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Lost Records: Tape 1 “Bloom” – Uma boa música, mas sem ritmo | Análise

Don't Nod tenta emplacar um novo Life is Strange, mas faltou o estúdio de Montreal ensaiar mais.

Analisado no PlayStation 5 Pro


Lost Records: Bloom & Rage é a mais nova aposta da Don’t Nod Montréal, estúdio da Don’t Nod, conhecida por seus jogos narrativos cativantes como Life is Strange. Dividido em duas partes, o jogo promete uma jornada de autodescoberta e mistério, alternando entre o verão de 1995 e os acontecimentos de 2022.

O jogo foi anunciado no The Game Awards 2023 e será lançado em duas partes: a Parte 1 em 18 de fevereiro de 2025 e a Parte 2, depois de umm adiamento, chega em 15 de abril de 2025.

Então vamos mergulhar fundo nesse review e descobrir se a primeira parte de Lost Records: Bloom & Rage realmente entrega o que promete. Atenção, tentarei não dar spoilers da história.

Lost Records Bloom & Rage (1)

Uma Promessa de 27 Anos

Em Lost Records: Bloom & Rage – Tape 1 Bloom, você assume o papel de Swann, que se reúne com suas antigas amigas Nora, Autumn e Kat após 27 anos. A narrativa se desenrola em duas linhas do tempo: 1995 e 2022. Em 1995, as amigas vivenciam um verão de descobertas e rebeldia na pitoresca Velvet Cove, Michigan. Em 2022, elas se reencontram para desvendar segredos do passado e entender o motivo de sua separação.

A história é um dos pontos altos do jogo, com uma trama que mistura nostalgia e mistério. A alternância entre os anos 1995 e 2022 é um dos aspectos mais intrigantes do jogo. Em 1995, você explora Velvet Cove, um vilarejo cheio de bosques densos e lagos deslumbrantes.A atmosfera nostálgica é reforçada pela trilha sonora dreampop, que cria um ambiente perfeito para a narrativa.

Em 2022, você investiga o presente em primeira pessoa, enquanto no passado, a perspectiva é em terceira pessoa, proporcionando uma interessante variação na jogabilidade.

Lost Records Bloomm & Rage (2)

A ideia seria a narrativa se beneficiar dessa estrutura de jogabilidade, permitindo que os jogadores experimentassem a evolução dos personagens e os eventos que moldaram suas vidas. Mas aí já temos um problemão, apesar da premissa da história ser boa, a evolução dela se torna muito lenta chegando muitas vezes ao ponto de ficar meio entediante.

Tudo isso porque a história não consegue engrenar em nenhum momento, uma falha que fica muito evidente neste gênero de jogo. Se no passado as coisas até que se desenvolve de uma forma razoavelmente boa, a de 2022 tem problemas sérios em sua dinâmica com os personagens, tornando tudo tão superficial e parado, que acaba por tirar qualquer clima que o jogo pode estar tentando te passar.

A ideia em Lost Records: Bloom & Rage – Tape 1 Bloom Lost Records: Bloom & Rage – Tape 1 Bloom era que a parte do presente criasse um vínculo das amigas com os acontecimentos do passado e que um mistério, que ocasionou o reencontro, desse ao jogo um tom mais pesado. Porém nada disso acontece realmente, até mesmo porque, como disse anteriormente, o ritmo do jogo prejudica qualquer imersão que o jogo tenta propor.

Outro ponto que destoa de outros jogos da produtora é a profundidade das escolhas, que deixa a desejar. Muitas vezes, as opções de diálogo parecem não impactar significativamente a narrativa, o que pode ser frustrante para jogadores que esperam maior imersão e influência sobre a história.

Lost Records Bloomm & Rage (3)

A jogabilidade de Lost Records: Bloom & Rage – Tape 1 Bloom  é centrada na exploração e nas escolhas de diálogos, típicas dos jogos da Don’t Nod. No entanto, há algumas adições interessantes que tentam diferenciar este jogo dos anteriores da desenvolvedora, mas também ainda carregam problemas comuns aos outros jogos do gênero.

Vamos começar pelas coisas boas. Uma dessas adições é a câmera de Swann, que permite gravar momentos do jogo. Embora a ideia seja promissora, a execução pode se tornar repetitiva e sem propósito claro. Ainda assim, a criação de clipes com as cenas capturadas é um toque bacana, especialmente para jogadores que apreciam colecionar memórias visuais.

Lost Records Bloomm & Rage (6)

Falando ainda das gravações, há ainda as coleções, ou seja, desafios onde você grava alguns tipos de imagens, como por exemplo, gravar x vezes pássaros diferentes. Essa é uma das partes bacanas, porque você tem que ficar bem atento ao ambiente para não perder um detalhe, apesar de não ser difícil.

