A Ascensão do Ronin – Historicamente fundamentado | Análise

Rise of the Ronin é um prato cheio para os fãs de RPG de ação, sobretudo para os fãs da cultura japonesa como um todo.

Analisado no PlayStation 5


A temática dos Samurais é muito apreciada por este que vos escreve e nos últimos anos tivemos excelentes representantes deste universo: Sekiro: Shadows Die Twice e o incrível Ghost of Tsushima que aborda de forma ímpar todas as referências dentro de uma obra prima estabelecida em um jogo de mundo aberto. Que fique claro, que apesar as temáticas iguais, não farei comparações sobre qual é melhor que o outro, visto que os três conseguem apresentar singularidades triunfais, tornando-os únicos e relevantes dentro do que ofereceram.

A Team Ninja já é conhecida por trazer ao mercado títulos como Ninja Gaiden e Nioh, e desta vez eles entregam um trabalho complexo que levou quase uma década para ficar pronto. Rise of the Ronin (A Ascensão do Ronin) é o resultado de um processo criativo de construção de RPG em mundo aberto com inúmeras possibilidades de interação entre personagens muito bem trabalhados. O estúdio se empenhou bastante no que diz respeito a jogabilidade associada a diversas mecânicas que se cruzam de forma sinérgica com uma trama rica de um período marcante da cultura japonesa que ainda tem muito a ser explorada, além de uma história cheia de personagens profundos e interessantes.

Rise of the Ronin acompanha a saga de um samurai sem mestre no Japão do século XIX. Este período é historicamente muito rico em virtude da chegada de navios ocidentais, marcando assim, o fim do auto isolamento japonês. Esse período retrata a transição cultural que este povo passou com a instauração da diplomacia com outros países. E pensando nisso, a ambientação do jogo é estruturada com a chegada dos “Navios Negros” do comodoro Mattew Perry atracando no litoral japonês, trazendo desconforto para a população com posicionamentos políticos, avanços na tecnologia e uma possível guerra civil.

Neste jogo, nossas missões são paralelas a eventos históricos fundamentais. Aqui vamos roubar documentação confidencial, assassinar figurões da época e criar elos significativos durante toda a jornada. A trama é envolvente demais, tanto na incorporação, quanto na diluição de acontecimentos, milimetricamente moldados para que se encaixem às convicções e conflitos daquele tempo, tornando a imersão mais orgânica enquanto conhecemos diversos personagens relevantes.

Aqui precisamos dar uma atenção especial a arquitetura narrativa e de roteiro, uma vez que que tudo o que fazemos e definimos como escolha tem impacto direto na dramaturgia e apontamentos políticos para a época, trazendo uma sensação prazerosa de assistir e ouvir todos os diálogos. Frente a isso temos um aspecto interessante que é o estreitamento de relações com outros personagens. Essa mecânica permite desbloquear habilidades e até mesmo influenciar a história, incentivando uma exploração mais ampla, criando camadas ainda mais densas sobre o jogo. Apesar de não ser um atributo original, essa experiência é muito bem executada na história, trazendo ainda mais contexto para a experiência do jogador.

Em termos de gameplay, temos algo bastante satisfatório, com um fluxo muito intuitivo em torno das mecânicas básicas como ataques leves, pesados, defesa e estamina. Além é claro, da possibilidade de usar armas e técnicas de luta diversificadas, trazendo uma amplitude estratégica que maximiza os danos dos nossos golpes. O que me incomodou foi a falta de pluralidade de inimigos. Embora saibamos que se trata de um jogo que beira a realidade, acredito que poderiam ter focado mais no visual dos adversários. Eles são todos muito parecidos, sejam humanos ou animais, é um pouco decepcionante ver tanto inimigo igual. Em contrapartida temos um nivelamento de dificuldade flexível, permitindo mudanças nesse balanço sempre que você sentir necessidade.

Esteticamente o jogo é lindo, mas as animações deixam a desejar. Os personagens parecem bonecos de cera com movimentos assíncronos e olhos que não evocam uma única unidade de emoção, diminuindo assim nossa conexão com eles. Essa oscilação de tom gráfico torna a experiência bastante agridoce no que diz respeito a imersão, porém devemos abrir a mente e apreciar todo o esforço do estúdio em entregar um mundo aberto tão detalhado. E temos tantos atributos narrativos e históricos, que embora o jogo apresente algumas falhas, todo o contexto consegue envolver o jogador.

Em conclusão, posso dizer que Rise of the Ronin é um prato cheio para os fãs de RPG de ação, sobretudo para os fãs da cultura japonesa como um todo. O jogo apresenta muitas qualidades, peca em alguns momentos, mas ainda assim é uma excelente opção no quesito imersão narrativa. Apesar dos escorregões não permitirem que ele seja perfeito, temos aqui um trabalho bem executado em função de um mundo aberto que abre possibilidades para uma continuação que possa corrigir esses detalhes. Apesar dos pesares, digo sem peso na consciência que Rise of the Ronin é uma aventura incrível, cheia de reviravoltas e elementos que prendem a nossa atenção fazendo dele, um título memorável que vale o preço atual.

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