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CONSCRIPT – Faltou experiência de combate | Análise

A experiência é inspirada nos títulos de horror e sobrevivência do passado, porém não temos monstros de fato

Analisado no PC


CONSCRIPT é um jogo de sobrevivência atmosférico desenvolvido por Jordan Mochi/Catchweight Studio e distribuído pela Team17. O título foi lançado em 23/07/2024 com versões para as plataformas Nintendo Switch, PC, PlayStation e Xbox.

Com elementos inspirados em clássicos como Resident Evil e Metal Gear, Conscript traz uma experiência feita para agradar os fãs do gênero e que só não é melhor por conta de alguns problemas e escolhas de design.

CONSCRIPT

Sem spoilers. O jogo é ambientado durante a primeira grande guerra, onde nós iremos acompanhar uma jornada na perspectiva de um soldado francês que tem como objetivo principal salvar seu irmão ao mesmo tempo que também precisa cumprir com seus deveres. A história é interessante e a aventura traz momentos chocantes baseados nos acontecimentos do conflito, temos decisões morais e diferentes finais que são influenciados pelas ações do jogador durante a aventura.

A experiência é inspirada nos títulos de horror e sobrevivência do passado, porém não temos monstros de fato e o horror fica por conta da ambientação sombria que é impulsionada por elementos que retratam as condições e eventos vividos pelos soldados nas trincheiras da primeira guerra mundial. Com essa falta de monstros, a jogatina de Conscript acaba sendo mais parecida com os primeiros jogos da franquia Metal Gear e até sua sátira Unmetal, com uma câmera isométrica e um protagonista que pode esconder e tentar esgueirar, ao invés de partir para um conflito direto com os inimigos.

CONSCRIPT

No controle do personagem nós iremos navegar em um ambiente hostil e escuro inspirado nas trincheiras e fortificações do conflito, onde teremos de enfrentar ou evitar os elementos nocivos do cenário bem como vários inimigos, tudo isso enquanto abrimos portas, coletamos itens e resolvemos alguns puzzles para assim conseguir avançar. Essa dinâmica é acompanhada de várias mecânicas de sobrevivência que incluem save games limitados, um sistema de vida, stamina, doença e itens, estes últimos que degradam com o tempo e precisam ser reparados, recarregados ou combinados em um sistema de criação e loja no estilo dos de Resident Evil que nos possibilita melhorar e criar novos equipamentos.

Se por um lado o jogo acerta na ambientação e na sobrevivência, por outro ele erra no ritmo de jogo, no combate e em alguns elementos de seu design. Conscript foi desenvolvido em grande parte por um desenvolvedor solo e sem experiência, tendo como base o motor Gamemaker que apesar de versátil tem suas limitações. Essa combinação fica evidente quando jogamos, pois infelizmente o jogo sofre com escolhas de design questionáveis que culminam em um backtracking excessivo, agravado pelo pequeno espaço de inventário e pelo frustrante e inconsistente sistema de combate que ainda traz malditos ratos “mutantes”.

CONSCRIPT

Como dito acima, os finais são influenciados pela ações do jogador e caso você escolha lutar, terá de conviver com um combate que se utiliza de um sistema de mira inconsistente, caixas de dano questionáveis, animações que não podem ser cortadas e para piorar alguns inimigos são esponjas de balas. O combate às vezes é a única opção e caso o faça é melhor queimar os corpos dos inimigos, pois se não fizer com o tempo ratos “mutantes” irão aparecer. Esta decisão tenta retratar as doenças causadas pelos roedores no ambiente inóspito das trincheiras, contudo os ratos aqui são mais rápido que nosso personagem, eles causam dano, te envenenam e vem em grupo, sendo que só é possível acertar um por vez.

Todos essas escolhas de design acabam se tornando problemas e a dinâmica fica extremamente frustrante, pois o combate é ruim e só é possível enfrentar os ratos com ataques corpo a corpo, sendo que para evitá-los é necessário utilizar dois espaços do pequeno inventário para carregar o combustível e o isqueiro, aumentando assim a quantidade de viagens, pois você nunca sabe o que realmente vai precisar e a única alternativa é utilizar as caras e raras granadas para destruir as tocas dos ratos, algo que acaba não sendo prático pois elas estão espalhadas pelos mapas.

CONSCRIPT

Se essa dinâmica é ruim, imagine ter de repeti-la por inúmeras vezes. Infelizmente o jogo sofre com excesso de backtracking agravado pela falta de uma bússola ou de dicas de onde ir e do que fazer. Nós literalmente só temos como um norte o objetivo final e é fácil acabar se encontrando perdido sem saber para onde ir e tendo de lidar com ratos e inimigos, às vezes só para chegar até o ponto de salvamento para poder acessar o baú e coletar algum item necessário para assim fazer o caminho de volta ao ponto onde parou.

Se faltou atenção para os elementos da jogatina, toda essa foi definitivamente investida na ambientação e Conscript chega com belos visuais. Os gráficos são baseados em pixel arte com uma mistura de elementos 2D e 3D que trazem modelos simples mas cenários recheados de detalhes. A atenção é grande e a experiência é complementada por uma excelente trilha sonora que incorpora faixas de fundo com elementos atmosféricos e efeitos sonoros que remetem ao conflito retratado, uma combinação que não passa terror mas causa apreensão e deixa o jogador em alerta pois é difícil descobrir o que te espera no próximo corredor.

Apesar de ter uma ambientação muito bem feita e uma história interessante, a experiência final de Conscript acaba sendo afetada por problemas de design, em especial pelo excesso de backtracking e o combate ruim que dada as mecânicas dificilmente poderá ser consertado. O preço cobrado é justo, contudo por conta do estado atual é mais interessante esperar por uma promoção.

Confira o início de CONSCRIPT no vídeo abaixo:

Conscript

7

Nota

7.0/10

Positivos

  • Ambientação/Arte
  • Trilha Sonora
  • Temática Diferente

Negativos

  • Sistema de Combate
  • Excesso de Backtracking
  • Inventário pequeno
  • Ratos

Jeferson Vasconcelos

PC Gamer desde os anos 90, entusiasta de VR que não consegue ficar sem jogar os velhos consoles. Aguardando há anos pelo próximo Lineage
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