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The First Descendant – Não respeita seu tempo nem sua carteira | Análise

The First Descendant traz um sistema de aquisição de itens que soma chance em cima de chance, em cima de chance, um formato frustrante e nada divertido.

Analisado no PC


The First Descendant é um jogo cooperativo de tiro em terceira pessoa desenvolvido e distribuído pela NEXON. O título foi lançado em 30/06/2024 com versões disponíveis para as plataformas PC, PlayStation 4|5 e Xbox One / Series X|S.

Com uma mistura de Warframe e Destiny, The First Descendant é um looter shooter que tinha potencial e até consegue te divertir por algumas horas, mas infelizmente a maior parte de seus sistemas não foi bem desenvolvido e o conteúdo de fim de jogo é cansativo e nada divertido.

Assim como na maioria dos jogos de gacha e gratuitos para jogar, a história aqui é completamente descartável e só está presente para justificar a jogatina. Basicamente toda a trama se resume no conflito entre humanos e forças alienígenas para o controle dos corações de ferro “Ironheart” que são relíquias que possivelmente guardam uma fonte infinita de energia. Nós jogamos com os personagens que participam dessa história e apesar de termos algumas interações e conteúdo secundário até interessantes, infelizmente nada é desenvolvido e a história acaba sendo jogada para o plano de fundo.

Nós acompanhamos o desenvolvimento do jogo e participamos desde os primeiros betas jogáveis e infelizmente a versão final desanima, pois a jogabilidade e os sistemas praticamente não evoluíram durante todo esse tempo. The First Descendant traz uma jogabilidade de tiro em terceira pessoa que é praticamente um estilo “run and gun” bem básico, não temos sistema de cover nem possibilidade de abaixar ou modo furtivo de fato. Aqui todos os personagens já andam correndo de maneira padrão, com a possibilidade de correr mais rápido, rolar para tentar esquivar e usar um arpão para navegar pelo cenário.

A jogatina realmente não impressiona e não inova, o sistema de habilidades é simples até demais, todas as animações de jogo são básicas e as lutas contra colossos que são o ponto alto e o diferencial da experiência, se resumem em grande parte a uma simples checagem de dano, com nenhuma mecânica interessante para ser feita. O jogo não traz criação de personagem e jogamos com personagens já criados, sendo 14 no total, cada um com sua especialização e habilidades. No começo é possível escolher um entre três iniciais disponíveis e liberamos a Bunny durante a campanha, sendo que todos os outros terão de ser liberados em um sistema que não respeita seu tempo nem sua carteira.

The First Descendant traz um sistema de aquisição de itens que soma chance em cima de chance, em cima de chance, um formato frustrante e nada divertido. Para conseguir qualquer um dos itens chave requeridos para fazer personagens e armas, primeiro é necessário repetir atividades por diversas vezes para se ter uma chance fixa de conseguir o material disponível, feito isso você repete mais atividades para abrir o material e ter mais uma chance de tentar pegar a parte necessária para construção do seu objetivo. Após várias horas de grind e com todos os materiais é hora de criar e dependendo do que você quiser fazer será necessário aguardar vários minutos ou até dezenas de horas para o item, ou o personagem ficar pronto para ser usado.

The First Descendant

Toda essa dinâmica não seria um problema se o jogo fosse divertido de se jogar e se as recompensas fossem melhores, mas infelizmente esse não é o caso aqui. A maioria esmagadora das atividades não são nada divertidas de se repetir, elas são semelhantes, suas recompensas adicionais são completamente descartáveis e temos vários problemas de design como o tempo de aparição de inimigos ser lento, objetivos e inimigos ficando presos ou entrando e saindo do cenário, existem problemas de conexão e rollback, além do que algumas atividades requerem grupos em matchmaking e dependendo da atividade você simplesmente não consegue encontrar grupo. Para piorar, como estamos falando em um sistema de chance, você pode passar horas, até dias tentando pegar algum item e não conseguir, sendo que o conteúdo de fim de jogo é travado atrás de checagem de dano e para melhorar os personagens e armas é preciso construir itens específicos para aumentar a quantidade de energia de cada um e diminuir o custo dos módulos, ou seja, é muito grind em atividades nada divertidas de se repetir.

Fica claro que todo o sistema de criação e aquisição de itens foi pensado para ser da maneira mais inconveniente e frustrante possível, justamente para forçar o jogador a abrir a carteira e gastar seu suado dinheiro no jogo. Caso não queira passar horas rolando dados, é possível comprar todos os personagens e itens na loja de cash, mas prepare o bolso pois os preços são surreais, com pacotes mais caros do que jogos AAA de sucesso e combos de créditos que não são exatos e te forçam a comprar um pacote mais caro para ter a quantidade necessária.

Problemas de design a parte, The First Descendant foi desenvolvido na Unreal Engine 5 e o resultado final foi o de um jogo com belos gráficos, mas uma de performance bastante inconsistente. Como é típico dos outros jogos que utilizam esse motor, o jogo chega com bons visuais, temos vários efeitos de iluminação e sombra, além de personagens e modelos muito bem feitos. Infelizmente essa qualidade gráfica chega acompanhada de uma performance bastante inconsistente e no atual estado é comum ter de conviver com quedas de quadros, uso irregular de CPU, além de problemas de conexão e atualizações que quebram recursos com os de upscaling.

No final, apesar dos problemas, The First Descendant consegue divertir pelo menos até você chegar no conteúdo de fim de jogo, a partir daí a diversão acaba e a frustração começa. O título é gratuito para se jogar, contudo por conta do sistema de aquisição de itens e da loja de cash, eu prefiro recomendá-lo somente para quem se interessar, do contrário é melhor partir para outro título.

Confira no vídeo abaixo trechos de gameplay de The First Descendant:

The First Descendant

5

Nota

5.0/10

Positivos

  • Gráficos

Negativos

  • Performance
  • Sistema de aquisição de itens
  • Problemas de design
  • Monetização agressiva
  • Enjoativo

Jeferson Vasconcelos

PC Gamer desde os anos 90, entusiasta de VR que não consegue ficar sem jogar os velhos consoles. Aguardando há anos pelo próximo Lineage
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