Analisado no PC
Romance of the Three Kingdoms 8 Remake é um jogo de gerenciamento e estratégia em turnos, desenvolvido e distribuído pela Koei Tecmo. O título foi lançado em 23/10/2024 com versões disponíveis para as plataformas Nintendo Switch, PC e PlayStation 4|5.
O Romance dos Três Reinos (Romance of the Three Kingdoms) é um romance histórico chinês escrito por Luo Guanzhong que retrata os acontecimentos da era dos Três Reinos da China entre 169-280 AD. Desde o início da era digital, essa história foi adaptada para jogos de diversos gêneros e esta franquia originada pela Koei em 1985 é uma das mais antigas. Este é o remake de Romance of the Three Kingdoms VIII, título lançado em 2001 para o PC e PS2 que agora recebe uma nova versão para atualizar essa experiência, modernizando-a com os sistemas dos jogos mais recentes da franquia mas também retirando alguns modos do original.
Para quem não conhece ou nunca jogou, a série Romance of the Three Kingdoms da Koei é atualmente uma das poucas a ainda manter o foco em gerenciamento e estratégia, com uma jogatina que deixa de lado a tradicional ação de outro jogos em troca de um “roleplay” com vários cliques e diversos eventos. A história segue os acontecimentos da obra original, contudo a abordagem é completamente flexível e o jogador pode optar por seguir ou não os acontecimentos históricos, em um formato sandbox onde é possível alterar completamente a linha do tempo e decidir o seu rumo. A narrativa é pesada e tudo aqui influência nos acontecimentos, desde suas relações com outros personagens, até suas decisões e escolhas, uma experiência que irá agradar quem gosta do gênero, mas também é uma receita para o sono de quem geralmente opta por jogos de ação.
Como dito acima, este não é um jogo de ação e sim de gerenciamento e estratégia e apesar de termos algumas seções de combate, grande parte do tempo será passada navegando nos menus para gerenciar seus recursos e tomar decisões. A jogatina é baseada em turnos que correspondem a um mês, cada turno é acompanhado de um limite de pontos de ação e você precisa decidir como irá gastá-los, seja melhorando seu personagem, sua influência ou criando vínculos com outros, pois novamente tudo aqui influência de certa forma nos acontecimentos.
É possível começar com um cenário histórico ou em modo sandbox, mas de qualquer forma as escolhas são livres e o jogador pode iniciar como um mero oficial de baixa patente e subir os ranks, terminando até como o líder do reino. Claro que isso é algo difícil de ser alcançado, visto que temos eventos que acontecem no caminho e embates contra outros oficiais influentes, ambos estes que neste remake são mais diretos e fáceis de acontecer, diferente do original que muita coisa era “escondida” do jogador. O que também não está escondido aqui é a falta do multiplayer e este remake só traz suporte a jogatina solo, o que de certa forma faz sentido por conta da proposta, mas acaba sendo um retrocesso por conta da evolução digital que vivemos desde o lançamento do jogo original.
O remake moderniza a experiência de jogo, a tornando de certa forma mais dinâmica através de melhorias de qualidade de vida e de um novo sistema de combate. Quem jogou os jogos antigos sabe que as experiências geralmente são carregadas de cliques e este remake tenta consertar em parte este problema através de opções como, a rolagem automática de texto com diferentes velocidades, a possibilidade de pular cinemáticas que já aconteceram automaticamente, além de outras como os eventos históricos “tales” tendo um menu próprio e sendo totalmente opcionais.
O combate agora acontece em um sistema de jogo de cartas, onde o objetivo é alcançar o maior número a cada rodada para causar dano ao adversário. Os embates levam em conta os status de força, inteligência e outros de cada personagem dependendo do tipo de conflito, seja uma discussão, duelo ou batalha real, ou seja, é preciso levar em conta o seu objetivo antes de iniciar um combate, pois você pode começar ou não com vantagem. Este novo sistema é interessante pois quebra um pouco a monotonia, mas ele está longe de ser algo divertido e depois de algumas batalhas ele começa a ficar enjoativo, porém este ainda é a forma mais efetiva pois o modo automático aqui geralmente resulta em mais casualidades do que o necessário.
Este remake também chega com uma nova apresentação visual que está muito bem feita, mas é acompanhada de uma localização que deixa a desejar. O remake realmente moderniza a experiência e esta nova versão entrega uma arte muito bem feita e rica em detalhes, com personagens bem desenhados contrastando com um plano de fundo que mistura elementos 2D e 3D. Os menus também receberam uma nova cara e estão mais diretos e bem feitos, você realmente não se perde e a interface foi bem projetada. A trilha sonora continua boa e temos diversas faixas que se encaixam com perfeição as situações, seja música ambiente nas telas de gerenciamento, a faixas divertidas em alguns eventos e outras mais sérias durante o combate.
Apesar de ser baseado em um conto de origem chinesa, o título só entrega a tradicional dublagem Japonesa que continua bem feita com tradução limitada ao Inglês, Chines e Coreano. Infelizmente não temos localização para PT-BR o que limita a jogatina para quem não é fluente em uma dessas línguas e a dublagem quebra um pouco da imersão por conta da história em que o jogo é baseado.
No final, apesar de não reinventar o gênero, Romance of the Three Kingdoms 8 Remake entrega uma versão modernizada e em grande parte superior à do jogo original que com certeza irá agradar aos fãs da franquia. O preço cobrado é salgado e por conta do ritmo de jogo eu prefiro recomendar este título somente para os fãs do contrário é melhor esperar por uma promoção.