Assassin’s Creed: Shadows: Yasuke deixa de ser samurai

Ao longo dos anos, a Ubisoft tem se destacado pela capacidade de transportar jogadores para momentos históricos ricos em detalhes através da sua consagrada franquia Assassin’s Creed. Contudo, nem tudo são flores no universo dos assassinos e templários. Recentemente, a empresa atualizou a descrição do personagem Yasuke, um dos protagonistas de Assassin’s Creed: Shadows, após uma onda de críticas relacionadas à sua contextualização histórica. E essa mudança vai muito além de apenas ajustar um texto.

Na página japonesa do jogo no Steam, Yasuke deixa de ser descrito como um samurai—posição que gerou polêmica quando o título foi revelado no ano passado—e passa a ser identificado como um “guerreiro Ikki Tousen”. Segundo a nova descrição oficial, agora os jogadores poderão “assumir o papel de Naoe, uma assassina habilidosa ninja, e de Yasuke, um guerreiro Ikki Tousen, que viajam pelo belo e perigoso mundo aberto durante a era Sengoku”. A decisão reflete uma tentativa de evitar controvérsias culturais e corrigir o que muitos consideraram um deslize no contexto histórico.

De Samurai a “Ikki Tousen”: o que mudou e por quê?

Para entender a mudança, é importante mergulhar na histórica era Sengoku do Japão. “Samurai” não era apenas uma designação genérica para guerreiros da época, mas um título ligado a códigos de conduta muito específicos, como o Bushido. Muitos especialistas consideram Yasuke, uma figura histórica real, o primeiro samurai estrangeiro do Japão. Porém, há um debate sobre se ele efetivamente recebeu esse título, o que gerou críticas e discussões quando a Ubisoft escolheu rotulá-lo dessa forma.

O termo “Ikki Tousen”, usado agora na descrição do personagem, refere-se a um guerreiro de extremo poder e habilidade, ao ponto de ser considerado equivalente a dezenas de combatentes. É uma expressão carregada de significado nas artes marciais e na cultura japonesa moderna, evitando assim as implicações culturais e históricas do termo “samurai”. A escolha parece estar alinhada a um esforço por maior autenticidade no universo de Assassin’s Creed: Shadows, além de reduzir o impacto da repercussão negativa que atingiu até esferas governamentais e partidos políticos no Japão.

A polêmica e a resposta da Ubisoft

O anúncio de Shadows gerou divisão entre os fãs ao descrever Yasuke como samurai. De um lado, muitos celebravam a inclusão de um personagem icônico na franquia. Por outro lado, críticos e acadêmicos destacaram as incertezas históricas sobre a biografia de Yasuke e questionaram a adequação do título de samurai.

A resposta do público japonês foi especialmente significativa, chegando ao ponto de motivar debates parlamentares e pronunciamentos do governo sobre a representação histórica e cultural. A Ubisoft ajustou histórias para preservar sua base de fãs na Ásia, enfrentando desafios em um mercado crucial para a empresa.

A alteração se tornou oficial no Japão antes mesmo de repercutir no Ocidente. A nova descrição do personagem mantém o tom heroico de Yasuke, enquanto elimina a linha divisória entre polêmica e homenagem mal-executada.

O que esperar de Assassin’s Creed: Shadows?

Além das questões culturais, Assassin’s Creed: Shadows continua gerando expectativa pelos detalhes já divulgados. O título levará os jogadores a um mundo aberto ambientado na era Sengoku, uma das épocas mais caóticas e fascinantes da história japonesa. Durante essa jornada, você controlará dois protagonistas distintos: Naoe, uma ninja letal, e Yasuke, agora um “guerreiro Ikki Tousen”. A Ubisoft promete cenários impressionantes, combates intensos e narrativas que explorarão momentos-chave da história.

Com lançamento programado para 20 de março, Shadows promete ser uma experiência que mantém a essência de Assassin’s Creed, mas busca também navegar com mais cuidado pelas águas da representatividade e fidelidade histórica.