Gori: Cuddly Carnage – Caoticamente vibrante | Análise

Unicórnio atirando, unicórnio com lâminas, unicórnio gigante, explosão de gosmas e chefões assustadores, esses são elementos que tornam a experiência ainda mais singular

Analisado PlayStation 5


A receita exata para termos um enredo cyberpunk é ter uma corporação poderosa, comandada por pessoas de caráter duvidoso. E é exatamente isso que temos em Gori: Cuddly Carnage. Em um mundo de Ultra Pets criados por uma empresa chamada Cool-Toyz Inc, que também é responsável por criar nosso protagonista, o Gori. Ele é um brinquedo protótipo, criado pela professora Y, que o manteve escondido a maior parte de sua vida, por ser considerado um projeto fracassado. Quando sua dona é raptada, Gori decide ir salvá-la, contando com a ajuda de F.R.A.N.K, um hoverboard que fala muito palavrão e Ch1-P, uma IA que controla todo o sistema da nave de Gori, e juntos partem em busca da Professora Y, que no momento é refém da Adorable Army, um exército de brinquedos assassinos.

Embora a história seja uma completa viagem, ela tem um bom desenvolvimento e se desenvolve bem, apesar de apresentar um objetivo bastante simples. Por meio de cutscenes, todo o passado da Professora Y é explorado a cada novo nível do jogo, com uma dinâmica de história em quadrinhos, temos uma sensação de obrigatoriedade em saber tudo o que rolou com ela. Isso cria um espectro de satisfação bastante satisfatório, uma vez que torna a experiência muito mais profunda do que aparentava ser. Uma dica: tirem as crianças da sala durante os diálogos de F.R.A.N.K. e Ch1-P, eles não têm filtro e os palavrões e piadinhas ambíguas comem soltas.

Essencialmente, Gori: Cuddly Carnage é um Hack ‘n’ Slash, no qual podemos picar os inimigos o tempo todo, para manter o raking da matança o mais alto possível, bem como o próprio gênero pede. Para o jogo progredir bonitinho, precisamos explorar as mecânicas disponíveis, tornando a experiência mais dinâmica e divertida. A aquisição de melhorias e skins pro Gori e pro F.R.A.N.K. é feita por meio de transações de moedas que caem dos inimigos ao morrerem ou por objetos interativos que podem ser destruídos no cenário.

Sendo absolutamente linear, o jogo faz pequenas curvas durante suas fases, o que para alguns pode ser um grande problema, mas para outros, um deleite. Afinal, o que mais tem no mercado atualmente, é jogo de mundo aberto completamente vazio. Uma experiência mais condensada pode trazer uma experiência menos exaustiva, uma vez que o foco não é o exagero e sim, a diversão. Em contrapartida, temos uma pegada um pouco repetitiva, que consiste em limpar uma área de inimigos, quebrar objetos e só. Parece tudo muito simples, mas se torna um pouco maçante, levando em consideração que cada fase pode facilmente durar mais de 40 minutos.

Visualmente, Gori: Cuddly Carnage é um título deslumbrante. Insanamente colorido, bem focado em cores comumente utilizadas em produções cyberpunks como azul, verde e rosa, estralando vibrantemente na saturação, com muito efeito neon nos cenários que fazem um trabalho de reflexo no chão absurdamente lindo. Talvez por ter apostado em tanta cor e luz, o jogo sofra alguns engasgos ocasionais muito perceptíveis, mas nada que deva te preocupar, pois não afetou em nada a jogatina.

Unicórnio atirando, unicórnio com lâminas, unicórnio gigante, explosão de gosmas e chefões assustadores, esses são elementos que tornam a experiência ainda mais singular, visto que podemos fatiar eles de tal modo, que o cenário inteiro se torna cena de um crime hediondo, fazendo jus ao nome “GORI”. Sonoramente, o jogo não deixa a desejar também. A diversidade de músicas que permeiam o rock, a música eletrônica e sons de filmes de terror distorcidos, criam uma atmosfera frenética, na qual todos os combates se tornem bastante divertidos e imersivos.

Sendo facilmente um dos títulos mais despretensiosos e “leves” do ano, Gori: Cuddly Carnage oferece uma experiência única, tirando sorrisos largos dos jogadores, uma vez que traz aquela sensação boa da época em que nossa única preocupação com videogames era se divertir. O fato de terem apostado em um Hack ‘n’ Slash também foi um tiro certeiro, visto que o gênero anda meio em desuso e mesmo assim não deixa de ser bom. Vários fatores positivos, associados a personagens carismáticos e uma história bem amarrada, encontramos aqui um título bastante coeso e satisfatoriamente recomendo por este que vos escreve.

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