Porém controlar o personagem já é mais complicado. Apesar de o jogo ser totalmente linear, com pequenas áreas abertas para exploração, a movimentação é bem travada, muitas vezes exigindo de nossa paciência para ficarmos nos lugares certos para que as opções apareçam na tela, fora que há um ponto (como se fosse um cursor de mouse), que fica visível na tela para que através dele você meio que “aponte para um objeto ou lugar” para realizar uma ação, o que é muito estranho em cenas que não há essa necessidade.

A exploração de Velvet Cove é um dos aspectos mais envolventes do jogo, apesar de que poderia ser muito mais profundo e com mais variedades de cenários. O vilarejo e a floresta tem alguns objetos para interagir e coleções para descobrir. Não espere nada muito profundo, nem que ele te traga muito mais detalhes do Lore da história, mas acaba fazendo o seu papel no game.

Lost Records Bloomm & Rage (5)

Os gráficos de Lost Records: Bloom & Rage – Tape 1 Bloom seguem o estilo característico de Life is Strange, com uma paleta de cores vibrante e iluminação bem trabalhada. No entanto, problemas com texturas que demoram para carregar prejudicaram e muito a experiência visual.

Uma coisa que me incomodou muito em Lost Records: Bloom & Rage, é que a pesar de seguir a linha dos jogos anteriores do estúdio, o cuidado parece que não foi o mesmo, deixando muito a desejar nos detalhes, seja nos personagens, roupas e até mesmo nos cenários. Espera-se que futuros patches corrijam essas falhas, mas neste momento em que escrevo a análise, esses problemas são notáveis.

Apesar de tudo isso, as cutscenes do jogo são bem-feitas e ajudam a manter um pouco a imersão na história. A qualidade da animação e a direção de arte são pontos positivos que agradarão, principalmente aos fãs da Don’t Nod.

Lost Records Bloomm & Rage (7)

Dublagem: aqui, na minha opinião, é onde o jogo mais peca. Isso mesmo, a dublagem do game não foi bem-feita e nenhum dos personagens consegue passar carisma ou personalidade em momento algum. Muitas vezes é até difícil de distinguir em qual estado emocional aquele personagem está.

Se isso não bastasse, o lip sync (sincronização labial) é muito falha em diversos momentos do jogo, o que acaba irritando aqueles mais detalhistas.

Já em relação a música, pois as meninas formam uma banda durante o verão de 1995, esperei mais da trilha sonora dreampop, mas tenho que ser sincero que até ajuda na caracterização da época.

Lost Records Bloomm & Rage (4)

Lost Records: Bloom & Rage – Tape 1 Bloom é uma experiência mista. A narrativa nostálgica e a ambientação em Velvet Cove são até cativantes, mas a execução deixa a desejar em muitos aspectos. A jogabilidade travada, a dublagem fraca e os problemas gráficos são pontos negativos que não podem ser ignorados. No entanto, para os fãs de jogos narrativos e da Don’t Nod, o jogo ainda oferece momentos de descoberta e reflexão que podem valer a pena.

De toda a forma, para os fãs mais árduos da produtora ou aqueles jogadores que procuram um jogo como porta de entrada para o mundo game, Lost Records: Bloom & Rage pode ser uma boa escolha, mas esteja preparado para várias frustrações ao longo do caminho. No final, o jogo levanta a questão: será que a Don’t Nod precisa inovar mais em seus jogos narrativos ou simplesmente aprimorar suas fórmulas já estabelecidas? O que percebemos é que há um desgaste, até natural, deste gênero.

Esperamos que Lost Records: Bloom & Rage – Tape 2 Rage possa, pelo menos trazer menos problemas técnicos e uma história mais cativante e imersiva e que termine essa história bem melhor do que começou.

Lost Records: Bloom & Rage – Tape 1 Bloom chega 18 de Fevereiro para PC, Xbox e Playstation (chegando day one para assinantes da Plus Extra e Deluxe).

Lost Records: Tape 1 "Bloom"

6

Nota

6.0/10

Positivos

  • Uso da câmera
  • Cutscenes bem feitas
  • exploração de Velvet Cove

Negativos

  • Dublagem
  • Narrativa muito lenta
  • Gráficos com problemas
  • Jogabilidade

Marcelo Rodrigues

Old Gamer, se aventurando no ramo dos video-games deste o Atari. Já foi só do lado "Azul" da Força, mas hoje distribui sua atenção para todas as plataformas. Apesar de jogar todos os estilos, Adventures e Plataformas ainda tem um lugar especial em seu coraçãozinho.
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