Analisado no PlayStation 5
Discutindo sobre o assunto “IA”, refletindo sobre sua eficácia e impacto a longo prazo na sociedade como um todo, visto que sua expansão está cada vez mais avançada, diversos questionamentos surgem no que diz respeito às relações estabelecidas com os seres humanos. Polêmico e complexo, este tema vem sendo explorado por diversas vertentes midiáticas. E em meio a tantas produções audiovisuais, o mundo dos videogames abraçou a ideia e lançou Evotinction, que trará um espectro de pensamentos acerca do potencial da IA.
Todo trabalhado na furtividade com apelo inclinado para o planejamento estratégico, a Spikewave Games decidiu botar o taco na mesa e mostrar que stealth não é monótono. E para essa impressão se concretizar, vamos conhecer o lugar onde ocorreram inúmeras evoluções da humanidade, o centro de pesquisa HERE, onde diversos episódios de maldade foram presenciados. Neste jogo, a narrativa gira em torno do fato de os humanos terem sido extintos por um vírus de origem desconhecida, então uma IA encontrou uma brecha perfeita para evoluir com base no conhecimento humano, que outrora, a criou. Atualmente, a IA ocupa uma instalação tecnológica, onde ela cortou toda a comunicação com o meio externo, tornando os mais variados drones, seus olhos e ouvidos em todo canto.
Nosso protagonista é Thomas Liu e ele se encontra sozinho em HERE, e como líder do departamento de desenvolvimento, ele é a única esperança de acabar com a era de terror comandada por esta máquina. Utilizando todas as suas especialidades em hacking e recursos de infiltração, Thomas terá de correr contra o tempo para chegar ao núcleo do prédio para desativar a ameaça.
Ambientado em uma atmosfera Sci-Fi, Evotinction entrega uma experiência de aventura focado no stealth, que permite a utilização de diversas técnicas de hackeamento e ferramentas tecnológicas capazes de derrotar os equipamentos e máquinas que estarão no caminho. Com um combate em terceira pessoa e visão sobre o ombro, que infelizmente funcionam de forma travada, dando um aspecto de controlar um robô, o personagem anda meio duro, é bem feio de olhar. Em contrapartida, as mecânicas de furtividade rodam lisinho, contando com uma variedade interessante no sistema de progressão e um leque de habilidades ativas e passivas que são destravadas ao longo da campanha.
A gameplay de Evotinction é bastante fluída e agradável, as ferramentas de última geração são super bacanas de usar, tornando a campanha mais recompensadora toda vez que utilizamos os artifícios propostos. Associado a isso, temos cenários com recursos não renováveis. Por exemplo: caso sua munição ou arremessáveis acabem, chegou a hora de bolar outra estratégia para sair daquela situação. Utilizando outras opções, como atrapalhar a visão e o movimento do inimigo, criar hologramas, ativar e infectar a rede com vírus e até falsificar autorizações para controlar sistemas operacionais.
Esses artifícios merecem destaque por serem muito fidedignos e garantirem segurança nas passagens, contudo, precisamos ter em mente que abusar desses recursos pode ativar o gerenciamento de riscos da IA, fazendo com que máquinas passem a nos caçar pelo mapa. Desse modo, o jogo não só sobre hacking ou stealth, mas também aborda a estratégia como ferramenta, nos estimulando a usar câmeras e escanear códigos para nos planejarmos e claro, derrotar inimigos.
Apesar de não ser um mundo totalmente aberto, justamente por se passar em uma instalação de médio porte, Evotinction permite que retornemos para áreas previamente exploradas, para que possamos obter mais itens e XP com coletáveis que ficaram para trás. Um ponto que me chamou atenção é que quando você libera uma área da influência da IA, ela se torna segura para sempre. Ou seja, você pode reexplorar sem dores de cabeça.
Visualmente, Evotinction é muito agradável, sua riqueza de detalhes, o jogo de luzes em cenários escuros e abandonados que trazem uma imersão ainda mais satisfatória. Em contrapartida, a história não funciona muito bem com o mundo no qual ela é inserida. O fato de não ter uma localização em Português-Br também prejudica muito, criando uma barreira na totalidade do entendimento, justamente por possuir uma temática Sci-Fi e os diálogos seguirem uma linha mais científica.
No geral, o jogo é funcional dentro do que propõe em termos de furtividade, não se tornando chato, uma vez que ele está sempre instigando nossa criatividade, exigindo atenção e consciência em nossos atos. Evotinction apresenta algumas problemáticas, especialmente em sua narrativa, mas não desagrada em um panorama geral, entregando jogabilidade coesa, uma progressão interessante e conteúdos vastos, ou seja, é um jogo recomendável!