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S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl – De volta a Zona com visuais aprimorados | Análise

O título é divertido, desafiador e extremamente bugado da mesma forma como foram seus antecessores no lançamento.

Analisado no PC


S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl é um jogo de sobrevivência e tiro em primeira pessoa desenvolvido e distribuído pela GSC Game World. O título foi lançado em 20/11/2024 com versões para as plataformas PC e Xbox Series X|S.

Para quem não conhece a franquia, S.T.A.L.K.E.R. 2 não é o segundo jogo dessa série e sim o quarto. Desenvolvida pelo estúdio ucraniano GSC Game World, a franquia S.T.A.L.K.E.R. começou em 2007 com Shadow of Chernobyl e logo foi sucedida por Clear Sky em 2008 e Call of Pripyat em 2009. Com um espaço pequeno entre os lançamentos, os dois primeiros jogos serviram quase como um programa de testes para o terceiro Call of Pripyat, este que foi o único a ter um lançamento mais estável. A franquia ficou popular entre os jogadores de PC por conta das diversas modificações feitas pela comunidade que consertaram problemas e também adicionaram vários novos recursos, culminando na popular versão standalone Stalker Anomaly e seu pacote de mods G.A.M.M.A.

S.T.A.L.K.E.R. 2

Após mais de uma década de seu anúncio original e de diversos problemas que incluem cancelamentos, adiamentos e até mesmo uma guerra, S.T.A.L.K.E.R. 2 finalmente chegou e a impressão é a do título continuar a mesma experiência amada pelos fãs, com um conjunto que continua incompleto, recheado de bugs e de inconsistências, só que agora com gráficos e recursos atualizados.

Sem spoilers, a trama da franquia acontece dentro da “Zona”, um perímetro de exclusão ao redor da famosa Usina Nuclear de Chernobil que no universo do jogo sofreu dois eventos catastróficos, o de 1986 e um segundo em 2006, ambos estes relacionados a pesquisas secretas. A Zona é de certa forma fechada ao público e controlada por forças armadas, o local irradiado é cheio de mistérios e guarda desde mutantes até artefatos e anomalias. Pensando em riqueza ou até na liberdade proporcionada pelas leis do local nós temos os S.T.A.L.K.E.R. (Scavengers, Trespassers, Adventurers, Loners, Killers, Explorers and Robbers) que correm o risco se aventurando dentro da zona geralmente à procura dos raros artefatos que valem uma boa grana fora daquele local.

Em S.T.A.L.K.E.R. 2, nós iremos acompanhar a jornada do protagonista Skif que vai para dentro da Zona após um artefato surgir e misteriosamente explodir seu apartamento. Skif inicialmente está apenas a procura de ganhar uma grana para comprar uma nova casa, mas o personagem acaba se envolvendo nos acontecimentos internos da Zona e precisa tomar algumas decisões. Não é preciso jogar os outros jogos para entender a história aqui, mas quem jogou irá encontrar várias referências nos acontecimentos e também verá algumas caras conhecidas. No geral a trama segue a mesma pegada dos anteriores, com diferentes finais que irão variar conforme algumas decisões tomadas pelo jogador que agora estão em um formato mais simples com menos variáveis.

Apesar dos trailers passarem a impressão do jogo ser um FPS clássico e do combate ser frequente durante a jogatina, S.T.A.L.K.E.R. está mais para um jogo de sobrevivência em primeira pessoa com combate que utiliza armas de fogo. Como dito acima a aventura se passa na Zona, um local repleto de radiação e perigos, por este motivo o combate de FPS é apenas uma parcela da jogatina e o jogador é forçado a navegar e gerenciar outros status que incluem, fome, radiação, sangramentos, além de diversas anomalias que precisam ser evitadas geralmente utilizando parafusos. Além destes também temos elementos com uma pegada inspirada em RPG através de modificação e degradação de itens, além da necessidade de se reciclar os equipamentos dos inimigos abatidos e também procurar recursos em locais abandonados, pois nada na Zona é de graça e sobreviver custa caro.

O combate segue a linha de FPS separada em dois modos, stealth e combate direto. Independente do modo escolhido, nós teremos acesso a um arsenal composto de 35 armas, este que incluía desde pistolas, espingardas, rifles, explosivos, até diversos acessórios para modificá-las e diferentes tipos de munição. Como dito acima é preciso reparar e de certa forma fazer manutenção no seu equipamento além de também saber escolher quais utilizar para cada tipo de inimigo pois durante a sua exploração na Zona seremos forçados a enfrentar diferentes deste, alguns com armas de fogo como humanos e zumbis, já outros atacando com garras e até a mente no caso dos mutantes.

Mesmo com toda essa diversidade de equipamentos, inimigos, anomalias e efeitos para serem gerenciados, tudo aqui vai se desenvolvendo lentamente e não espere um início impactante. Vários desses só estão disponíveis após boas horas de jogo e mesmo sendo possível encontrar alguns bons equipamentos no início você provavelmente não conseguirá dinheiro suficiente para manter seu conjunto funcional. A experiência de jogo acaba sendo impactada por essas inconsistências na economia, pois geralmente nós acabamos em uma situação em que as recompensas e o saque das missões não são o suficiente para manter ou repor o equipamento e também por conta do balanceamento dos inimigos, onde temos esponjas de balas que fornecem poucos recursos e mutantes que também são esponjas e não deixam nenhuma recompensa.

