The Casting of Frank Stone – O terror é envolvente! | Análise

Nossas escolhas neste game fazem toda diferença sobre vida e morte.

Analisado no PlayStation


Em 2016 A Behaviour Interactive nos entregou Dead By Daylight, que tem como enredo um elenco recheado de assassinos famosos de filmes de terror que fizeram e ainda fazem muito sucesso. Desde então, vem arrematando uma legião de fãs do gênero com sua proposta audaciosa. Agora, em 2024, Dead By Daylight tem seu universo expandido em uma atmosfera ainda mais dramática, situada em um drama interativo totalmente singleplayer. Trata-se de The Casting of Frank Stone.

Nossas escolhas neste game fazem toda diferença sobre vida e morte. Em The Casting of Frank Stone, conheceremos uma pequena e tranquila cidade chamada Cedar Hills, que sofrerá um trauma em virtude do terror causado por um homem desequilibrado que se deixa influenciar por sonhos obscuros que trazem a promessa de uma redenção inteiramente oportunista por parte de uma entidade sinistra. Esse novo vilão será o responsável por torturar suas vítimas, bem como os assassinos de Dead By Daylight.

Bebendo da fonte de jogos como The Quarry, Until Dawn, House of Ashes e vários outros da The Dark Pictures, The Casting of Frank Stone apresenta um drama interativo com pequenos momentos de gameplay onde o foco é a exploração, embates com criaturas e inimigos ou mesmo uma fuga. O jogo explica como a entidade representa uma força maligna e cheia de ódio e como ela faz para se comunicar com nosso mundo e suas vítimas, levando-as para sua dimensão de puro horror.

De início já somos apresentados a uma personagem chamada de “A Narradora”, que tem um papel importante nos acontecimentos de Cedar Hills. Os capítulos são explicados por ela, e ao decorrer da narração, vamos entendendo como a tragédia se desenvolveu e o porquê Frank Stone ceifou tantas vidas. No jogo acompanharemos Linda, Chris, Jaime e Robert, um grupo de amigos entusiastas de histórias de terror que juntos, decidem produzir um filme de terror explorando a vida e as motivações de Frank Stone, que com seu perfil sádico, mudou a vida de todos os habitantes de Cedar Hills.

O primeiro capítulo se passa em 1963, contando a história de Sam, um policial local que investiga o desaparecimento de uma criança. Essa narrativa se desenvolve com uma dinâmica de alternância com os anos 1980 e 2024. A princípio parece tudo muito confuso e desconexo, mas logo as peças vão se encaixando e tudo desenrola de forma clara. Durante todo o jogo, controlamos diversos personagens, tendo em nossas mãos a responsabilidade por cada vida, e isso imprime uma carga emocional densa, uma vez que nossas ações determinarão o fluxo de vida ou morte para cada um.

Seguindo o ditado “Se tá no inferno, abraça o capeta”, os jovens, além de produzir um filme inspirados na história de um assassino, foram filmar no local onde os crimes ocorreram, a Siderúrgica abandonada de Cedar Hills. E é a partir daí que o negócio desanda e uma jornada angustiante cujo objetivo é sobreviver, começa. Para lidarem com a entidade maligna dali eles tem apenas uma câmera 8mm e um sonho. A Supermassive fez um trabalho bem interessante, viabilizando um modo cooperativo local para até 4 players, ou seja, você não precisa passar o cagaço sozinho, como eu fiz.

Além de nossas ações afetarem diretamente o final de cada personagem, o jogo traz, como de costume, os Quick Time Events, que sempre pega os desavisados de surpresa, ao exigir um comando específico no susto, quando menos se espera. Como em um momento decisivo que custará sua vida. A exploração do jogo consiste majoritariamente na Siderúrgica e em alguns poucos locais, criando uma atmosfera pesada e imersiva em um ambiente realista de terror, que se associa muitíssimo bem com a trilha sonora.

Para adquirirmos um item necessário ou mesmo abrir portas, a gente precisa resolver alguns puzzles, mas eles não são absurdos, não há grandes dificuldades para resolvê-los. The Casting of Frank Stone é repleto de easter eggs para os fãs de Dead By Daylight, como itens, estátuas, bonecos colecionáveis e várias outras referências como o gerador de energia. O jogo também homenageia a Entidade, que rouba a alma dos sobreviventes nos finais de partida.

Existe uma certa preocupação em termos narrativos quando pensamos em uma amplificada ao universo de Dead by Daylight, mas essa é a grande surpresa do jogo, eles realmente fizeram um bom trabalho e desenvolveram de forma muito satisfatória. Outro grande ponto positivo que eu adoro destacar sobre games, é o fato de terem adicionado uma dublagem localizada em português-BR, isso cativa demais novos públicos e mostra ali, um grande carinho e preocupação com a acessibilidade do jogo, sem falar da qualidade de interpretação por parte dos dubladores. Graficamente o jogo está bastante bonito, mostrando texturas bem trabalhadas, oferecendo assim, um visual muito mais realista.

Infelizmente, o jogo se perde um pouco quando decide abrir debate sobre o relacionamento interpessoal de um casal específico. Essa dinâmica de abordar o ciúme de alguém durante o momento que esperamos que a ação comece, dá uma frustrada durante a jogatina e francamente, isso incomodou bastante. Mas quando saem desse arco, tudo volta a fluir, ou seja, um sinal mais que claro, de que essa proposta não é funcional para o enredo.

Para finalizar: utilizando elementos gore em suas cenas, abrangendo uma narrativa coerente em um espectro de terror cheio de plot twists, The Casting of Frank Stone é um jogo muito instigante, tornando prazeroso e envolvente cada momento de desespero onde nosso maior objetivo é fugir de um assassino lunático, tal qual em Dead By Daylight.

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