Lords of the Fallen – Um bom reboot que tropeça nas próprias ambições | Análise
Saiba como essa nova jornada Souls-like da Hexworks ficou no PlayStation 5 Pro.
Analisado no PlayStation 5 Pro
Em um cenário de jogos cada vez mais saturado por títulos inspirados na fórmula Souls, Lords of the Fallen emerge como uma proposta intrigante. Lançado em 13 de outubro de 2023 para PlayStation 5, Xbox Series X/S, PC e mais recentemente ganhou uma versão Enhanced para o PS5 Pro, este reboot desenvolvido pela Hexworks busca não apenas homenagear seus predecessores espirituais, mas também trazer inovações significativas para o gênero. A questão que paira no ar é: será que Lords of the Fallen consegue se destacar em meio a tantos imitadores ou acaba se perdendo na própria ambição?
O jogo se apresenta como um renascimento completo da franquia, distanciando-se consideravelmente do título original de 2014. Esta nova iteração não apenas atualiza os gráficos e a jogabilidade, mas também reescreve completamente a narrativa, oferecendo aos jogadores uma experiência totalmente renovada. Além do mais, podemos testar o jogo no PlayStation 5 Pro, já que ele é um dos vários títulos PS5 Pro Enhanced. Mas será que vale a pena?
O aspecto mais notável e inovador de Lords of the Fallen é, sem dúvida, seu sistema de mundo duplo. Os jogadores navegam entre Axiom, o reino dos vivos, e Umbral, o domínio dos mortos, utilizando uma lanterna mágica. Esta mecânica não é meramente uma questão estética; ela fundamentalmente altera a forma como os jogadores interagem com o ambiente e enfrentam os desafios.
Em Axiom, os jogadores encontrarão um mundo já bastante hostil, repleto de inimigos formidáveis e ambiente opressivo. No entanto, é em Umbral que o jogo realmente mostra suas garras. Este reino sombrio não apenas apresenta versões mais perigosas dos inimigos de Axiom, mas também introduz criaturas únicas e desafios específicos. A transição entre os mundos ocorre de maneira fluida, permitindo aos jogadores alternar rapidamente para resolver quebra-cabeças ambientais ou encontrar caminhos alternativos.
A implementação desta mecânica no combate é particularmente interessante. Alguns inimigos só podem ser derrotados definitivamente em Umbral, enquanto outros requerem uma estratégia que envolva a mudança constante entre os mundos. Isso adiciona uma camada extra de profundidade estratégica às batalhas, exigindo que os jogadores pensem não apenas em seus ataques e defesas, mas também em qual plano de existência é mais vantajoso para cada situação.
O sistema de combate de Lords of the Fallen ecoa claramente suas influências Souls-like, mas busca refinar a fórmula. As batalhas são deliberadas e punitivas, exigindo precisão e timing dos jogadores. A variedade de armas e estilos de luta é impressionante, permitindo uma gama diversificada de abordagens táticas.
Uma adição bem-vinda é o sistema de “wither”, onde o jogador pode recuperar parte do dano bloqueado ao contra-atacar rapidamente. Isso incentiva um estilo de jogo mais agressivo e dinâmico, reminiscente de Bloodborne, outro título icônico do gênero.
A progressão do personagem segue o modelo familiar de acúmulo de experiência (aqui chamada de “vigor”) para aumentar atributos e melhorar equipamentos. No entanto, a implementação do sistema de classes iniciais merece destaque. Com nove opções distintas, cada uma oferecendo equipamentos e habilidades únicas, o jogo proporciona uma variedade considerável de estilos de jogo desde o início.
Como é característico do gênero, Lords of the Fallen não poupa os jogadores de desafios intensos. No entanto, o jogo por vezes parece cruzar a linha tênue entre desafio justo e frustração excessiva. O primeiro grande chefe do jogo, por exemplo, apresenta um pico de dificuldade que pode surpreender negativamente mesmo jogadores experientes.
O sistema de checkpoints, embora inovador em conceito, também pode gerar frustração. Os “vestígios” (equivalentes às fogueiras de Dark Souls) são relativamente esparsos, e a opção de criar checkpoints temporários, embora interessante, é limitada por um recurso escasso. Isso pode resultar em repetições excessivas de áreas, um aspecto que pode testar a paciência dos jogadores.
