Analisado no PlayStation 5
Bagunçando tudo aquilo que entendemos como fórmula de um Metroidvania clássico, Ultros é uma produção que desafia todas as possibilidades de subgênero já consolidado e entrega um trabalho promissor. Desenvolvido pela Hadoque e publicado pela Kepler Interactive, o jogo é muito atrativo em virtude de seu visual cativante e diferentão.
Cheio de cores vibrante, cenários inusitados e uma movimentação bastante orgânica, temos um impacto visual de tirar o fôlego ou até mesmo causar vertigem, devido a tantas cores dispostas na tela. A psicodelia desenfreada condicionada à arte do jogo nos dá a sensação de estar em um show de luzes coloridas e desconexas sob o efeito de algum psicoativo. Lembrando que essa comparação é altamente baseada em experiências com filmes ou jogos que evocam esse sentimento, nunca experimentei isso na vida real.
O jogo é tão impressionante, que em alguns momentos confundimos o que é interativo e o que não é. É tudo tão cinestésico na jogabilidade, que a impressão que fica é que o jogo foi construído sob um sistema minucioso, anatômico e homeostático. Ultros é um jogo que pra mim levou algum tempo até eu entender o que ele queria dizer. Até certo ponto, eu achei que estivesse “brisado” e entendendo tudo errado. Enfim todo aquele apelo visual sobre um mapa muitíssimo bem construído passou a fazer sentido.
Abordando temas como propósitos, vida e morte, o jogo acerta em cheio em narrativa, sem medo de ousar em suas decisões, apesar de parecerem confusas no começo, elas vão tomando forma e por fim, nosso objetivo que é basicamente fugir de uma estação espacial que se encontra corrompida é finalmente esclarecido. As decisões narrativas são bastante desconexas, uma vez que vez que você está sempre perdendo suas habilidades, tendo assim, que conquistá-las novamente. Essas habilidades são alcançadas quando ingerimos uma quantidade específica de nutrientes, que são obtidos quando abatemos inimigos ao longo do caminho.
Embora Ultros pegue carona no estilo Metroidvania de sempre, ele se difere devido as mecânicas singulares que ele apresenta. O sistema de combate dele funciona de forma diferente, uma vez que podemos utilizar uma variedade mais ampla de golpes durante as batalhas, quanto mais versátil você for no que diz respeito a golpes, mais nutrientes serão coletados e com isso, mais rápido será a reaquisição de habilidades.
O cenário de Ultros é muito rico e isso se aplica a uma função muito interessante. Em alguns pontos do mapa temos localizações específicas para semear plantar, resultando em recompensas como uma frutinha especial com nutrientes abundantes ou mesmo revelar caminhos escondidos no mapa.
Ultros apresenta muitos loops temporais, mas para a nossa surpresa, isso não torna o jogo repetitivo. O roteiro se desenvolve naturalmente com reviravoltas aqui e ali. Há um senso de nivelamento muito notório nos desafios, que se tornam mais fluídos conforme você passa a dominar toda a dinâmica do sistema de combate. Mas como nem tudo são flores, o combate possui um certo delay em alguns golpes, torando as batalhas menos atrativas, devido a essa limitação de comando.
A trilha sonora enriquece a identidade do universo que o game apresenta, oscilando entre intensa e suave, criando uma sinergia impecável com os elementos naturais, flertando com sons tecnológicos, místicos e orgânicos, que combinam perfeitamente com as abordagens temáticas do jogo, destacando uma atmosfera exótica em um espectro extravagante e inovador dentro de um subgênero já consolidado.
Se você gosta de exploração bem estruturada e mapas detalhados, Ultros é um excelente jogo para isto. Após algum tempo de jogatina e um número razoável de habilidades, o avanço se torna mais atraente e divertido. A arte deslumbrante de Ultros, associada a uma jogabilidade que desvia do padrão de mercado acerca de Metroidvania com um estilo visual psicodélico tornam o jogo uma excelente opção no cenário atual. Embora ele tropece no quesito responsividade de controles em algumas batalhas, ele ainda possui um apelo bastante promissor em aspectos como exploração e aventura.