Throne and Liberty – Não é Lineage mas queria ser | Análise

O título foi desenvolvido na Unreal Engine e como é de praxe, temos um produto final que entrega belos gráficos, mas um desempenho inconsistente.

Analisado no PC


Throne and Liberty é o novo MMORPG desenvolvido pela NCSoft e distribuído pela Amazon Games na Europa, América e Japão. O título atualmente se encontra com acesso antecipado e seu lançamento oficial está previsto para 01/10/2024, com versões e crossplay para as plataformas, PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.

Trazendo uma bela apresentação visual, combinada a um combate ruim e um sistema de monetização bastante agressivo, Throne and Liberty é mais um MMO fundamentado em sistemas genéricos com aspectos “paytowin”, mostrando que a NCSoft não consegue evoluir e nem mesmo se aproveitar dos sucessos de suas subsidiárias e de outras empresas do ramo.

Anunciado no início da década passada como sendo uma sequência do primeiro Lineage, Throne and Liberty teve um desenvolvido conturbado que envolveu vários cancelamentos, remakes, atrasos e diversos nomes de projetos que navegaram através de diferentes estilos que incluíram desde tradicional MMO até um formato de ARPG com versões mobile. Depois de muito tempo finalmente o jogo está sendo lançado, agora como uma nova IP sem versão mobile, mas contando com crossplay entre PC e consoles.

A história de Throne and Liberty gira em torno dos fragmentos da Estrela de Syaveth, estes que dão poder ao seu usuário e acabam se tornando o objetivo de dominação em um típico conflito de “bem contra o mal”. Apesar de trazer cinemáticas interessantes, no geral a história é bem genérica e depois das missões iniciais você irá se ver esmagando “F”, só para pular os diálogos e partir para os próximos objetivos, assim como em outros jogos recentes do gênero nada aqui impressiona e a história só serve como plano de fundo para toda a jogatina.

O título chega com uma jogatina que segue um modelo inspirado no de Lineage 2, temos um combate completamente baseado no sistema tab target sem nenhuma flexibilidade e conteúdo de fim de jogo baseado em PVP com um foco principal em batalhas de guilda em eventos de chefes e sieges de castelo. O estilo aqui é bem old school e praticamente não temos nenhuma atualização no sistema combate, este que apesar de trazer uma opção de modo action ainda fica preso no velho tab target, requerendo um alvo para se atacar e soltar habilidades em um formato que se assemelha ao do Lineage 2 só que um pouco atualizado.

Os MMOS mais populares atualmente utilizam de um sistema de combate que prioriza o formato action, ou híbrido de action com tab target flexível que não exige um alvo de fato, como é o caso do Black Desert, GuildWars 2 e The Elder Scrolls Online. Throne and Liberty parece ficar preso no passado e no geral o sistema de combate aqui está longe de ser algo agradável para um título lançado em 2024.

O combate é lento e um tanto engessado, o sistema não te deixa soltar habilidades caso você esteja fora da distância necessária e existem opções de “pré carregamento” de sequências de habilidades, fatos estes que são herdados do formato autoplay que está presente em versões betas e que foi removido nesta versão final. Para jogar é necessário utilizar a barra de habilidades que literalmente vai da tecla “1” a “=” do teclado, temos acesso a duas armas, mas apenas uma barra de habilidades, o que limita muito a jogatina e fará muita gente voltar a utilizar os mouses de MMO com vários botões.

A jogatina ainda é focada na trindade de healer, tank e dps mas não existem classes de fato aqui. A sua classe em Throne and Liberty irá depender do conjunto de armas que você estiver usando, com cada uma delas tendo suas habilidades ativas e passivas únicas, assim você pode em teoria criar seu personagem da forma que quiser, mas não fique muito otimista pois as combinações meta ainda são tecnicamente lei e dificilmente você terá flexibilidade de escolha na hora de jogar em grupo.

Em MMOS nós não jogamos sozinhos e o conceito do gênero é trazer conteúdo multiplayer de forma massiva, assim de uma forma ou de outra você irá precisar de um grupo para jogar. Os jogos mais populares atualmente trazem um sistema onde apesar do conteúdo requerer um grupo, grande parte dele pode ser completado com pessoas aleatórias, sem a necessidade de uma guilda ou grupo fechado e infelizmente este não é o caso aqui.

Throne and Liberty é um MMO com o foco total em conteúdo de guildas e caso você não faça parte de uma ou não queira entrar é melhor nem começar e partir para outro jogo. Até existem masmorras e eventos que podem ser feitos com aleatórios, porém a maior parte do conteúdo de fim de jogo é completamente focado em guildas, com eventos de PVP, chefes e sieges de castelo, todos estes que irão requerer que o jogador seja membro de uma guilda para poder participar da atividade. Por um lado esse sistema é interessante pois temos uma certa coordenação e organização com alianças batalhando pelo controle, por outro infelizmente ele cria vários problemas de balanceamento e mini deuses, com os líderes de guilda decidindo como todas as recompensas serão distribuídas, sendo uma dessas opções tudo ir automaticamente para o baú da guilda, um sistema que no geral acaba gerando muito drama.

