos, ainda mais com esses 4 protagonistas juntos. Eles foram construídos para agregar positivamente com o jogo e fazem isso com maestria. A possibilidade de jogar com cada um dos 4 e durante o percurso poder decidir quem melhor se enquadra ao seu perfil de jogador é fantástico. Eu acredito cegamente que os jogos de super heróis/vilões deviam sempre abrir essa janela de possibilidade, assim como foi em Gotham Knights. Essa chance de testar cada arquétipo oferece uma imersão maior e claro, garante uma sensação de autonomia, afinal, o jogador pode escolher quem ele bem entender.
Todo o hate que o jogo vem recebendo, faz zero sentido pra mim. Mas é óbvio que ele possui falhas. Para mim, a repetitividade das missões secundárias incomoda muito. Talvez por conta do teor genérico das missões principais que sempre são sobre matar um monte de bicho, ou defender uma área matando um monte de bicho. Faltou um pouco mais de capricho nesse sentido. Embora matá-los seja divertido, faltou um pouco mais de conversa entre os responsáveis por este elemento, pois eles confiaram demais em uma só ferramenta para o entretenimento de geral.
Para finalizar, precisamos entender que Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça era um jogo que ninguém queria, mas que veio aí cheio de potencial, tropeçando em obstáculos que a própria Rocksteady criou, mas que no final das contas, acaba divertindo bastante e trazendo uma sensação de que jogos de videogame são para isso mesmo: diversão! Distribuindo caos durante toda a campanha, elementos de histórias muito bem elaborados e batalhas épicas, o jogo oferece entretenimento, que poderia ter sido melhor explorado caso tivessem feito um melhor planejamento, mas no geral, é um bom jogo e está longe de ser a porcaria que estão falando por aí. O meu veredito é: Vale a pena, mas isso só pode ser decidido por você. E lembre-se, apenas assistir alguém jogando não deve ser considerado parâmetro para decidir se é bom ou não. Videogame é um conjunto de estímulos sensoriais e deve ser avaliado de forma subjetiva.