Os jogos originais tinham o sistema ALife da GSC Game World’s como motor de inteligência artificial dos NPCs. O sistema tenta de certa forma criar um ambiente não linear e mais natural dando um ciclo de vida aos NPCs que incluem realização de tarefas, combate, descanso e alimentação, os monstros também recebem necessidade de caça, ataque, descanso e outros. Esta sequência tecnicamente chega com o ALife 2.0 que promete melhorias, mas ao que tudo indica ele não está presente ou não está funcionando na versão atual.

Diferente dos originais, o sistema de inimigos aqui é completamente previsível e não existem encontros aleatórios ou naturais. Infelizmente após dezenas de horas nós só encontramos situações em que os confrontos estão pré-estabelecidos por conta da história, ou os inimigos aparecendo ao nosso redor após andarmos por determinado tempo. Está tão ruim que é comum você explorar locais vazios como uma construção e ao sair você literalmente ver os inimigos aparecendo, às vezes isso acontece até mesmo do seu lado.

Um dos pontos que impressionava nos três primeiros títulos era a ambientação que para época trazia um enorme mundo aberto com bons efeitos de iluminação. Este novo título foi desenvolvido tendo como base a Unreal Engine 5 e como de praxe temos belos gráficos e uma otimização que não existe. S.T.A.L.K.E.R. 2 chega com uma apresentação visual que continua a impressionar, a ambientação está excelente e temos ambientes bem construídos com uma superfície com vastas planícies e diversos efeitos climáticos, os modelos no geral estão bons e nas profundezas das instalações você irá se aventurar por túneis e diversos laboratórios, ambos com baixa iluminação ou em total escuridão.

O título traz os recursos dos hardwares mais atuais e temos ray tracing que acentua os poucos reflexos geralmente presentes em poças ou pequenas faixas de água, mas que ao mesmo tempo influencia diretamente nos efeitos de iluminação e torna ambientes com baixa iluminação em locais realmente escuros ao ponto de ser difícil de se enxergar mesmo com o auxílio da lanterna, o que acaba contribuindo para uma maior imersão. Além de ray tracing, o título traz os recursos de upscaling como FSR, DLSS e inclui o frame generator agindo como uma muleta para a otimização, contudo mesmo com esses e independente do seu hardware a otimização aqui não existe e é comum encontrar quadros instáveis e quedas bruscas principalmente em alguns locais.

Quem jogou os originais sabe que a desenvolvedora costuma lançar jogos repletos de problemas e ir os consertando com passar do tempo através de atualizações. Aqui não é diferente e em S.T.A.L.K.E.R. 2 não temos “bugs” e sim “anomalias” em uma quantidade tão grande e em uma frequência que pode impedir jogadores de terminar essa aventura. Durante nossa jogatina nos encontramos todo tipo de bug que você pode imaginar, desde os clássicos NPCs e itens caindo ou subindo ao infinito no cenário, portas que não funcionam e impedem nosso progresso, ficamos presos no cenário, ao conversar com NPCs e até ao interagir com alguns itens, temos até problemas com lutas de chefe, onde o inimigo se teleportar para fora do campo de jogo e o confronto não termina. São centenas de problemas e inconsistências e como esperado a desenvolvedora está trabalhando em correções, enquanto escrevia esta análise o título já tinha recebido patches com mais de 600 correções.

S.T.A.L.K.E.R. 2 Heart of Chornobyl

Enquanto as correções não chegam, a comunidade corrige os problemas e melhora a experiência com as modificações. Os mods que fizeram sucesso nos originais já estão chegando nesta sequência e já temos disponível modificações que melhoram o dano e a penetração das armas tornando os inimigos menos esponja, outras influenciam na economia melhorando os preços, recompensas e os saques, temos modificações nos sistemas de sobrevivência melhorando a relação de estamina e peso do personagem, além de um pacote de mods que corrige o modo furtivo que atualmente está cheio de problemas no jogo base.

Se por um lado as modificações são muito bem vindas, por outro elas atrapalham um pouco a experiência e as impressões, principalmente a dos jogadores novatos na série. Por conta da idade dos originais e da “recente” popularização das redes sociais, grande parte dos jogadores novatos conhece a franquia através dos mods Anomaly e G.A.M.M.A., ambos que adiciona diversos recursos que não estão presentes nos originais e também não estão presentes nesta sequência. Por exemplo, quem jogou com mods provavelmente adicionou a possibilidade de tirar a pele dos mutantes abatidos, recurso este que não está presente no original e nem nesta sequência, o que torna a maior parte dos confrontos contra mutantes um completo desperdício de munição e recursos. Além desses temos outros como os sistemas de modificação e manutenção de equipamentos além de novos itens que não estão presentes aqui e que com certeza farão falta para quem se acostumou.

No final, apesar dos problemas, S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl consegue entregar a experiência que os fãs estavam aguardando. O título é divertido, desafiador e extremamente bugado da mesma forma como foram seus antecessores no lançamento. O preço cobrado é salgado pela experiência atual e a melhor alternativa é jogá-lo através do Xbox Game Pass, por conta do estado atual eu prefiro recomendá-lo somente para os fãs que não veem a hora de voltar para a Zona, do contrário é melhor esperar por atualizações ou por uma promoção.

Confira o gameplay de S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl aqui:

S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl

7

Nota

7.0/10

Positivos

  • Ambientação
  • História
  • Desafiador

Negativos

  • Quantidade absurda de bugs
  • Inconsistências na economia
  • Inimigos esponja

Jeferson Vasconcelos

PC Gamer desde os anos 90, entusiasta de VR que não consegue ficar sem jogar os velhos consoles. Aguardando há anos pelo próximo Lineage
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