
Blue Prince – Um mistério inteligente que prende o jogador em sua mansão viva | Análise
Com uma narrativa não linear e uma jogabilidade viciante e impressionante, o game encanta pela sua proposta única e atmosfera instigante, mas esbarra em uma falta de tradução para português
Analisado no PC
Com lançamento previsto para dia 10 de abril de 2025, desenvolvido pela Dogubomb e publicado pela Raw Fury, Blue Prince é um jogo de mistério e puzzle que o jogador controla Simon, o neto de Herbert Sinclair que, em seu último desejo, pediu, para que o garoto investigue sua mansão e encontre todos os segredos deixados pelo avô.
A mansão, chamada de Mount Holly, é diferente de tudo que o protagonista já viu, sendo enorme e mudando as suas salas de local a cada dia, transformando a visita do neto em uma grande e verdadeira aventura repleta de mistérios e desafios. O avô, como o último pedido à Simon, insiste que o neto deva explorar a mansão dia após dia, até que chegue na sala 46, onde há um grande mistério.
Blue Prince utiliza essa premissa fantástica para criar um jogo extremamente cativante e com uma história incrível que não é trazida para o jogador de forma linear, já que o jogo não possui quase nenhum diálogo. Cabe ao jogador ligar os pontos de interesse que ele encontrar ao decorrer da aventura, assim percebendo as nuances deixadas em cada cômodo, progredindo dia após dia na história do game.
Além disso, o game também aproveita desse looping de gameplay para instigar o jogador a ficar cada vez mais preso dentro do jogo, viciando o player de forma natural e sutil ao decorrer dos dias, sendo um fator extremamente positivo, já que o game tem muito conteúdo para oferecer.
Para prender o jogador, Blue Prince aposta em uma gameplay viciante e relativamente simples. Controlando Simon, devemos explorar toda a mansão e escolher qual ordem as salas vão aparecer ao decorrer dos dias. Optando sempre por três posições, o jogador deve montar sua estratégia para conseguir chegar no misterioso cômodo final e descobrir o segredo de nosso avô.
Para causar ainda mais desafio ao jogador, Simon tem um limite de passos estipulados nos dias, com algumas salas que acrescentam passos e outras que fazem o protagonista perder mais do que o normal. Em salas “comuns”, Simon perde um passo a cada visita, perdendo inclusive quando volta em salas já visitadas. Dessa forma, o player tem mais um problema para pensar durante sua aventura, pois, caso Simon perca todos os seus passos ele fica cansado e o dia em questão acaba, fazendo com que o jogador perca todo seu progresso.
Além disso, o jogo também conta com uma série de puzzles e outros desafios que Simon irá encontrar ao decorrer de sua exploração. Grande parte deles é extremamente funcional e serve para deixar o player preso na aventura, dando ao jogador ótimas recompensas e grandes desafios.
A gameplay de Blue Prince é uma das partes mais importantes do jogo, sendo extremamente bem trabalhada e pouco enjoativa, fazendo com que o player perca horas explorando a fundo a mansão Mount Holly sem sentir que está perdendo seu tempo.
Outro fator primordial em Blue Prince são seus gráficos únicos e extremamente bem polidos, que, através de uma quantidade massiva de cores pastéis, conseguem trazer para o jogador uma sensação de conforto, ao mesmo tempo que colocam uma dúvida sobre os mistérios contidos na mansão de Herbert Sinclair. Esses mistérios são acentuados por conta dos objetos que compõem os cenários que, sutilmente, contam a história da casa e da família de Simon. Alguns cômodos inclusive, possuem objetos que podem passar despercebidos, mas são primordiais para entender toda a história que Blue Prince quer nos contar. Portanto, a direção de arte de Blue Prince é fantástica, e eleva muito a história do jogo, sendo um dos pontos mais bem trabalhados do game.
Outra peça fundamental de Blue Prince é sua trilha sonora. Que, apesar de sútil, cumpre muito bem o seu papel de auxiliar na imersão do jogador, apresentando uma série de músicas calmas e de certa forma relaxantes. Essas trilhas evocam uma sensação de conforto e mistério, e, assim como os gráficos, auxiliam na narrativa e ajudam a contar a história que o game se propõe a apresentar.
O principal ponto negativo de Blue Prince é a ausência de tradução para o português. Isso pode afastar jogadores que não dominam o inglês, já que boa parte da narrativa é contada por meio de cartas e bilhetes que Simon encontra ao longo da jornada. Sem entender esses textos, parte da experiência acaba se perdendo para quem não compreende o idioma, impedindo uma grande parcela dos jogadores de continuar tentando entender a narrativa, pois, parte das cartas utilizadas no jogo tem um inglês complexo e de difícil entendimento.
Em conclusão, Blue Prince é uma aventura de mistério envolvente que chama atenção pela sua proposta única, narrativa não linear e jogabilidade viciante. A cada novo dia na mansão Mount Holly, o jogo consegue manter o interesse do jogador vivo, sempre instigando a curiosidade e a vontade de desvendar todos os seus segredos. Embora a ausência de tradução para o português possa dificultar a experiência para alguns, especialmente por grande parte da história ser transmitida através de textos, esse detalhe não apaga o brilho de um jogo que entrega tanto em atmosfera quanto em conteúdo. Para quem gosta de puzzles inteligentes e narrativas criativas não lineares, Blue Prince é uma experiência inesquecível e impressionante, sendo um dos melhores jogos do gênero.