Visualmente, Lords of the Fallen apresenta momentos de verdadeira beleza, aproveitando-se do poder da Unreal Engine 5. Os designs de alguns chefes e cenários são particularmente impressionantes, criando uma atmosfera opressiva e imersiva. A transição entre Axiom e Umbral é visualmente impactante, com cada reino tendo sua própria identidade estética distinta.
No entanto, o jogo por vezes cai na armadilha da monotonia visual, com uma paleta de cores excessivamente focada em tons sombrios e uma certa repetição nos designs de inimigos menores. Isso pode levar a uma sensação de fadiga visual durante sessões de jogo mais longas.
A trilha sonora e os efeitos sonoros cumprem seu papel na criação de atmosfera, embora raramente se destaquem como memoráveis por si só. O áudio do combate, em particular, merece elogios por adicionar peso e impacto às batalhas.
Infelizmente, um dos aspectos mais problemáticos de Lords of the Fallen reside em seu desempenho técnico, pelo menos na versão testada para PlayStation 5. Mesmo após bastante tempo de seu lançamento, ainda há vários problemas de desempenho.
Mas temos que ser sinceros que o jogo ficou bem melhor no Playstation 5 Pro. Como falamos no início, jogamos já a versão para o novo console da Sony e o que vimos são bastante melhorias. O combate agora ficou mais fluído e imersivo. Em áreas que haviam muitos problemas graficaente, agora tem uma performnce bem melhor.
Se você estava preocupado com o fps, pode ficar tranquilo, o jogo agora tem um framerate bem mais estável e atinge a casa dos 60 FPS consitentes. Fora isso, foi corrigido o problema de carregamento de texturas, que agora está muito mais rápido e com melhor qualidade. A distância de renderização também foi aumentada, reduzindo assim o pop-in de objetos e principalmente dos inimigos.
Aqui na Gamers & Games preferi jogar no modo Desempenho aprimorado, que roda em uma resolução 4K a 60 FPS (lembrando que com base em 1440p). Mas se você quiser, ainda há um Modo Qualidade que roda a 4K nativo e 30FPS.
Um aspecto que merece menção é o sistema multiplayer de Lords of the Fallen. O jogo oferece a opção de cooperação online ininterrupta, permitindo que os jogadores enfrentem os desafios do jogo junto com amigos. Esta funcionalidade não apenas adiciona uma camada extra de estratégia e diversão, mas também pode ajudar a aliviar alguns dos picos de dificuldade do jogo.
Além disso, o jogo inclui elementos de PvP, permitindo invasões e duelos entre jogadores, uma característica que os fãs do gênero certamente apreciarão.
Lords of the Fallen é, sem dúvida, um jogo ambicioso que traz ideias frescas para o gênero Souls-like. Seu sistema de mundo duplo é genuinamente inovador e adiciona uma profundidade única à exploração e ao combate. O jogo oferece momentos de brilhantismo em seu design de níveis e encontros com chefes, e sua variedade de classes e estilos de jogo proporciona uma boa rejogabilidade.
No entanto, o jogo também sofre com problemas significativos. As questões de desempenho técnico são particularmente preocupantes, afetando diretamente a jogabilidade em momentos críticos. O balanceamento da dificuldade por vezes parece inconsistente, oscilando entre desafiador e frustrante.
Mas temos que ser sinceros que para os donos de um PlayStation 5 Pro, esses problemas foram bem minimizados, fora que graficamente o jogo ficou ainda melhor.
Visualmente, Lords of the Fallen é um jogo de contrastes. Seus melhores momentos são verdadeiramente impressionantes, mas a falta de variedade na paleta de cores e no design de alguns inimigos pode levar a uma certa monotonia visual ao longo do tempo.
Para os entusiastas do gênero Souls-like, Lords of the Fallen oferece uma experiência que, apesar de suas falhas, vale a pena ser explorada. Suas inovações no conceito de mundo duplo e algumas de suas mecânicas de combate trazem frescor a uma fórmula já bem estabelecida. No entanto, para jogadores menos experientes no gênero, pode representar um grande desafio ao embarcar nesta jornada.
Em última análise, Lords of the Fallen é um jogo que demonstra grande potencial, mas que não consegue realizá-lo completamente. É um testemunho tanto das possibilidades quanto dos desafios de se tentar inovar em um gênero tão bem estabelecido e amado por muitos jogadores. Com mais polimento e ajustes, poderia facilmente se tornar um título de destaque no panteão dos Souls-like. Por enquanto, permanece como uma experiência imperfeita, mas intrigante, que certamente encontrará seu público entre os aficionados por desafios sombrios e mundos fantásticos.