O balanceamento também acaba se tornando um problema, visto que nessa era de mídias sociais, uma aliança grande pode acabar tomando conta do servidor sem dar nenhuma chance para as guildas menores, fato este que aconteceu em servidores Coreanos e atualmente está acontecendo em alguns servidores Europeus neste acesso antecipado. Essa falta de balanceamento é ainda mais agravada pela monetização do jogo e sim, Throne and Liberty é um jogo “pay to win” onde quem gastar mais dinheiro real no jogo terá vantagem no PVP.

Geralmente jogos gratuitos para jogar chegam combinados de uma monetização agressiva e infelizmente este é o caso aqui. O título chega com uma monetização que segue o padrão adotado em outros jogos através de skins e passes de temporada, contudo ele vai além e literalmente trava a auction house (casa de leilões) com moedas premium e você só consegue comprar desde simples consumíveis até itens prontos com moeda de cash. O sistema é agressivo e abre portas para o odiado “pay to win”, sendo que, desde que tenha dinheiro, o jogador literalmente pode pagar para equipar seu personagem e ter vantagens no combate PVP.

Até existem algumas limitações que introduzem uma quantidade limitada de alguns itens para se comprar por mês e algumas receitas que requerem recursos que não são vendidos e só podem ser adquiridos jogando, porém no final das contas fica nítido que quem paga tem vantagens e quem não passar o cartão de crédito terá de encarar o jogo como uma segunda vida para se ter alguma chance de competir.

Essa monetização é a típica de outros jogos da NCSoft, a empresa que copiou o sistema de seus jogos mobile para seus outros títulos, sendo a única exceção da regra atualmente o GuildWars 2 que é desenvolvido pela Arenanet uma subsidiária da NCSoft. Infelizmente esta é a realidade, o jogo é pay to win mas não precisava ser, pois o sistema de passe de batalha se mostrou eficiente em outros títulos e o jogo chega com diversas oportunidades de monetização através de cosméticos para os personagens, transformações e diferentes modelos de Amitoi, uma espécie de pet fofinho que auxilia nosso personagem.

O título foi desenvolvido na Unreal Engine e como é de praxe, temos um produto final que entrega belos gráficos, mas um desempenho inconsistente. O mapa de jogo é enorme e bastante detalhado, com cada região tendo uma temática e suas peculiaridades, tudo está bem feito e colorido, temos um bom uso da paleta de cores e uma boa variedade de modelos. Apesar de belas paisagens você não irá apreciá-las por muito tempo, pois o mapa é cheio de teleportes e a maior parte do tempo você irá utilizá-los ao invés de se transformar e ir do ponto A ao B, até porque o sistema de transformação aqui é no estilo ame ou odeie, sendo bem lento neste início de jogo.

Dada a quantidade de jogadores e elementos na tela, MMOs geralmente não tem uma das melhores performances e aqui não é nada diferente. No geral o jogo traz uma boa otimização e é possível jogar com belos gráficos e muitos quadros em conteúdos de grupo como masmorras e no mundo aberto quando não temos muitos jogadores. Durante eventos, chefes e sieges a situação muda completamente, sendo necessário diminuir a qualidade gráfica e desabilitar os efeitos para se ter uma média de 20 a 60 FPS dependendo da localidade e da quantidade de jogadores. Apesar do desempenho estar bom, durante esse acesso antecipado foi comum conviver com atrasos, o maldito “lag” durante o combate, fato este que acontecia geralmente durante as horas mais populares e que pode acabar piorando a partir do lançamento já que o jogo é gratuito para se jogar. Além desses, algumas missões se encontram com problemas de tradução e não estão funcionando, a loja também sofre com problemas e atualmente só é possível comprar e até mesmo resgatar os pacotes gratuitos caso seu jogo esteja em Inglês.

No final, apesar dos belos visuais e da boa performance, Throne and Liberty infelizmente é mais um MMO que provavelmente não irá sobreviver no longo prazo por conta de decisões de seus desenvolvedores. Na Coreia do Sul o título atualmente se encontra fora do top 50 de jogos online mais populares, com outros jogos da desenvolvedora como Lineage, Lineage 2 e Aion entre os 20 primeiros.

O jogo simplesmente não impressiona, o foco é em PVP mas seu sistema de combate está longe de ser dos melhores, as transformações são lentas e completamente desnecessárias, além disso a experiência no geral é impactada pelo formato de monetização que acaba criando a situação onde se paga para ganhar, pois no final este é um título com o foco no PVP. O título está sendo lançado de forma gratuita para se jogar e por este motivo se você se interessou é só instalar e experimentar, mas já aviso que sem uma guilda é quase impossível progredir.

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